AÇÃO CONTRA-REVOLUCIONÁRIA
Reflorescimento do ideal de cavalaria
Santiago Laia
“Ó Francos, de quantas maneiras Nosso Senhor vos abençoou? Vede quão férteis são vossas terras. Quão verdadeira é vossa fé. Quão indisputável é vossa coragem”.1 Com estas palavras, pronunciadas no longínquo 27 de novembro de 1095 em Clermont-Ferrand, no coração da França, o Bem-aventurado Papa Urbano II pregou a Primeira Cruzada.
Palavras do Vigário de Cristo na Terra — luz colocada num candelabro para iluminar todos os povos, foco de irradiação da virtude, que deve ensinar a verdade e o bem —, “elas penetraram e abrasaram todos os corações e assemelhavam-se à chama ardente descida do céu”2 na noite de Pentecostes.
Barões, duques e cavaleiros, “levados por um entusiasmo que jamais a eloquência humana havia inspirado, ergueram-se prontamente”3 e, em uma só voz, responderam àquele apelo bradando: “Deus vult!” (Deus o quer!).
Tal brado, que se tornaria o grito de guerra dos cruzados, ecoou pela Europa, transpôs o espaço e o tempo, viu nascerem almas de grande porte como Balduíno IV, Ricardo Coração de Leão, São Luís IX, e tantos outros que deixaram gravados por seus atos heroicos umas das mais belas epopeias da História universal.
Onde estão hoje essas almas de escol? Teria chegado ao fim a era dos heróis, dos cavaleiros andantes e dos santos guerreiros?
Em nossos dias cresce o número de jovens que anseiam por esses ideais de cavalaria. Durante o verão europeu, do dia 14 a 24 de julho, a Fédération Pro Europa Christiana promoveu na Lorena (nordeste da França) um acampamento para jovens europeus. Nesses proveitosos dias, eles reavivaram em suas almas o ideal de cavalaria praticado outrora com honra, honestidade, pureza e piedade viril por seus antepassados, defensores da Santa Igreja Católica e da Cristandade. Também participou do acampamento uma delegação da Academy São Luís Maria Grignion de Montfort, da TFP norte-americana.
No primeiro horário da manhã, eles se reuniam para rezar uma oração ao Príncipe da Cavalaria Celeste, São Miguel Arcanjo pedindo sua intercessão ao longo do dia.
Episódios históricos como a conversão de Clóvis, a sagração dos Reis da França na catedral de Reims, a vida de Carlos Magno e de Santa Joana d’Arc foram alguns dos temas expostos pelos conferencistas. Um dos pontos altos da programação foi a visita a locais históricos expostos nas palestras. Por exemplo, a Domrémy, cidade natal de Santa Joana d’Arc, e ainda um passeio pela cidade de Strasburgo.
Do ponto de vista recreativo, os jovens disputaram “jogos medievais”, quando cada equipe escolhia um santo padroeiro a ser invocado durante as competições. Para marcar o fim do acampamento, à noite, sob a luz do luar de verão, realizou-se um banquete à maneira medieval.
Notas:
1. História das Cruzadas, Joseph François Michaud, Editora das Américas, p. 88.
2. Id. p. 91.
3. Id. p. 92.