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(continuação)

sólido e excelente para seu futuro, a fim de conquistarem a verdadeira vida" (1 Tim. 6, 17-19).

A melhor esmola que os ricos podem dar aos pobres é contribuir na construção de belas igrejas, na confecção de belos ornamentos e para o esplendor da sagrada liturgia. Nisso a Igreja imita Maria, a irmã de Lázaro, que ungiu os pés de Jesus com "uma libra de bálsamo de nardo puro, de grande preço", e foi reconfortada pela repreensão do Mestre ao ganancioso Judas: "Sempre tereis convosco os pobres, mas a mim nem sempre me tereis" (Jo 12, 3-8). E São João ainda explicita um comentário esclarecedor para todas as épocas da Cristandade: "[Judas] disse isso, não porque se importasse com os pobres, mas porque era ladrão" (Jo 12, 8). Eis aí a verdade profunda, quando muitos falam em pobreza evangélica.

O pobre que entrava numa igreja sabia que todos aqueles esplendores — os muros suntuosos, as imagens imponentes nos altares, os quadros magníficos, a música sublime — estavam lá para ele, à sua inteira disposição, a serviço de sua alma; além da ajuda para o corpo, que ele podia receber em alguma obra da caridade. Ao entrar no templo, o pobre ignorante se tornava um rei, para cuja compreensão e edificação os maiores artistas pintaram e esculpiram todas aquelas maravilhas, os músicos compuseram músicas sublimes, os organistas tocaram e os coros cantaram, os sacerdotes realizaram minuciosamente cerimônias belas e compassadas. Toda a beleza e mistério da Igreja e dos templos constituía de fato um "patrimônio dos pobres".

O fim para o qual fomos criados

Não há, de fato, nenhuma contradição entre a pobreza de coração e o esplendor dos templos e das cerimônias religiosas. A Igreja prega aos seus filhos a pobreza de coração; e estimula muitos outros, chamados ao estado de perfeição da vida religiosa, a observar a pobreza assumida como um voto feito diante de Deus. Nosso Senhor nos deu as criaturas para que elas nos conduzam a Ele; pois, por meio do amor à sublimidade e à ordem da Criação, as criaturas nos mostram a perfeição do Criador. Por outro lado, como tais criaturas são contingentes, passageiras, e só Deus é absoluto e eterno, é bom nos afastarmos e nos desapegarmos delas, para pensarmos principalmente no Senhor. Pelo espetáculo sublime das pompas da Igreja, e pela consideração das admiráveis renúncias que só Ela sabe inspirar e fazer realizar efetivamente, a Igreja convida seus filhos a caminhar por ambas as vias.

Nos "Princípios e fundamentos" dos Exercícios Espirituais, Santo Inácio de Loyola convida os que fazem um retiro espiritual a meditar nas seguintes verdades:

"O homem foi criado para louvar, prestar reverência e servir a Deus Nosso Senhor, e mediante isto salvar a sua alma; as outras coisas sobre a face da Terra foram criadas para o homem, para que o ajudem a conseguir o fim para o qual foi criado. Donde se segue que o homem há de usar delas tanto quanto o ajudem para o seu fim, e tanto deve deixá-las quanto disso o impedem. Por isso é necessário fazer-nos indiferentes a todas as coisas criadas, em tudo o que é concedido à liberdade do nosso livre arbítrio e não lhe está proibido; de tal maneira que, da nossa parte, não queiramos mais saúde que doença, riqueza que pobreza, honra que desonra, vida longa que vida curta, e consequentemente em tudo o mais. Mas somente desejemos e escolhamos o que mais nos conduz ao fim para o qual fomos criados".

LEGENDA:
Cálice do abade Suger de Saint-Denis. Arte gótica, 1140.


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José Antonio Ureta

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