do inimigo. No dia 7 de outubro de 1571 travou-se a célebre Batalha de Lepanto no golfo do mesmo nome. Dom João d’Áustria mandou hastear o estandarte oferecido pelo Papa e bradou: “Aqui venceremos ou morremos”, e deu início à batalha contra os seguidores de Maomé.
Os primeiros embates marítimos foram favoráveis aos muçulmanos que, formados em meia-lua, desfecharam violenta carga. Os católicos, com o terço ao pescoço, prontos a dar a vida por Deus e tirar a dos infiéis, responderam aos ataques com o maior vigor possível. Por fim, através de um surpreendente e milagroso auxílio da Santíssima Virgem aos cristãos, a esquadra maometana bateu em retirada. Os infiéis perderam 224 navios (130 capturados e mais de 90 afundados ou incendiados), quase 9.000 maometanos foram capturados, tendo morrido 25.000, enquanto as perdas católicas foram bem menores: 8.000 homens e apenas 17 galeras perdidas.
Com essa memorável vitória católica em Lepanto a Europa ficou livre da dominação islâmica naqueles idos. (Cfr. William Thomas Walsh, Felipe II, Espasa-Calpe, Madrid, 1951, p. 575).
E em nossos dias? Os europeus assistirão de braços cruzados à nova tentativa de domínio do glorioso Velho Mundo? Permitirão que o perigo maometano se agigante em tais proporções a ponto de não adiantar mais resistir?
No ano passado, após um dos atentados do terrorismo islâmico em Paris, Aboubakar Shekau, líder do grupo muçulmano Boko Haram, declarou: “Estamos muito felizes com o que aconteceu no centro da França. Ó, franceses, vocês que seguem a religião da democracia, entre vocês e nós a inimizade é eterna.”
Um ano antes dessa patética declaração, Dom Amel Nona, Arcebispo de Mosul — terceira maior cidade do Iraque —, após relatar as atrocidades praticadas pelos maometanos em sua região, como abuso de meninas, incêndios de igrejas e casas, escravidão de mulheres que viram seus maridos serem degolados etc., afirmou: “Nossos sofrimentos de hoje constituem o prelúdio daqueles que vós, europeus e cristãos ocidentais, experimentareis num futuro próximo”.
Quantas cabeças ainda precisarão rolar na Europa para que as autoridades tomem providências sérias e eficazes e não fiquem mais repetindo o mantra “politicamente correto” de que o “islamismo é uma religião de paz”? Ou ainda o disparate proferido pelo primeiro-ministro francês Manuel Valls? Este, em 15 de julho último, declarou: “Entramos em uma nova era. E a França terá que conviver com o terrorismo”. Isso dito no dia seguinte ao terrível atentado terrorista islâmico em Nice, que atropelou centenas de pessoas e matou quase 100 — entre os mortos uma brasileira, Elizabeth Cristina de Assis Ribeiro e sua filha, Kayla, de apenas seis anos!
Declarações desse gênero tendem a enfraquecer a urgente necessidade de resistência ao crescente perigo de domínio maometano no continente europeu. E para se opor a tal domínio, além da oração, vale lembrar o exemplo dos cruzados.
* * *
Em oposição ao perigo islâmico, no dia 30 de julho a associação francesa Avenir de la Culture* lançou um comunicado com uma carta dirigida a Dom Georges Pontier, Presidente da Conferência dos Bispos da França. Trata-se de uma súplica em defesa da identidade cristã daquele país, tendo em vista a grave ameaça que o islamismo representa especialmente para a nação “filha primogênita da Igreja católica”.
A seguir, a transcrição integral da muito oportuna carta acima mencionada.
Súplica a Dom Georges Pontier,
Presidente da Conferência dos Bispos da França
Excelência,
Na terça-feira, 26 de julho, a Igreja teve seu primeiro mártir em solo francês no século XXI: o Padre Jacques Hamel, de 86 anos, selvagemente degolado por islamitas enquanto celebrava a Missa na periferia de Rouen.
Este acontecimento dramático, cujo caráter histórico não pode ser negado, suscitou viva emoção em todo o país e no Exterior. O que ontem estava reservado aos nossos irmãos cristãos do Iraque, do Paquistão ou da Nigéria, entrou bruscamente no nosso cotidiano.
A legítima cólera dos franceses em relação às mais altas autoridades do Estado transpôs um novo marco. É provável que a História julgue com severidade aqueles que, por sua ingenuidade culposa e seu laxismo, entregaram a França à barbárie dos esbirros do Estado Islâmico.
Em agosto de 2014, o Arcebispo de Mossul, no Iraque, Dom Amel Nona, dava o sinal de alarme em uma entrevista concedida ao “Corriere della Sera”: “Nossos sofrimentos de hoje constituem o prelúdio daqueles que vós, europeus e cristãos ocidentais, experimentareis num futuro próximo. [...] Vós acolheis em vossos países um número cada vez maior de muçulmanos. [...] Se não o compreenderdes a tempo, tornar-vos-eis vítimas do inimigo que acolhestes em vossa casa.”
É com profundo pesar que me sinto na obrigação de lembrar que, infelizmente, as autoridades civis não são as únicas responsáveis pelas últimas consequências de sua cegueira.
Longe de levar em conta esse apelo do Arcebispo de Mossul e de outros similares, grande parte da hierarquia eclesiástica preferiu, em resposta à guerra que nos é declarada, obstinar-se em promover valores profanos e comportamentos irenistas cuja impotência se tornou evidente para todos, salvo, ao que parece, para V. Exa. e para a maioria de seus confrades no episcopado.
Enquanto um de seus padres, após 58 anos de sacerdócio, acabava de ser martirizado, Dom Dominique Lebrun, Arcebispo de Rouen, ousou qualificar de “vítimas” os assassinos (!), em um comunicado publicado no site de sua diocese. Dom Delannoy, Bispo de Saint-Denis, inquietou-se, não pela segurança de seus fiéis, mas pela perenidade do diálogo islamo-cristão! Vossa Excelência mesmo declarou que “somente a fraternidade [...] é a via que conduz à paz durável”, um exclusivismo que passa sob silêncio que “a legítima defesa pode ser não somente um direito, mas até um grave dever para aquele que é responsável pela vida de outrem”, uma vez que “defender o bem comum implica colocar o agressor injusto na impossibilidade de fazer mal.” (Catecismo da Igreja Católica, nº 2265).
Após os primeiros atentados islamitas na França, não se viu na maioria das declarações episcopais qualquer apelo no sentido de preservar a nossa identidade cristã e de resistir à ofensiva daqueles cuja “religião” mata os corpos e as almas em nosso solo. Este preconceito irenista feriu profundamente o rebanho entregue