ENTREVISTA

"Se a doutrina católica não é esta, condenem-me. Se a doutrina católica é esta, condenem-se".

Com a obra Em Defesa da Ação Católica (1943), Plinio Corrêa de Oliveira denunciou uma verdadeira "revolução progressista" na Igreja que começava a grassar no mundo. Os erros de tal revolução se expande infelizmente nos presentes dias, por meio do clero progressista ou neomodernista.

Nossa edição anterior estampou anúncio da obra Plinio Corrêa de Oliveira denuncia no seu nascedouro a revolução progressista, no livro EM DEFESA DA AÇÃO CATÓLICA – Atualidade, eficácia e influência na História da Igreja.1 Dado o interesse suscitado nos leitores, Catolicismo desejou entrevistar o autor, Juan Gonzalo Larrain Campbell, agrônomo formado pela Universidade Católica de Santiago e pertencente a uma das famílias mais tradicionais do Chile, de cuja atuante TFP foi um dos sócios fundadores.

"Estou convencido de que todos os erros denunciados naqueles idos de 1940, no livro Em Defesa, pululam hoje abertamente no mundo católico. Erros que de início se manifestavam de modo sutil"

Ele percorreu com Fábio Xavier da Silveira vários países da América Latina, para divulgar a obra Frei: o Kerensky chileno, no qual Fábio Xavier previu, com três anos de antecipação, a ascensão de um regime comunista naquele país irmão. Em 1967, Gonzalo Larrain veio pela primeira vez ao Brasil, quando conheceu Plinio Corrêa de Oliveira. Três anos depois se estabeleceu em São Paulo, onde reside até hoje.

Como discípulo do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Gonzalo Larrain teve contato muito assíduo com o mestre da Contra-Revolução — o qual perdurou até o seu falecimento, em 3 de outubro de 1995 —, e participou de inúmeras de suas reuniões, tanto públicas quanto internas, conhecendo e assimilando muito de perto o seu pensamento.

Em 2001, publicou o livro Plinio Corrêa de Oliveira: Denúncias e previsões em defesa da Igreja e da Civilização Cristã, o qual teve em 2009 uma edição ampliada em espanhol, sob o mesmo título. Ao longo de todos esses anos Gonzalo vem colaborando com Catolicismo, além de fazer conferências no Brasil e no exterior sobre a personalidade, a vida e a guerra ideológica travada a partir de 1928 pelo fundador da TFP brasileira.

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Catolicismo — Qual foi o objetivo que o senhor teve em vista ao publicar este livro, e por que utilizou no título o termo "revolução progressista"?

Gonzalo Larrain — Falar de crise na Igreja infelizmente tornou-se banal. Isso, por vezes, mais confunde que esclarece. Ninguém ou quase ninguém sabe explicar no que consiste essa crise, qual a sua origem, a sua profundidade, quem são os responsáveis por ela, qual é o ódio e a perseguição desencadeados contra aqueles que se opõem a ela. Preferi utilizar o termo "revolução progressista" na Igreja, pois ela se insere no processo revolucionário descrito pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em sua obra-prima Revolução e Contra-Revolução. Revolução no sentido do processo que se iniciou com o Humanismo com o objetivo de destruir a Igreja e a Cristandade.

A fim de se compreender a referida "revolução progressista" que hoje assola o mundo, e que talvez não tenha ainda atingido o seu auge, nada me pareceu mais útil do que deixar consignado para a História o que se passou com o livro Em Defesa da Ação Católica, redigido por Dr. Plinio em 1943.

Catolicismo — Uma de suas primeiras afirmações é que o livro Em Defesa da Ação Católica, escrito há mais de 70 anos, continua atual. Gostaríamos que o senhor esclarecesse este ponto para os nossos leitores. Atual por quê?

Gonzalo Larrain — A pergunta me dá ocasião de completar a resposta anterior. Estou convencido — especialmente diante da confusão criada nesse pontificado do Papa Francisco — de que todos os erros denunciados naqueles idos de 1940, no livro Em Defesa da Ação Católica, pululam hoje abertamente no mundo católico. Erros esses que de início se manifestavam de modo sutil e sub-reptício, mas hoje afloram de modo incontestável.

O que considero de suma importância foi o fato de Dr. Plinio ter discernido tais erros na origem, tê-los concatenado, denunciado, além de ter previsto todas as suas consequências no campo espiritual e temporal, caso as autoridades religiosas não lhes cortassem o passo. Infelizmente o passo não lhes foi cortado... E membros da Hierarquia, colocados em postos-chaves, abriram as portas da cidadela dando impulso e emprestando o seu apoio aos erros que os agentes da Revolução mundial queriam incutir nos meios católicos. Tratava-se do clero progressista ou neomodernista, que não apenas acolheu os agentes desses erros, mas se tornou protagonista na difusão deles mundo afora.

"Podemos qualificar os citados erros como a volta — isto é, o ressurgimento —, ainda com mais força, da heresia modernista, resumo, superação e requinte de todas as heresias anteriores"

Nesse sentido é que eu considero Em Defesa da Ação Católica como tendo sido e continua a ser um livro profético, conforme espero ter deixado claro no meu trabalho Previsões e denúncias em defesa da Igreja e da Civilização Cristã.

(continua)