É imperativo resgatar os valores religiosos, morais e cívicos que foram se evaporando de todas as atividades humanas, destruindo as instituições com as consequências trágicas que estamos vendo.
(continuação)
Público, por protagonizarem comportamentos aberrantes e escandalosos.
3. Evitar que os acordos de paz do governo Santos se transformem em instrumento de impunidade e tirania — Os criminosos que devastaram a Colômbia durante décadas, aterrorizando os indefesos com suas atrocidades e humilhações, transformaram-se agora em legisladores, por vontade do governo. Integrarão comitês administrativos que definirão o futuro da nação, sem pagar por seus crimes, sem pedir perdão por eles, sem se arrependerem de tanto mal que fizeram. É indispensável o novo governo exercer também controle sobre a Justiça Especial para a Paz (JEP). Esse sistema transicional, criado após o acordo com as FARC, caminha para se colocar acima dos outros órgãos judiciais, arrogando direitos e funções que não lhe dizem respeito, tudo para favorecer sua impunidade.
4. Enfrentar o tráfico de drogas com energia e sem claudicação — Esta é a enorme fonte que financia a guerra e os crimes de todos os grupos guerrilheiros e paramilitares, além de alimentar o crime organizado e ser a ponta-de-lança da degradação moral do país. Durante os oito anos do governo Santos, o cultivo ilegal de coca aumentou de 50.000 para quase 200.000 hectares, e a cocaína para os viciados da Europa e Estados Unidos terá certamente crescido também na mesma proporção.
A autêntica solução na prática dos valores do Evangelho
Há na Colômbia muitos outros aspectos a melhorar, para alcançarmos progresso verdadeiro, legítimo e autêntico. Os que destroem o establishment não são só os terroristas, mas também os que roubam bens do Estado e das empresas privadas. Procuramos interpretar aqui o rumo que desejam para a Colômbia não só os eleitores de Ivan Duque, mas também muitos dos que, embora votando em Petro, não simpatizam com a revolução chavista da Venezuela, antes pedem uma mudança fundamental na maneira de governar e fazer política. Mas se a filosofia e os valores do Evangelho não iluminarem as almas dos que compõem a sociedade, é inútil perseguir o crescente número de criminosos com a autoridade coercitiva do Estado. Acrescenta-se, pois, a necessidade imperiosa de resgatar os valores religiosos, morais e cívicos que foram se evaporando de todas as atividades humanas, destruindo as instituições com as consequências trágicas que estamos vendo.
Se o próximo governo não for capaz de cumprir esses objetivos básicos, levando em conta o clamor da verdadeira e autêntica Colômbia, o presidente a ser eleito dentro de quatro anos muito provavelmente nos levará, contra a nossa vontade, para o inferno de uma ditadura de extrema-esquerda, embora não o queira a maioria. Se não houver uma solução para esses grandes desafios, abrir-se-ão as portas para a opressão totalitária e a miséria socialista, fenômenos que sempre andam de mãos dadas.
A Colômbia não pode resistir indefinidamente à ação devastadora de quem governa dando as costas ao sentimento comum e aos valores morais da Nação, cujas elites preferem abdicar covardemente diante da ufania do crime, em vez de enfrentá-lo com coragem. Os colombianos sabem perfeitamente que esta será a triste realidade de nosso país, caso o novo governo decida não encetar o rumo certo.
LEGENDAS:
- Santuário de Nossa Senhora de Las Lajas, em Ipiales, no sul da Colômbia (Foto: Luis Guillermo Arroyave).
Luis Dufaur
As tendências vêm mudando há séculos. Na moda, nos costumes, na linguagem, e até no pensamento. Sempre num mesmo sentido, apontado pela Revolução gnóstica e igualitária, cujo início foi a Revolução Protestante, seguida pela Revolução Francesa laica e igualitária, e continuada pela Revolução Comunista, requintada pelo anarquismo gramsciano e sorboniano. Quem não as acompanha pode até ficar complexado, sentir-se diminuído, pois é sempre rotulado de "atrasado".
Para surpresa de muitos, certas tendências estão sendo invertidas atualmente. Na medida em que essa rotação ocorre, ela atinge o homem inteiro, pois no seu cerne está a Igreja Católica. Tal inversão nas tendências acaba de ser analisada por Henri Tincq em entrevista para a revista "Le Point".1 Colaborador regular do "Slate" e do "Le Monde des Religions", Tincq é um dos grandes bardos do "catolicismo progressista" (atual vanguarda do comunismo) e estudioso de outras religiões. Ele acaba de publicar o livro La Grande Peur des Catholiques de France – O grande medo dos católicos franceses (Grasset, Paris, 208 pp).
Coerentemente com sua posição doutrinária, nessa obra ele lança um gemido de alerta contra "a tentação conservadora, leia-se reacionária" que vê espalhar-se na Igreja Católica, cuja extensão o leva a "não mais reconhecer minha igreja" (a progressista, socialista, sindicalista e contestatária). O catolicismo revolucionário de Tincq foi responsável pela mais formidável mudança de paradigma ocorrida na história da Igreja, gerando na França políticos e sindicalistas de esquerda. Seu equivalente brasileiro se acha articulado na CNBB e no PT.
Mudança de paradigma é um termo acadêmico, aplicado com toda propriedade aos abalos religiosos registrados desde 1965. Poderíamos também falar de Revolução Cultural, por seu paralelismo com a revolução de maio de 68, ou com a revolução de Mao Tsé-Tung, para apagar o passado cultural chinês. Não falta quem a identifique com a estratégia postulada pelo doutrinador comunista Antonio Gramsci.
Henri Tincq lamenta, pois a França hoje se move num sentido em que os jovens abandonam o mundo
LEGENDA:
- Henri Tincq lamenta que a França se mova hoje num sentido que leva os jovens a abandonar o mundo laicista democratizado e a procurar na Igreja Católica os valores seguros da Fé.