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ao seu cuidado, tanto mais quanto ele se inscreve numa “pastoral do diálogo” que o episcopado francês conduz há vários anos numa via sem contramão nem resultado: - publicação por um serviço da Conferência Episcopal da brochura “Deve-se temer o Islã?”, na qual se faz uma defesa do mesmo;

- convite feito por Dom Dubost para a recitação do Corão na sua catedral de Évry;

- formação de imãs pelo Instituto Católico de Paris;

- disponibilização de edifícios pertencentes à Igreja para o culto muçulmano;

- reiteração de mensagens de saudação por ocasião do ramadã;

- apoio do cardeal Barbarin ao Instituto Islâmico de Lyon, financiado pela Arábia Saudita.

Excelência, a lista das concessões estéreis que abrem a porta à islamização da França é tão longa, que se torna impossível enumerá-las aqui.

Vossa Excelência e seus confrades obstinam-se em imaginar um Islã idílico, nos moldes do Cristianismo, justificando seus “gestos de boa vontade” no desejo ilusório de promover um Islã pacífico e compatível com o Evangelho, sem levar em conta a agressividade da mensagem corânica nem o fato de que o Corão, pelo seu caráter supostamente divino, não é susceptível de interpretações.

Vossa Excelência não recebeu a missão de procurar debalde reformar o Islã, mas de ir e constituir “discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Padre, do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28, 19). Deixar, por suas atitudes, os muçulmanos crerem que sua religião é tão boa quanto aquela fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo — a Igreja Católica se define como a única Igreja do único Deus verdadeiro — e continuarem a ignorar a Boa Nova, contradiz a Misericórdia, cujo ano jubilar o Santo Padre acaba de decretar, e põe em perigo o próprio futuro da Filha primogênita da Igreja.

Seja-nos permitido instar aqui Vossa Excelência a abrir finalmente os olhos: o Islã é a primeira causa de perseguição dos cristãos no mundo. Desejar a paz para o nosso país sem antes a construir pela libertação pelo batismo daqueles que jazem sob o jugo dessa falsa religião é um erro dramático do qual as gerações futuras sofrerão as consequências.

Excelência, pelo amor de Deus, da Santa Igreja, da França e dos fiéis de quem é pastor, nós lhe suplicamos e aos seus confrades suspender toda iniciativa que, sob o pretexto de favorecer o diálogo inter-religioso, entretém a ideia de que as religiões se equivalem. É mais do que tempo de promover a identidade cristã da França e de varrer a utopia de que seu futuro seria forçosamente multicultural.

Na certeza de que Vossa Excelência acolherá com benevolência este urgente pedido dos simpatizantes de Avenir de la Culture, peço a sua bênção e apresento-lhe minhas respeitosas saudações.

Igreja na qual o Pe. Jacques Hamel foi assassinado.

* Fonte: “Avenir de la Culture”, 30-7-16. Matéria traduzida do original francês por Hélio Dias Viana. http://www.avenirdelaculture.fr/index.php?q=article/un-martyre-qui-brise-le-coeur-mais-ouvre-les-yeux
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São Mateus, Apóstolo e Evangelista

Plinio Maria Solimeo

Coletor de impostos, rico, deixou sua banca para seguir Nosso Senhor, cuja vida foi o primeiro a escrever.

Mateus, “filho de Alfeu”, como diz São Marcos (2, 14), chamava-se também Levi, pelo costume que tinham os hebreus de muitas vezes ter um segundo nome, como Saulo e Paulo. Depois do encontro com Nosso Senhor, passará a ser conhecido somente pelo primeiro nome, que significa “dom de Deus”.

Embora Eusébio, o “Pai da História da Igreja” (entre 260-341), diga que Mateus era sírio,1 de acordo com a tradição ele era galileu, e mesmo, segundo alguns, de Caná da Galileia, onde Cristo Jesus operou seu primeiro milagre, transformando a água em vinho.2 Como nenhum dos três evangelistas que narram a vocação de São Mateus fazem qualquer alusão a que ele tenha deixado a família, pode-se supor que era solteiro quando encontrou Nosso Senhor.

Chefe dos “publicanos”

Mateus era um dos coletores de impostos para os romanos. Vivia em Cafarnaum, importante centro de tráfico às margens do lago de Genesaré. Por ali passavam as caravanas provenientes de Damasco e das cidades da Mesopotâmia com destino à Palestina, ao Egito e aos portos do Mediterrâneo.

Essa profissão, que consistia em ter “comércio público e banco aberto para passar letras de câmbio, expedir mercadorias, arrecadar tributos e passá-los a Roma”,3 era mal vista pelos judeus, que os chamavam pejorativamente de “publicanos”. Ainda mais porque, sendo uma profissão muito lucrativa, lhes proporcionava ocasiões de procurar ganhos ilícitos.

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