| ESPLENDORES DA CRISTANDADE |

Reminiscências à espera de um ressurgimento

Gabriel J. Wilson

O castelo de Montemor o Velho – com suas muralhas a coroar o monte, tendo a seus pés a vila, próxima do rio Mondego, na planície final que o conduz ao mar – constitui um exemplo entre tantos da vocação guerreira que marcou Portugal desde os primórdios de sua existência como nação cristã.

Situado no distrito de Coimbra, no centro de Portugal, o rio Mondego passou a constituir a divisa natural que separava os territórios cristãos das terras ocupadas pelos mouros após a decadência da província romana da Lusitânia.

No século VIII os muçulmanos do Norte da África invadiram a Península Ibérica. Um chefe mouro teria construído uma fortificação e uma mesquita no lugar onde se encontra o castelo de Montemor o Velho. Após a reconquista de Coimbra ao rei de Castela no século XI, Afonso VI reconstruiu a fortaleza e fez erigir a igreja de Santa Maria da Alcáçova, ali abrigada até nossos dias, objeto embora de várias restaurações.

Portugal ainda não existia como reino. Os beneditinos da Abadia de Cluny, na Borgonha, exerceram a sua influência junto aos monarcas cristãos da Pe-nínsula Ibérica, a fim de auxiliá-los na luta contra os mouros. Foi assim que o conde Henrique de Borgonha, do ramo capetíngio, veio ao reino de Leão para servir Afonso VI na luta contra os maometanos. O rei de Castela e Leão deu-lhe em casamento uma de suas filhas, Teresa, e como dote o território que constituía o Condado Portucalense. Seu filho Dom Afonso Henriques proclamou a

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