Plinio Corrêa de Oliveira
(Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 4 de setembro de 1985.
Essa transcrição não passou pela revisão do autor.)
Da Índia tradicional temos uma amostra nesse templo todo dourado e meio posto dentro d'água. Indica bem um dos aspetos mais atraentes dos indianos, que são um povo sonhador. Não no sentido de quem sonha com coisas vãs e irrealizáveis. É um sonhador que possui alma grande e aspira por coisas extraordinárias, muito superiores ao terra-a-terra da vida comum, e por isso acaba realizando maravilhas. Não estou empregando uma fórmula vazia, é uma realidade psicológica palpável.
Como foi possível construir um templo assim? Construir tem seu mérito, mas é secundário em relação aos anseios da alma, ao cogitar e planejar. Coisas assim são fruto principalmente de uma elaboração de alma. Muitos pensaram numa vida, num teor de existência, num ambiente muito superior ao de todos os dias. E sob o impulso de seus anseios interiores, nobres e superiores, começaram a modelar algo que suas almas pediam. Quando se pensa numa beleza de difícil concepção, quando se planeja algo de difícil realização, sonha-se. Portanto, não é o sonho do preguiçoso, do tonto. É o sonho do homem realizador, a fixação de um objetivo alto.
Há na Índia outros templos cujas cúpulas têm uma base de diâmetro relativamente pequeno, alargam-se suavemente, depois terminam numa pontinha no alto. É como a alma que contempla uma realidade normal, comum, mas deseja mais. Elabora então uma coisa superior, e numa tendência gradual para cima atinge um círculo ainda maior, e um ideal se realiza. Depois ele tende ainda mais para o alto. Há algo que represente melhor o gráfico de um sonho?
Essas várias cúpulas, quase empilhadas umas nas outras, dão ideia de uma prodigiosa capacidade de sonhar, de acumular coisas lado a lado, de maneira tal que o homem fique meio tonto com a imensidade e a beleza das coisas que cogitou.
Entretanto, é preciso considerar que essas obras foram pensadas e realizadas por almas pagãs, que não conheceram a única luz verdadeira da Terra: o Lumen Christi. O que seria dessas almas, se fossem católicas? Se tivessem sido batizadas e praticado intensamente a Religião Católica, o que teriam feito? Santos indianos, como seriam? Que arrojos, que realizações, que audácias, que vitórias!