pais alcançaram proporções espantosas. Em São Paulo, um quinto dos eleitores foi visitado em sua residência por propagandistas pagos pelo PT. E o presidente Lula foi multado em R$ 50 mil por fazer propaganda indevida em favor da candidata petista à reeleição do município de São Paulo.(52)
Assim, pouco antes das eleições, a determinação do PT para instalar um sistema à cubana era notória.
Apesar de todo esse empenho petista, o Brasil calmo e pacato não se deixou levar pela propaganda do partido nas eleições municipais, propiciando uma inesperada surra aos seus candidatos.
O PT perdeu as prefeituras de grande representatividade política e simbólica, como São Paulo, Porto Alegre e Curitiba; no Rio Grande do Sul, Pelotas e Caxias do Sul; São Bernardo e Santo André na periferia paulista; Ribeirão Preto e Campinas. “O Brasil que sai das urnas é melhor que a ficção cosmetizada pela máquina de enganação das massas. O bom senso inspirou a decisão”.(53)
Apenas um quinto dos candidatos petistas foi eleito; a meta de ganhar mil prefeituras foi frustrada, devendo o partido contentar-se com apenas 7,5% dos municípios; a rejeição da classe média irradiou-se pelo eleitorado das periferias urbanas. O resultado foi decepcionante para o PT em sete Estados do Norte e do Nordeste. Até o município de Guaribas — ponto de partida do Fome Zero — recusou o candidato petista. Genoíno, presidente do partido, reconheceu: “Há resistências, porque somos um partido de esquerda”.(54)
O fiasco desencadeou pugna interna no PT. Foram defenestrados ministros e altos funcionários, especialmente da área social. O governo tentou distanciar-se da esquerda católica. Mas qual é a autenticidade desse afastamento se Frei Betto, um dos sacrificados, afirma com farto conhecimento que “Lula é fruto do movimento popular. Sem as CEBs, o MST, a CUT, a Central dos Movimentos Populares e outros movimentos não haveria o Lula presidente”.(55)
Enquanto bispos e sacerdotes da esquerda católica impulsionavam as revoluções agrária, indigenista e urbana, progredia a descatolicização do País. As primeiras universidades budista, umbandista e islâmica abriram as suas portas em São Paulo. No Rio, iniciou-se a construção, com patrocínio oficial, do primeiro santuário ecológico-panteísta ecumênico.
Em Brasília, o Conselho Nacional Antidrogas aprovou o consumo do alucinógeno ayahuasca, usado em cultos indígeno-esotéricos. O Congresso Nacional celebrou ainda sessão solene em louvor do fundador do espiritismo. Nela, o deputado petista Luiz Bassuma passou a falar e a agir no pódio como possuído por um espírito.(56)
No transcurso de 2004, ocorreu no País uma reatividade nos meios conservadores, sobretudo em questões morais. Assim, por exemplo, o divórcio da prefeita de S. Paulo, seguido de nova união, representou um fator importante para sua derrota eleitoral.(57) Pesou negativamente também seu apoio às questões homossexuais.
Mal ou nada representados na mídia, ausentes da política, largos setores do Brasil não participavam da ciranda esquerdizante. Trabalhavam e produziam, salvando a nação da degringolada econômica. Na dianteira, o agronegócio, que até novembro proporcionou ao País 36,037 bilhões de dólares em exportações; gerou centenas de milhares de novos empregos, impulsionou a indústria associada e a prosperidade das cidades ligadas à lavoura.
A infra-estrutura nacional está quase abandonada. Mas em Mato Grosso, 42 consórcios de produtores rurais começaram a construir 3,2 mil quilômetros de rodovias. Agricultores americanos vieram ao Brasil para aprender o pulo do gato. Segundo o Departamento de Agricultura dos EUA, o Brasil virou uma superpotência agrícola que deve ser tratada como país rico.
Eis no Brasil o grande contraste de tendências que marcaram 2004: a dos grupos que rumaram para o caos comunistizante; e a de enormes setores que aspiram por ordem, trabalho, dignidade, moral, família, propriedade.
Nas eleições municipais, estes últimos deram uma soberana lição aos primeiros. Mas terão estes aprendido? Ou tentarão uma loucura como o já anunciado “2005 vermelho”? Acompanhemos com toda atenção o ano que começa.
Bombas, massacres terroristas, seqüestros seguidos de decapitação, espalhafatosas
ameaças islâmicas, controles policiais reforçados –– foram tenebrosa constante do cenário internacional. O público sofreu o impacto psicológico de cada atentado retransmitido pela grande mídia. Por essa via, o terror atingiu o seu alvo último. “Para os guerreiros psicológicos, é uma tática com vitória garantida”, advertiu a seus colegas ávidos de sensacionalismo o veterano jornalista William Safire.(58)
O terrorismo visou criar na opinião mundial a reação que uma criança sobrevivente da chacina de Beslan (Ossétia do Norte, Rússia) descreveu ingenuamente: “Fiquei bem quieto, silencioso como um rato”.(59) Mas ficar paralisado, no caso, equivale a estender o pescoço aos carrascos do terror.
O problema se pôs agudamente para a opinião pública americana, visada primordialmente pelo fanatismo muçulmano: resistir ou se aparvalhar?
Página seguinte