(continuação)

Sim, ó Maria, abençoai-nos, cumulai-nos de graças e, mais do que todas, concedei-nos a graça das graças: ó Mãe, uni intimamente a Vós este Vosso Brasil.

Amai-o mais e mais.

Tornai sempre mais maternal o patrocínio tão generoso que nos outorgastes.

Tornai sempre mais largo e mais misericordioso o perdão que sempre nos concedestes.

Aumentai vossa largueza no que diz respeito aos bens da Terra, mas, sobretudo, elevai nossas almas no desejo dos bens do Céu.

Fazei-nos sempre mais amantes da paz e sempre mais fortes na luta pelo Príncipe da Paz, Jesus Cristo, Filho vosso e Senhor nosso.

De sorte que, dispostos sempre a abandonar tudo para lhe sermos fiéis, em nós se cumpra a promessa divina do cêntuplo nesta Terra e da bem-aventurança eterna.

Ó Senhora Aparecida, Rainha do Brasil! Com que palavras de louvor e de afeto Vos saudar no fecho desta prece de ação de graças e súplica? Onde encontrá-las, senão nos próprios Livros Sagrados, já que sois superior a qualquer louvor humano?

De Vós exclamava profeticamente o povo eleito, palavras que amorosamente aqui repetimos:

— Tu gloria Jerusalem, tu laeticia Israel, tu honorificentia populi nostri. Sois Vós a glória, Vós a alegria, Vós a honra deste povo que Vos ama".8

Notas:

1. Refere-se à chamada "Basílica Velha", ainda em nossos dias aberta aos fiéis, que data de 1888. No ano em que Dr. Plinio pronunciou esta conferência, a atual Basílica, o "Santuário Nacional", ainda não estava construída. Sua inauguração ocorreu somente em 1980.

2. Vide Catolicismo, Nº 502, outubro/1992. Ao leitor desejoso de conhecer mais detalhes desse milagre, e de vários outros operados por meio de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, aconselhamos o livro Rainha do Brasil — A maravilhosa história e os milagres de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, dos irmãos Gustavo Antônio Solimeo e Luiz Sérgio Solimeo (Diário das Leis, São Paulo, 1992). Pedido pelo tel.: (11) 3331-4522.

3. Ao referir-se a "Reino de Maria", o autor o entende no mesmo sentido empregado por São Luís Maria Grignion de Montfort (grande missionário francês do século XVII) em seus escritos, especialmente no célebre Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem: "Quando virá este tempo feliz em que Maria será estabelecida Senhora e Soberana nos corações, para submetê-los plenamente ao império de seu grande e único Jesus? [...] Que venha o Reino de Maria, para que assim venha o Vosso [de Jesus Cristo] Reino" (São Luís Maria G. de Montfort, Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem, Vozes, Petrópolis, 1984, 13ª ed., pp. 210-211).

4. "Conceição Imaculada": singular privilégio concedido por Deus à Virgem Maria por ter sido concebida sem pecado original. De onde o dogma da Imaculada Conceição, proclamado em 8 de dezembro de 1854 pelo Bem-aventurado Papa Pio IX.

5. A sacrossanta imagem foi totalmente reconstituída pela artista plástica Maria Helena Chartuni, restauradora, na época, do Museu de Arte de São Paulo.

6. A "Folha de S. Paulo" (online em 17-7-17) noticiou o nosso esperado cancelamento. Com o título "Peça com transexual em papel de Jesus é cancelada após decisão judicial", publicou: "Em página do Facebook, a organização do espetáculo creditou o pedido de cancelamento a 'congregações religiosas, políticos e pelo TFP (Tradição, Família e Propriedade)'. [...] A atriz e travesti santista Renata Carvalho, que interpreta Jesus Cristo na peça, diz que houve protestos contra a peça durante a semana e que foi ela informada sobre a liminar [...] pela equipe do SESC, uma hora e meia antes de começar o espetáculo. [...] Segundo Carvalho, o documento judicial suspende apenas a apresentação no Sesc Jundiaí".

7. Escreveu o Juiz Luiz Antônio de Campos Júnior: "Além de ser uma peça de indiscutível mau gosto e desrespeitosa ao extremo [...] Não se olvide da crença religiosa em nosso Estado, que tem JESUS CRISTO como o filho de DEUS, e em se permitindo uma peça em que este HOMEM SAGRADO seja encenado como um travesti, a toda evidência, caracteriza-se ofensa a um sem número de pessoas".

8. Os textos integrais dos artigos reproduzidos, assim como uma coletânea de documentos sobre Nossa Senhora Aparecida encontram-se disponíveis no site: https://www.pliniocorreadeoliveira.info/Mariologia_Nossa_Senhora_Aparecida.htm


VIDAS DE SANTOS

São Francisco de Assis

Plinio Maria Solimeo

Uma das maiores vocações religiosas da História, recebeu os estigmas do Redentor e se tornou um sustentáculo da Igreja.

São Francisco de Assis é um dos santos mais populares da Igreja. Marcou profundamente a vida religiosa e social de sua época, exercendo sobre ambas uma influência determinante. Sua festa se celebra no dia 4 deste mês

Ele nasceu em 1182 na pequena e poética cidade de Assis, situada nos Apeninos, filho de Pietro di Bernadone dei Moriconi — que se tornará famoso pela usura e cegueira em relação ao filho — e de Pica Bourlemont, uma dama de origem francesa, de nobre sangue e grande virtude.

Narra uma lenda que, sentindo sua mãe as dores do parto, não conseguia dar à luz. Trasladaram-na então até à estrebaria da casa e ali, sobre a palha, entre o asno e o boi, à semelhança do Salvador, nasceu Giovanni di Pietro, que passou para a História com o nome de Francisco. A origem deste nome não é muito segura, mas consta que, por sua grande admiração pela França, seu pai passou a chamá-lo de "Francesco".

Alegre, esbanjador, mas temente a Deus

Nada sabemos da infância do santo. Na Legenda de São Francisco (ou Dos Três Amigos), escrita por três de seus primeiros discípulos, lemos: "Já crescido, como era dotado de inteligência viva, dispôs-se a continuar o ofício paterno, isto é, a mercancia, porém com outros entendimentos, pois ele era muito mais alegre e liberal do que o pai: gostava de andar em festiva companhia, quer durante o dia quer durante a noite, pelas estradas de Assis, em divertimentos e cantos, e era tão grande esbanjador, que gastava em reuniões e banquetes tudo quanto ganhava".1 Ao que acrescenta São Boaventura, terceiro Geral dos franciscanos, contemporâneo e póstero do Poverello: "Mas, com o auxílio divino, jamais se deixou levar pelo ardor das paixões que dominavam os jovens de sua companhia".2

O próprio Francisco confessa: "Eu verdadeiramente creio nunca ter, pela graça de Deus, cometido

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Legenda:

- São Francisco (Federico Barocci, séc. XVII. The Metropolitan Museum of Art, Nova York).