P.32-33 | CRISE MORAL E RELIGIOSA |

Um mar de lama invadiu o mundo inteiro, mas encontrou oposições inesperadas

Na França, o governo aprovou o “aborto em casa”. Em Barcelona, começou a distribuição gratuita da “pílula do dia seguinte” sem receita médica. O Irã legalizou o aborto.

Contra a avalanche da imoralidade, em 2004 levantaram-se notáveis reações. Os EUA reconheceram a existência jurídica do feto e baniram o tenebroso “aborto por parto parcial”. Holanda e Portugal proibiram o “barco da morte” holandês, que pratica abortos em águas internacionais. O sinistro navio voltou sua proa para a Argentina, talvez visando interferir no debate sobre o aborto no Brasil, já anunciado para 2005.

A França, presidida por Jacques Chirac começou a discutir a eutanásia, enquanto a Holanda já pensa aplicá-la aos bebês. A Grã-Bretanha deu permissão aos que quiserem suicidar-se legalmente na Suíça, e foi obrigada pela Corte Europeia a aceitar o “casamento” entre transexuais. O Chile aprovou o divórcio.

Na Espanha, 1.200 homossexuais pediram para serem apagadas suas atas de batismo na Igreja. A província católica canadense de Quebec e a Suíça liberaram o chamado “casamento” homossexual. Nos EUA, o Estado de Massachusetts aprovou tal “casamento”. A prefeitura de São Francisco efetuou com espalhafato milhares dessas uniões antinaturais. A Suprema Corte da Califórnia, contudo, invalidou todos esses atos. Também na França o primeiro “casamento” homossexual foi invalidado pela Justiça e o prefeito responsável foi punido pelo eleitorado, perdendo na eleição seguinte.

A Onusida calculou que 40 milhões de pessoas no mundo tinham AIDS. A doença expandiu-se explosivamente na China e na Índia. A Rússia pode perder mais de 25 milhões de habitantes até 2020, devido ao controle da natalidade e à difusão do HIV. Em sentido contrário, a Uganda colheu brilhante sucesso no combate à AIDS, mediante a promoção da castidade pré-matrimonial, ao invés da divulgação de preservativos.

Degringolada do mito do mundo moderno

Em 2004 a confiança na modernidade esfarelou-se. Segundo o Gallup Internacional, 48% dos homens preveem um futuro menos seguro, contra 25% de otimistas. O mundo todo considera corrupta a classe política; 87% dos latino-americanos são dessa opinião.

No ano cresceu até a pirataria no alto mar: 20% a mais que em 2003. O canibal de Rotemburgo foi condenado apenas a oito anos de prisão, mas sua mórbida façanha virou sucesso rock. A moda do megahair, com cabelos de prisioneiras russas, foi adotada por modelos. Os campos de extermínio da ex-União Soviética tornar-se-ão pontos turísticos. O Museu de Ciência de Londres anunciou planos de expor um cadáver em decomposição. Mais de 100 homens desceram às ruas de Manhattan de saia, pedindo o “fim da tirania das calças”. As sandálias havaianas fizeram sensação nos ambientes do jet-set. Uma danceteria de Barcelona inaugurou a implantação de chip na pele dos clientes VIP, como o usado para identificar o gado.

Cabala e superstições difundiram-se enormemente. Na catedral de Santiago do Chile, um sacerdote foi assassinado por satanista, após celebrar a Missa. A Marinha inglesa permitiu o culto satânico nos seus navios de guerra. Na Itália, surgiu um mercado satanista de hóstias consagradas, onde se paga mais pelas espécies obtidas em missas na proximidade do Vaticano. A cidadezinha de Caronia, na Sicília, foi evacuada devido a sintomas de possessão diabólica coletiva que a acometeram em série.

Crise do ecumenismo e perseguições anticatólicas

A chamada igreja anglicana ordenou mulheres e sagrou um bispo homossexual. Com isso ficou ela no “limite da implosão”.(70) Na Europa, protestantes prosseguiram a prática de leiloar ou alugar os seus templos para bancos, supermercados, museus e residências.

O patriarcado cismático de Moscou descarregou virulentos ataques contra a Igreja Católica, apesar de gestos ecumênicos por parte da Santa Sé, como a entrega do ícone da padroeira da Rússia.(71) Bartolomeu I, chefe do microscópico patriarcado de Constantinopla, na Turquia, aderiu às críticas anticatólicas russas,(72) viajou a Cuba, onde defendeu posições castristas;(73) e no fim do ano, foi ele presenteado pela Santa Sé com as relíquias de São João Crisóstomo e São Gregório Nazianzeno, Arcebispos de Constantinopla.(74)

A mídia vinculada à Santa Sé e à Conferência Episcopal Italiana “pôs na sombra o terrorismo islâmico e fez um desanimador silêncio sobre a fé dos assassinados”.(75)

A sanha anticatólica não foi sanguinária apenas no mundo islâmico e na China. A Índia e o Sri-Lanka anunciaram leis anticonversão. O budismo perseguiu os católicos no Oriente, e o protestantismo fez o mesmo na Escócia.

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