O movimento católico difundiu-se por todo o Brasil e transformou-se numa verdadeira potência.
A ponta de lança eram as Congregações Marianas.
Naqueles dias de 1943, quando foi lançado o livro Em defesa da Ação Católica, o outrora pujante movimento católico brasileiro perdia paulatinamente o seu fervor. Desde os anos 1930 vinha se incubando em importantes associações católicas uma mentalidade procedente de vários focos localizados na Europa, dominada pela obsessão de "ajustar-se ao mundo moderno". Esse "ajuste", apresentado como necessário, consistia em reinterpretar o ensinamento moral da Igreja, reformar suas leis, sua liturgia, sua hierarquia e seu modo de ser. Seus propugnadores se denominavam, ora modernistas, ora liturgicistas, ora progressistas, mas de fato eram remanescentes do modernismo, condenado e dizimado por São Pio X. Infiltravam-se clandestinamente no clero e no laicato, difundindo e aplicando as mesmas doutrinas condenadas.
Os ativistas desses erros disseminavam que os membros da Ação Católica haviam recebido um mandato para fazer o apostolado leigo, portanto não deviam obediência à hierarquia eclesiástica. Consideravam-se desobrigados de submissão a certas normas da moral católica, como evitar ocasiões próximas de pecado — bailes, piscinas, clubes — tudo acobertado pelo mandato recebido. Muitos desses ativistas aderiram ao nazi-fascismo ou ao comunismo, ambos condenados pela moral católica.
Plinio Corrêa de Oliveira via com clareza a gravidade do risco a que essa infiltração expunha a Igreja e o Brasil, e como inúmeros elementos do clero e do laicato já estavam tomados pelas novas doutrinas. Para se avaliar quão grande era esse risco, basta dizer que das sacristias infestadas saíram, poucos anos mais tarde, a "esquerda católica", a "Teologia da Libertação", o interconfessionalismo ecumênico e os "cristãos pelo socialismo". Como não bastava perceber o perigo e depois deixar tudo correr sem medidas drásticas, Dr. Plinio decidiu lançar uma verdadeira bomba, que foi o livro Em defesa da Ação Católica [ao qual passaremos doravante a nos referir pelas iniciais E.D.A.C.].
Entendeu-o muito bem o Revmo. Pe. Luiz Riou S.J., Provincial da Companhia de Jesus, que escreveu ao autor logo após a publicação da obra, em 10 de junho de 1943:
"Estou, com efeito, convencido de que V. S. prestou um relevante serviço à Santa Igreja, expondo com admirável clareza e com uma precisão teológica não menos admirável a genuína doutrina da Ação Católica, apontando ao mesmo tempo muito oportunamente os erros, perigos e desvios a que a mesma se acha exposta, com imenso prejuízo da verdade católica e da missão confiada à Ação Católica." [passaremos a substituir pelas iniciais A.C.].
Comportamentos censuráveis preocupavam a Hierarquia
Os erros, perigos e desvios a que se refere o Revmo. Pe. Riou não eram ignorados pelos Sacerdotes e Bispos. Pelo contrário, eram percebidos e causavam preocupação. E a iniciativa de denunciá-los através de um livro bem fundamentado, claro e portador de uma visão de conjunto era exatamente o instrumento que faltava para um combate eficaz.
No "Diário" de Belo Horizonte, o jornalista e educador Revmo. Pe. Arlindo Vieira S.J., comentando a Semana Catequética de Sete Lagoas, refere-se ao livro E.D.A.C. e acentua calorosamente a sua grande oportunidade:
"A descrição desse quadro, que causava sérias inquietações ao pranteado Cardeal Leme, no-la faz com mão de mestre o Dr. Plinio Corrêa de Oliveira em sua obra [...], que deveria ser lida e meditada por quantos desejam cooperar com a Igreja na salvação das almas" (Legionário, 20/junho/1943).
A revista "Anais Franciscanos", órgão da Venerável Ordem Terceira da Penitência, publicou em seu número de agosto o seguinte comentário, de autoria do Revmo. Pe. Dr. Frei Anselmo de Moena. O.F.M. Cap.:
"Apareceu há pouco tempo um livro da autoria do Dr. Plinio Corrêa de Oliveira, muito apreciado e louvado pela imprensa católica. O título do livro é Em defesa da Ação Católica. Sua leitura não pode ser senão útil para todos os que desejam conhecer a verdade. A finalidade do livro é defender a obra dos Sumos Pontífices de todas as mistificações que, sob o nome santo e glorioso da A.C., vão se espalhando e propagando, com grande desprestígio do movimento organizado e exigido pelos Sumos Pontífices e pela Hierarquia. [...] Começa com uma exposição clara e atraente das interpretações errôneas de mentes exaltadas sobre a inspirada definição da A.C., dada pelo pai da A.C., o grande Pontífice Pio XI, à qual faz seguir sólida refutação, não menos clara nem menos convincente. Demonstra como tais erros e aberrações são rebentos das doutrinas modernistas que, infelizmente, pesteiam ainda os meios católicos que, com demasiada simplicidade, julgam poder alcançar a paz entre as trevas e a luz, entre Belial e Cristo" (Legionário, 8/agosto/1943).
A revista "O Apóstolo do Santíssimo Sacramento" publicou este comentário:
"De toda parte eleva-se um coro de aplausos para o livro E.D.A.C., de autoria do Dr. Plinio Corrêa de Oliveira. [...] Mostrando os erros provenientes da A.C. mal entendida, instrui sobre o fim da mesma, que é auxiliar do clero na grandiosa obra de atrair outras almas à vida sobrenatural, incentivá-la e defendê-la. É o que diz o saudoso Pontífice da A.C., Pio XI. [...] Que o Coração Eucarístico de Jesus abençoe o trabalho do ilustre autor e conceda a maior difusão possível dum livro destinado (na palavra do Representante do Santo Padre no Brasil, Dom Bento Aloisi Masella), 'a fazer muito bem às almas e promoverá a causa da A.C. nesta terra abençoada de Santa Cruz'" (Legionário, 19/setembro/1943).
Dom Joaquim Batista Muniz, Bispo de Barra (Bahia):
"Não sei como agradecer seu trabalho escrevendo um livro, talvez o mais oportuno do momento presente. Já desde muito que estava impressionado com o progresso
LEGENDA:
- Concentração mariana no pátio do Colégio Sagrado Coração de Jesus, em julho de 1935.