Santiago Laia
Há certas palavras que se vão transformando ao longo das gerações; às vezes elas significam determinada coisa, embora sua musicalidade lhe confira um simbolismo um pouco diverso.
É o que ocorre, por exemplo, com a palavra “ideal” e, por extensão, “idealismo”. Mesmo as gerações de nossos dias percebem que a palavra “ideal” reveste-se de certa ressonância, de certa luminosidade sonora, que lhe dá um significado especial.
“O modo próprio de dizer ‘ideal’ quase obriga a cantar. É uma palavra que, de alguma maneira, força o menor dos poetas a exclamar como num cântico: ‘Oh Ideal!’”1
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Está surgindo um tipo novo de jovem.
“Não é o jovem revoltado, inconformado, preguiçoso. O novo tipo de jovem não tem medo de se afirmar, não é indiferente e não vive exclusivamente para o trabalho e a carreira” [...]. É o jovem idealista, enérgico, realizador, corajoso, abnegado”.2
Ele gosta de pensar, gosta de analisar os acontecimentos e os fatos para formar sua opinião, tantas vezes contrária ao politicamente correto.
Ele busca sua fonte de inspiração em algo para o qual valha a pena viver, como é a doutrina autêntica da Igreja Católica, que pode ser o sol que ilumina seus caminhos.
É, sobretudo, o jovem que não se incomoda de sair às ruas para defender uma causa e receber muitas vezes a incompreensão, a gargalhada ou o ultraje dos malévolos e imbecis, cujo número é considerável. Tais debiques ele os enfrenta com superioridade destituída de arrogância, mas não os revida. Não entra no campo baixo das injúrias pessoais. Mas se chegar a receber uma agressão física, então responde com a altaneria e a eficácia de quem sabe defender sua honra e está preparado para isso.
É o jovem que se tem oposto por esta forma a uma imagem antiquada e errada do que significa ser “bom jovem” no Brasil. “Esta imagem falsa do jovem é o funeral da própria bondade. Se, para ser bom, um jovem tivesse de ser um subjovem; se tivesse de renunciar a tudo aquilo que forma o brilho da juventude; se não tivesse de ser combativo; se não tivesse de ser intransigente em favor do bem e da verdade; não devesse ser verdadeiramente um cruzado; se não tivesse a coragem de falar alto e bom som; se não tivesse de discutir; não soubesse argumentar; se não soubesse proclamar o porquê de ser puro de costumes — se um jovem, para ser bom, não devesse ser assim, mas devesse ser um subjovem, seria o caso de dizer que a bondade não é bondade”.3
Este jovem, que se ufana de ser católico, ele também se proclama puro e combativo. “Compreende que a impureza é uma vergonha, e que a pureza por amor de Deus é uma glória.”4
Compreende que o jovem ter um ideal e lutar por ele, renuncia legitimamente a fazer uma carreira sem desprezar os que assim agem.
E ele sabe dizer claramente as verdades para cada um; apoia os que têm reta intenção, mas é altaneiro e mais forte contra os mal-intencionados. Coloca-se no âmago da luta e enfrenta com destemor, contudo, sem prepotência, os que o desafiam.
Ele divide o ambiente em que está. É como um farol em meio da tempestade, contra o qual as águas da opinião pública se dividem em dois caudais. Tal jovem separa os bons dos maus, o belo do feio e a verdade do erro, seguindo Nosso Senhor Jesus Cristo, que veio para ser “um sinal de contradição” (Lc 2,34).
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