Grandezas e glórias de São José

Plínio Maria Solimeo


Último dos Patriarcas e Príncipe da Casa Real de Davi, São José é o elo mais qualificado entre o Antigo e o Novo Testamento. Sua festividade é celebrada pela Igreja no dia 19 de março.

Numa aparição a Santa Margarida de Cortona (1247-1297), Nosso Senhor lhe recomendou: "Testemunhai todo dia, com um tributo de louvor, vossa respeitosa devoção à bem-aventurada Virgem Maria e a São José, meu pai nutrício".1

A Santo Antonio Maria Claret (1807-1870), grande apóstolo da devoção a Nossa Senhora e fundador da Congregação dos Filhos do Imaculado Coração de Maria ou Claretianos, atribui-se a sublime recomendação: "Seja muito devoto de São José, e acuda a ele com confiança".2

Santa Teresa de Ávila afirma em sua autobiografia: "Tomei por advogado e senhor o glorioso São José, e muito me recomendei a ele. Claramente vi que desta necessidade, como de outras maiores referentes à honra e à perda da alma, esse pai e senhor meu salvou-me com maior lucro do que eu lhe sabia pedir. Não me recordo de lhe haver, até agora, suplicado graça que tenha deixado de obter".3

Isso nos incita a ter uma devoção muito grande e uma confiança sem limites na intercessão do Casto Esposo de Maria.

Este artigo não tem outra finalidade senão a de oferecer alguns dados que nos ajudem a compreender melhor o papel singular do Patrono da Santa Igreja.

Desenvolvimento da devoção a São José

Embora a devoção a São José tenha começado relativamente tarde na Igreja, por inspiração do Divino Espírito Santo ela encontrou depois um desenvolvimento extraordinário, tornando-o um dos santos mais populares do universo católico.

Mas nem sempre foi assim. No início da Igreja, por exemplo, apesar de todo o papel de São José no mistério da Encarnação e da Salvação, bem como de seu convívio com Nosso Senhor Jesus Cristo e Maria Santíssima durante sua vida mortal em Nazaré, ele não gozava de qualquer culto. Pois na Igreja primitiva se cultuavam principalmente os mártires.

Vieram depois as grandes heresias, que dividiram a Esposa Mística de Cristo nos cinco primeiros séculos. Em meio às disputas doutrinárias, a Igreja preocupou-se mais em afirmar a divindade de Cristo Senhor Nosso e seu papel no seio da Santíssima Trindade. Mesmo os grandes privilégios da Santíssima Virgem mal eram estudados então.

Assim, como se podia interpretar, por exemplo, o papel de São José na Sagrada Família, e seu matrimônio com a Virgem Santa, não estando ainda bem definida a concepção virginal de Jesus? Era preciso primeiro que ficasse bem clara e sólida na Igreja a divindade de Cristo e a virgindade de Maria Santíssima, antes que os teólogos tivessem condições de estudar o papel do santo Patrono dos Moribundos na economia da Redenção.

Entretanto, os Padres da Igreja falavam de São José. Mas incidentalmente. Razão pela qual a Teologia de São José encontra visíveis e frequentes traços nos escritos dos Padres orientais e ocidentais desde os primeiros séculos do cristianismo. Mas todos falaram de São José de um ponto de vista mais teológico que devocional.

Expansão da "Josefologia" na Igreja e no mundo

Foi só na Idade Média que a devoção ao santo Chefe da Sagrada Família começou realmente a se desenvolver. Contribuíram muito para isso

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