Nossa Senhora chora por causa dos pecados dos homens, ou seja, das ofensas que se fazem a Deus. Mas há muitas coisas que, não sendo diretamente pecados, entretanto criam condições para que Deus seja ofendido.
É próprio da Civilização Cristã facilitar uma vida de virtude e de prática dos Mandamentos da Lei de Deus. Como é próprio do neopaganismo moderno criar ocasiões para que as pessoas pequem.
Assim sendo, tudo o que contribui para o abandono das práticas da Civilização Cristã, em favor do neopaganismo, é de molde a provocar as lágrimas e a indignação da Virgem. É o pudor substituído por um modo desabusado de ser; é a compostura nos modos e nos trajes, substituída pela libertinagem; é a boa educação, fruto da caridade, substituída por um trato frio e brutalizado. E assim por diante. Vejamos alguns exemplos concretos.
Na tradicional Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, em São Paulo, da USP, desde 1903 os rapazes que nela estudam se apresentam de paletó e gravata. Agora a nova direção do Centro Acadêmico está a cargo de um grupo que se denomina Escória, que pretende operar, a partir deste mês, mudanças radicais. Entre elas, nos trajes dos alunos, que passarão a ser bermuda e camiseta (“Folha de S. Paulo”, 11-11-04). Caso tal se concretize, será mais um degrau de decadência naquele tradicional e conceituado estabelecimento de ensino superior.
A Câmara Federal está analisando um Projeto de Lei Complementar, do deputado petista Nazareno Fonteles, que estabelece um limite máximo de consumo para as pessoas e a criação de uma chamada Poupança Fraterna. O projeto estabelece que, durante sete anos, haverá um limite máximo de consumo mensal que cada pessoa poderá utilizar para seu sustento e de seus dependentes residentes no País, cerca de R$ 713 ao mês. Quem tenha rendimentos superiores a esse limite terá que obrigatoriamente depositá-los numa conta chamada Poupança Fraterna. É um empréstimo compulsório ao governo. Somente após esse prazo os recursos aplicados irão sendo devolvidos aos poupadores ou seus herdeiros, em prestações mensais, durante 14 anos. Apenas casos excepcionais justificarão uma retirada antecipada. O autor diz basear-se na trilogia da Revolução Francesa –– liberdade, igualdade e fraternidade (Agência Câmara, 15-4-04). Por mais louco que tal projeto possa parecer, ele corresponde aos sonhos utópicos de certa esquerda, que odeia as desigualdades harmônicas e proporcionais, criadas por Deus. Se não estivermos alertas, de repente uma monstruosidade dessas é aprovada.
Esta carta de um leitor do diário “O Globo” (RJ), de 26-11-04, fala por si: “Às vezes tenho a impressão de que os poderes públicos fazem o possível para tornar cada vez mais indefeso o cidadão que paga impostos e é a maior vítima da violência. Com a idéia de multar quem usa película escura no vidro do automóvel e a pesada multa para quem avança sinais em locais desertos e sem segurança, ponto para os assaltantes que agem livremente. Detalhe: o assaltante usa arma de fogo, mas o cidadão não pode portar arma para se defender” (Carlos Augusto Lima de Almeida, Rio).
Temos a honra e o prazer de apresentar a nossos leitores a palavra abalizada da maior autoridade eclesiástica dos ucranianos em nossa Pátria.
Nascido em 1928 em Ivaí (PR), D. Efraim Krevey ingressou na Ordem dos Basilianos, tendo sido coadjutor da Paróquia de São Josafat em Prudentópolis (PR); vice-reitor e professor no seminário São José da mesma cidade; Reitor do mencionado seminário; superior e professor no Studium OSBM, em Curitiba; Provincial da Província São José da Ordem dos Basilianos.
Em 1971 foi nomeado Bispo-coadjutor, com direito à sucessão, de D. José Martenetz, para os católicos ucranianos do Brasil. Em 1978 assumiu o cargo de Eparca, em substituição a D. Martenetz.
D. Efraim Krevey concedeu a entrevista em sua residência de Curitiba a nossos enviados especiais, Dr. Pedro Luiz Bezerra de Barros e Sr. Hélio Brambilla
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Catolicismo –– V. Exa. poderia informar aos nossos leitores como se formou a Igreja Católica de rito bizantino na Ucrânia?
D. Efraim –– Primeiramente, agradeço muito por me darem esta oportunidade de falar algo sobre a Igreja Oriental Bizantino-Católica em terras da Ucrânia. O cristianismo foi oficializado na Ucrânia no ano de 988, durante o principado de São Vladimir, o Grande. Ele levou esse rito da Grécia, antiga Bizâncio, e por isso continua até os dias de hoje sendo chamado rito bizantino-ucraino-católico.
Esse rito cresceu muito nas terras da Ucrânia a partir de Kiev, capital do país. E de Kiev ele disseminou-se e foi oficializado até 1054 em toda a Ucrânia, em toda a Bielorússia, em toda a Bulgária e em todo o território russo, tanto europeu quanto asiático.
Nesse ano ocorreu o cisma, o rompimento da Igreja Oriental –– com sua sede em Bizâncio ou Constantinopla, hoje Istambul –– com a Igreja Católica. Até 1054 não havia diferença, todos eram católicos com dois ritos: o oriental e o latino. Esse cisma difundiu-se para a Ucrânia e toda a Rússia, formando-se então a chamada igreja ortodoxa russa, isto é, cismática, pois não aceita o primado do Santo Padre e normas disciplinares de Roma.
A Igreja Católica da Ucrânia [fiel a Roma], no decorrer desses mil e poucos anos, expandiu-se muito, mas sempre sofreu perseguições por parte da Rússia pré-comunista. Depois de 1918, pelo comunismo, quando o poder na Rússia passou a ser exercido por Lênin, e posteriormente por Stalin em 1929, segundo a ideologia materialista e marxista, sem Deus e sem espiritualidade, que professavam.
Catolicismo –– Como se deu o martírio da Igreja Católica de rito bizantino por Stalin e seus sucessores?
D. Efraim –– A perseguição contra a Igreja Católica tornou-se muito forte, rígida e sangrenta a partir de 1939. Em 1940–41, e mais ainda em 1946, a per-
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