(continuação)
leigas ou religiosas com a recusa plena desse projeto. Abortistas, comunistas e piqueteiros peronistas protagonizaram nas ruas, em torno do Congresso, badernas próprias do derrotado que não sabe perder, as quais foram logo dissolvidas pela polícia. Atitude análoga foi assumida por grandes jornais, que vituperam as fake news das redes sociais apenas quando elas não servem às esquerdas. O grande quotidiano socialista "El País", de Madri, deblaterou contra a Argentina, que teria retrocedido um século ao recusar um projeto generoso — na verdade, criminoso — que liberalizava o aborto até os níveis espantosos existentes em países da União Europeia. O jornal pró-socialista "Le Monde", de Paris, bateu todos os recordes de fake news, ao afirmar que diante do Congresso argentino havia dois milhões de pessoas pró-aborto. Fato materialmente impossível, aliás, mas que servia para desabafar a sua "democrática" antipatia a uma decisão que se reveste de características democráticas.
Um engenheiro argentino, de férias com a família na China, escreveu num foro virtual que, ao sair de uma igreja católica no centro histórico de Xi'an — cidade que foi capital imperial —, foi abordado por um grupo de freiras que havia acompanhado de perto a polêmica sobre o aborto na Argentina e o seu auspicioso desfecho. Emocionadas, elas o felicitaram, acrescentando que os argentinos não podiam imaginar o efeito universal da sua recusa à morte de inocentes.
O fracasso dessa ofensiva abortista trouxe alegria e ânimo a todos os que lutam pela Lei de Deus no mundo, desafiando até a mudança de paradigma do Papa Francisco. Mas trata-se ainda de uma batalha no início de uma guerra. De grande valor, mas uma batalha à qual se seguirão outras. Os defensores do aborto, e seus cúmplices nos ambientes eclesiásticos, fazem antever que não arredarão o pé na Argentina. Juram que voltarão à carga em 2019, com novo projeto. Comentaristas mais argutos observam que, devendo uma eleição renovar parcialmente o Congresso, os candidatos não ousarão defender uma bandeira tão impopular como a do aborto.
Em 2020, os inimigos de Cristo, da Igreja e da vida voltarão sem dúvida a agir. Contarão para isso com o silêncio do Papa, dos bispos e dos maus sacerdotes a respeito da moral e da doutrina católica?
LEGENDAS:
- Resultado da votação no painel do Senado. Em vermelho: RECHAZADO (recusado).
- Consequência da derrota: baderna dos abortistas, com a participação de comunistas e piqueteiros peronistas.
Paulo Henrique Américo de Araujo
As feministas alegam defender os interesses das mulheres, mas os fatos as desmentem.
Uma das iniciativas mais funestas, na tarefa em que se empenham os destruidores da Civilização Cristã, é o chamado feminismo. As raízes relativistas, hegelianas e marxistas desse movimento se encontram, em boa medida, nas ideias de Simone de Beauvoir, "companheira" de Jean Paul Sartre, o criador da escola existencialista.1 Beauvoir baseou-se no princípio da luta de classes, arma que Marx inventou contra a "opressão" dos ricos sobre os pobres, e estendeu o conceito à "opressão" do homem sobre a mulher. Assim, deve ser combatido qualquer aspecto da convivência humana que não seja regido pela igualdade entre os sexos, mesmo em questões cujas diferenças biológicas são flagrantes.
Em conferência promovida pelo Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, a Profª. Fernanda Takitani afirmou que "a origem das atuais discussões sobre 'gênero' pode ser buscada no movimento feminista, que nega a complementaridade entre o homem e a mulher".2 Tanto o feminismo quanto a ideologia de gênero negam essa complementaridade, portanto são parceiros na guerra infame que movem contra a concepção católica de família; no fundo, contra a Civilização Cristã.
Atualmente, o viés mais radical do feminismo chega inclusive a promover rituais místicos dos mais bizarros, segundo observou Julio Loredo em recente estudo.3 Todas essas tendências não conseguem, no entanto, esconder as contradições e falsidades em que se baseiam. Para demonstrá-lo, convido o leitor a acompanhar o raciocínio a seguir, que possibilita reconhecer os reais fundamentos do feminismo.
Se o feminismo fosse coerente com seus princípios, não faria acepção ideológica em relação às mulheres. Entretanto, nem sempre essa alegada "defesa das mulheres" se apresenta no currículo feminista. Vejamos um exemplo.
No último mês de maio, correu como rastilho de pólvora na imprensa brasileira a ação da policial Katia Sastre, que evitou um assalto
LEGENDA: Simone de Beauvoir.