(continuação)

Saco de maldades da Dilma

A bancada de parlamentares do Amazonas enviou projeto de lei ao Palácio do Planalto com a proposta de reduzir em 65% as áreas das unidades de conservação demarcadas por decretos da ex-presidente Dilma Rousseff no último dia de seu mandato, em 11 de maio do ano passado.

O projeto prevê que cinco unidades de conservação da região, as quais somam hoje 2,697 milhões de hectares, passem a ter 1,772 milhão de hectares, uma redução de 65%.

Segundo o deputado Átila Lins, os decretos de Dilma "no apagar das luzes" vêm causando "prejuízos enormes" à região. "Essas demarcações coloraram todo o setor produtivo em pânico, principalmente aqueles que vivem na região Sul do estado do Amazonas, na região do Rio Madeira", disse o parlamentar amazonense.

Safra de grãos em crescimento

A safra brasileira de grãos deve crescer 21,8% em 2017, segundo estimativa do IBGE. No total, 224,2 milhões de toneladas de cereais, leguminosas e oleaginosas devem ser colhidas, sendo 93% de soja, milho e arroz.

A estimativa de produção para 2017, calculada em fevereiro, variou positivamente 1,3% em relação ao número de janeiro, que já apontava crescimento.

A área colhida também deve aumentar e superar 2016 em 5,7%, totalizando 60,3 milhões de hectares. Também neste dado, a estimativa de fevereiro supera a de janeiro em 0,8%.

61% da vegetação nativa estão preservados

A agricultura brasileira ocupa somente 8% do território nacional, enquanto as pastagens ocupam 19,7%. Estudo do Grupo de Inteligência Territorial Estratégica (GITE) da Embrapa aponta que a vegetação nativa preservada ocupa 61% de todo o nosso território.

Os números foram apresentados pelo coordenador do grupo, Evaristo Miranda, em palestra na abertura oficial da colheita da soja, promovida na fazenda Jotabasso, em Ponta Porã, Mato Grosso do Sul.

Miranda explicou que dos 850.280.588 hectares que compõem o território brasileiro, 11% são de áreas de vegetação nativa em propriedades rurais, como as de reserva legal e de proteção permanente; 17% são de vegetação nativa em unidades de conservação; 13% são de vegetação nativa em terras indígenas, e 20% são de vegetação nativa em terras devolutas, relevos, águas interiores etc., o que totaliza os 61%.

Esses dados, conforme o coordenador, foram atualizados no fim do ano passado pela Embrapa, com base em informações da própria instituição e de outros órgãos do Poder Público e entidades da iniciativa privada, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil, o Ministério do Meio Ambiente, a Fundação Nacional do Índio, a Agência Nacional das Águas e o Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão.

Os outros 39% do território nacional estão distribuídos entre as áreas ocupadas pelas lavouras e florestas plantadas (8%), pastagens (19,7%), e cidades, macrologística, infraestrutura, energética, mineradoras e outras (11,3%).

"Nestes 8% de áreas cultivadas está toda a cana-de-açúcar, todo o reflorestamento, os grãos, a citricultura, enfim, tudo o que plantamos.

"Essa agricultura deste tamanho, que preocupa o mundo e que faz um monte de coisa utiliza somente 8% do território brasileiro. Imagine se utilizasse 20%, o que também não seria nada, comparando com outros países, imagine o tamanho que poderia ser esse setor", ressaltou o pesquisador.

Miranda comentou que a área da agricultura e da pecuária somada às áreas de vegetação nativa preservada dentro dos imóveis rurais e às das propriedades rurais, representam um total de 38,7% do território nacional.

"Os dados acima sendo apresentados pelo ministro Blairo Maggi [Agricultura, Pecuária e Abastecimento] nos eventos em que ele comparece no exterior como o 'Green Card' [referência ao cartão que garante a residência permanente de estrangeiros nos Estados Unidos] da agricultura brasileira.

"Quando se vai discutir sobre agricultura e preservação ambiental em outros países, questionamos a situação daquela nação em relação a tais aspectos. Eles têm os dados. É só apresentarem para compararmos", desafiou.

Miranda lembrou ainda que o produtor rural brasileiro trabalha com base em uma das mais rigorosas e restritivas leis ambientais do mundo, e citou como exemplo a questão das margens de rios, onde o cultivo é proibido pela legislação brasileira.

"Esse é um trabalho que a Embrapa fez quando ainda estava se discutindo o Código Florestal. Em El Salvador, as áreas de margens de rios são totalmente ocupadas por pequenos e grandes produtores. Na Costa Rica tudo é ocupado com culturas e banana.

"No México, nas margens do rio Papaloapan as áreas são totalmente cultivadas. São depósitos aluviais. O lado do rio é o melhor lugar que tem para plantar. A civilização se desenvolveu cultivando ao lado dos rios.

"Assim é no Chile, na Argentina, na China, no Senegal e nos países desenvolvidos também, como ao longo do rio Ródano, na França; no rio Reno, na Alemanha; o Vale do Pó, na Itália; o rio Guadalquivir, na Espanha; o Tejo, em Portugal; o Danúbio, na Áustria e o baixo Reno, na Holanda, entre outros.

"Já o Brasil preserva, e por lei obrigatória, se tem de preservar as margens do rio. Não estou falando contra ou defendendo a legislação brasileira, só estou mostrando como é a lei brasileira e a comparação com outros países", ressaltou.

Miranda destacou ainda que, com o novo Código Florestal, o produtor terá de recompor muitas áreas. Suas estimativas são de que os 8% do território brasileiro, utilizados atualmente para a agricultura – entre 35 milhões e 95 milhões de hectares –, serão utilizados para a recomposição de Áreas de Preservação Permanente e Reservas Legais.

(continua)