ESPLENDORES DA CRISTANDADE

Requinte e doçura de viver

Gabriel J. Wilson


Civilização comporta a busca do progresso rumo ao mais elevado, ao mais belo, ao mais adequado, ao mais conforme à ordem estabelecida por Deus no universo.

Esta seção visa, conforme seu nome, destacar as obras ou monumentos nascidos da civilização cristã ao longo dos séculos. Mas, o que é "civilização"?

Vejamos no dicionário Aurélio (definição 4): Processo pelo qual os elementos culturais concretos ou abstratos de uma sociedade (conhecimentos, técnicas, bens e realizações materiais, valores, costumes, gostos etc.) são coletiva e/ou individualmente elaborados, desenvolvidos e aprimorados. Por extensão, é também o estado de aprimoramento ou desenvolvimento cultural assim atingido. E ainda (definição 6) o tipo de sociedade resultante de tal processo, ou o conjunto de suas realizações, em especial aquele marcado por certo grau de desenvolvimento [...].

Uma pessoa civilizada é, portanto, aquela que tem as qualidades requeridas para a vida em sociedade. Um selvagem vive mais ou menos como um bicho: ele não tem regras, não sabe o que é educação, o que é amabilidade, o que é amor ao próximo. É um ser embrutecido. Sem a graça santificante, os efeitos do pecado original podem até fazê-lo cair abaixo do nível de certos animais.

Um cão, um cavalo, um papagaio podem ser ensinados e chegar a portar-se de modo semelhante a seres humanos. Contudo, por não terem inteligência nem vontade, sua educação é de outra natureza. Certos animais têm uma capacidade de aprender coisas incríveis. Embora isso tenha seu valor, não é a mesma coisa que educar uma criança, que tem alma espiritual, inteligência, vontade e sensibilidade.

Talvez se possa dizer que "civilizar" é apropriar-se dos elementos espirituais e materiais que elevam o ser e a sociedade humana. Um bruto que só pensa em atender aos seus apetites não é civilizado. O civilizado pensa, hierarquiza os valores e põe os do espírito acima dos meramente vegetativos ou carnais. A alma governa o corpo.

Aprimoramento de todas as coisas, uma obrigação

Assim, a civilização comporta a busca do progresso rumo ao mais elevado, ao mais belo, ao mais adequado, ao mais conforme à ordem estabelecida por Deus no universo. Com efeito, o Criador deu ao homem um mundo maravilhoso: a regularidade dos astros, realizando o dia e a noite; a beleza das flores, dos pássaros, de certos animais, o perfume de certas plantas e de certos frutos… e mil coisas mais.

Entretanto, o homem, criado à imagem e semelhança de Deus, não pode contentar-se apenas com o que a natureza lhe oferece. Ele tem o dever de prestar um culto de submissão e gratidão ao Criador, bem como de imitá-Lo nesta Terra, cumprindo os Mandamentos da Lei de Deus. Por isso, é sua obrigação progredir, ser sempre melhor, procurar o mais perfeito, o mais belo, o mais conforme à sua passagem desta vida mortal para a vida eterna.


A procura do mais perfeito, do melhor, do mais elevado, é o refinamento. E quando se atinge essa perfeição temos o requinte.

Uma palavra exprime bem o sentido dessa busca do mais perfeito, no campo meramente natural: requinte. Ou seja, o apuro extremo de um sentimento, de um costume, de uma qualidade. Deus dá a cada um — e também a famílias e povos — certas qualidades, que se adquirem ou se transformam em costumes e produzem seus frutos específicos. A procura do mais perfeito, do melhor, do mais elevado, é o refinamento. E quando se atinge essa perfeição temos o requinte.

Um povo ou uma pessoa que alcance o requinte produz os melhores frutos que o diferenciam dos demais povos ou indivíduos. Nesse sentido, creio que podemos considerar a civilização como o produto da busca do requinte por uma pessoa, uma família ou um grupo social. Através das relações humanas esse requinte será gradualmente absorvido (ou rejeitado,

(continua na próxima página)

LEGENDA:
- Escola Espanhola de Equitação, em Viena (Áustria), que remonta ao século XVI, de adestramento de cavalos da raça Lipizzaner.