Nunca tantos marcharam em defesa dos nascituros

Francisco José Saidl

É difícil calcular o número exato dos participantes da 44ª. Marcha contra o aborto na capital americana. Isto porque tal manifestação, que outrora se restringia a um desfile em Washington, vem ganhando força em outras cidades de grande, médio e pequeno porte. Neste ano, estendeu-se a 55 cidades. A mais recente marcha ocorreu no dia 4 de fevereiro em Alessandria, Louisiana. Outra marcha está programada para março em Annapolis, capital do Estado de Maryland.

Na Marcha pela vida do dia 27 de janeiro último, em Washington, estima-se que participaram mais de meio milhão de pessoas, predominantemente jovens. O evento iniciou-se nas imediações da Casa Branca e terminou diante da Suprema Corte, onde se deu a infame decisão judicial Roe x Wade que tornou legal a matança dos indefesos nascituros. Milhares dos que não puderam estar fisicamente presentes enviaram seus nomes para serem inscritos numa grande faixa que foi portada por aderentes da campanha America Needs Fatima.

Como nas quatro décadas anteriores, 10 grandes estandartes rubro-áureos da TFP americana marcavam o acontecimento. Ao pé da colina do Capitólio, a fanfarra da TFP, constituída por membros da entidade e alunos da Academia São Luís de Montfort, abrilhantavam a parada, tocando hinos religiosos e patrióticos. Portada num andor, uma bela imagem peregrina da Virgem de Fátima ocupava lugar de destaque.

Organizações coirmãs enviaram representantes de seus respectivos países. Destacamos: Aktion SOS Leben (Alemanha), Irish Society for Christian Civilisation (Irlanda), Droit de Naître (França), Tradición y Acción (Colômbia), Foundation for the Protection of Human Life from Conception (Holanda) e Krikšcionškosios Kulturos Gynimo Asociacja (Lituânia).

Fato inédito foi a presença do Vice-Presidente da República, Mike Pence. O Presidente Trump, tuitou:

"A Marcha Pela Vida é muito importante. A todos vocês que estão marchando — vocês têm meu total apoio", @realDonaldTrump. 14: 27 – 27 jan 2017"

Merece aplauso a corajosa atitude do Presidente Trump, que ato contínuo à cerimônia de posse como supremo mandatário da nação, na semana anterior, firmou decreto anulando o financiamento de organizações abortistas, especialmente da Planned Parenthood, envolvida em escândalos de venda de fetos. Tal gesto autoriza esperanças de que possa cessar nos Estados Unidos a matança desses inocentes.

Convém lembrar que nos últimos oito anos a gestão anterior ignorou de modo sistemático a March for Life e trabalhou empenhadamente no sentido oposto.

Foi digno de nota o número de mulheres portando o cartaz I regret my abortion [Eu lamento o meu aborto]. Receia-se que o recente decreto da Santa Sé estendendo a todos os sacerdotes a jurisdição para absolvição de tão grave pecado contribua para minimizar em muitos fiéis a gravidade de tal crime. Entretanto, a ostentação desses cartazes pode ser um bom indício de que aquelas infelizes que praticaram o aborto possam reencontrar a estrada que conduz à salvação eterna.

50 mil folhetos de uma declaração contra o aborto, intitulada Para tornar a América grande, volte-se para Deus, foram distribuídos por voluntários da TFP nas cidades onde a entidade participou de marchas contrárias à prática abortiva.

Reconhecendo a vitória conservadora em novembro passado, a declaração listou os valores e os princípios que devem, agora mais do que nunca, ser defendidos e promovidos. O documento acrescenta ainda alguns anseios da TFP para a conversão da América. "Esta é a hora de lavar a honra do país. Seu grande pecado contra Deus, foi a decisão Roe x Wade" — concluiu o comunicado.

Conferência do Duque Paul de Oldenburg

Vindo da Bélgica, onde dirige a Federação por uma Europa Cristã, o Duque Paul de Oldenburg, após participar na Marcha pela Vida, pronunciou no dia seguinte uma palestra na sede do Bureau de TFPs e associações coirmãs, em Mc Lean, Virginia. Devido à importância do orador e do tema, o auditório, com capacidade para 85 pessoas, ficou superlotado com quase o dobro de seletos participantes.

O Duque Paul é membro da TFP alemã e responsável em Bruxelas pelo Bureau da mencionada Federação. Formado em agronomia, descende de duas das mais ilustres casas dinásticas germânicas. Seus ancestrais paternos eram soberanos do Grão-Ducado de Oldenburg, no norte da Alemanha, e contraíram núpcias com herdeiras de vários tronos europeus.

O tema de sua conferência foi: EUROPA NO TEMPO DE TRUMP. Ele não escondeu sua preocupação com a política isolacionista da atual administração:

"Os Estados Unidos não podem abandonar a Europa na presente emergência. A América é um importante ramo desta frondosa árvore chamada Civilização Cristã, plantada em Roma."

Da história da França, o Duque Paul colheu um exemplo: "Se o Cardeal de Richelieu tivesse colocado de lado os interesses egoístas e nacionais, como já fizera outrora a França no tempo das Cruzadas, a história da Europa teria sido completamente diversa". E acrescentou: "Conclamo-vos nesta noite a serem como Godofredo de Bouillon e o Rei São Luís IX e não darem ouvidos à sirene do isolacionismo".

Ele concluiu sua exposição afirmando que o futuro da civilização "depende da solidez da aliança entre os dois lados do Atlântico, com os olhos postos na promessa da Virgem de Fátima".•

LEGENDA:
- O Duque Paul de Oldenburg (centro)é membro da TFP alemã e responsável em Bruxelas pelo Bureau da Federação por uma Europa Cristã.