Quem não souber interpretar acertadamente os principais acontecimentos de 2004 não entenderá bem 2005.
Tendo isso em vista, Catolicismo, numa análise retrospectiva, passa em revista o ano que se encerrou, procurando auxiliar seus leitores quanto ao "ver julgar e agir" sapiencial e eficaz trilogia aconselhada por Santo Tomás de Aquino. Segundo o Doutor Angélico, ao se pretender dar uma interpretação certeira de algo, é necessário percorrer essas três etapas (ver o que ocorreu; julgar razoavelmente o que houve; e, por fim, tomar atitudes consequentes), pois, do contrário, chegar-se-á a conclusões falsas.
Seguindo tal conselho, a matéria de capa desta primeira edição do ano propicia a que os leitores tirem conclusões corretas e formem uma visão objetiva dos acontecimentos, uma vez que analisados a luz da doutrina católica. Sem essa doutrina verdadeira, a visão dos fatos ficará deturpada, fantasiosa e superficial, como, aliás, normalmente órgãos da mídia costumam apresentar os acontecimentos do ano.
Como o leitor terá oportunidade de constatar, o ano que findou caracterizou-se por grandes crises, e, de modo especial, a esquerda foi atingida por elas. Falou-se até que a esquerda se encontra numa "crise de identidade", e ainda ter sido ela "surrada" em 2004.
Ver-se-á também que 2004 foi um ano de "surpresas surpreendentes", imprevistos que deixaram as esquerdas desconcertadas. Estas sofreram muitos tropeços e suas investidas causaram fortes rejeições, pois houve áreas conservadoras que, sentindo-se contundidas, despertaram de sua indolência e de seu torpor.
E, fato inconteste, a surpreendente polarização do mundo: de um lado, investidas esquerdizantes visando empurrar a humanidade para o neopaganismo e o caos; e, de outro lado, reações conservadoras observadas em muitos países, no sentido da restauração de valores morais.
Pode-se afirmar que 2004 foi um ano fracassado para aqueles que propagam, por meio da Revolução Cultural, o neopaganismo? E para os que o combatem, defendendo os valores tradicionais, de que modo qualificar esse ano? Como será o próximo? Dar-se-á, metaforicamente falando, um "direita volver"? Dar-se-á o "xeque-mate" no movimento comuno-progressista? Ou tal movimento investirá ainda mais radicalmente para atingir seus objetivos revolucionários? A humanidade, em face de tais investidas, capitulará ou reagirá vitoriosamente?
"Quem viver vera!" De nossa parte, importa "vigiar e orar". Imploremos a Nosso Senhor Jesus Cristo, por meio de Sua Santíssima Mae, Medianeira entre Deus e os homens, que robusteça a reatividade sadia acima aludida, a fim de se alcançar a restauração da Civilização verdadeiramente católica, ainda que a custa dos sofrimentos preditos em Fatima.
Desejo a todos boa leitura e um Ano Novo cumulado de bênçãos divinas.
Em Jesus e Maria,
Paulo Corrêa de Brito Filho
Diretor
Valdis Grinsteins
A imagem que a imensa maioria das pessoas tem do Canadá está ligada à neve, a um intenso frio e muito gelo. De fato assim é, mas por vezes ocorre que, por permissão de Deus, o clima pode mudar e resolver situações difíceis. O que no Brasil poderia causar uma certa graça, entretanto foi, no caso concreto, uma história muito real que começa em 1867.
Naquele ano, a população da cidade de Cap-de-la-Madeleine era constituída apenas por 1.300 pessoas. Iniciara-se uma renovação na piedade da população. O pároco local, Pe. Désilets, criara uma confraria do Santo Rosário, na qual rapidamente inscreveram-se muitas pessoas, não só da cidade, mas também dos arredores, num total de 3.000 almas.
O crescimento numérico de católicos praticantes representou, para o zeloso sacerdote, um problema: era preciso construir uma igreja maior. A pequenina igreja edificada em 1714 não comportava mais o número crescente de fiéis. Mas, como fazê-lo? As pessoas da localidade não eram ricas, e, além do mais, o terreno era muito arenoso, havendo pouca pedra. Afinal, uma decisão foi tomada: construir-se-ia a nova igreja no início de 1879. Para isso, era preciso trasladar as pedras que se podiam obter do outro lado do rio. Transportá-las por barco seria muito custoso, e decidiu-se então que o transporte seria efetuado no inverno, quando o rio ficasse congelado.
Entretanto, justamente naquele ano o inverno fora muito menos rigoroso, e o rio não congelara. Chegou o Natal, passou o Ano Novo, terminou janeiro... e nada. Poder-se-ia ainda esperar, porque fevereiro também era um mês muito frio. Mas nada de congelamento. Considerando a possibilidade de passar mais um ano numa igreja apertada e sem condições para receber todos os fiéis, os católicos começaram a rezar o Rosário na intenção de que o rio se congelasse. Iniciou-se o mês de março, e ainda nada. Se no inverno o rio não se congelara — pensariam os céticos –– dificilmente congelar-se-ia em março, início da primavera. Mas os católicos não desistiram. Afinal, Nossa Senhora é Rainha, e pode perfeitamente solucionar esses problemas.
Em meados de março, o Padre Désilets encontrava-se realmente preocupado. Não pela piedade do povo, que se mantinha firme rezando o Rosário