Após sua expulsão da Europa, os jesuítas foram acolhidos na Rússia pela imperatriz Catarina, a Grande, em 1773. A ordem de dissolução foi adiada no Império Russo até muito depois da morte dela, quando a Companhia já estava reintegrada em outros lugares.
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para Gênova em busca de abrigo. Pignatelli encontrou depois hospedagem na legação de Ferrara, não apenas para os jesuítas de sua província, mas também para os que tinham sido forçados a voltar das missões da América. Entretanto, com a supressão de toda a Companhia pelo Papa Clemente XIV, em agosto de 1773 essa comunidade foi dissolvida.
Tornados padres seculares, e proibidos de exercer o ministério sacerdotal, os dois irmãos Pignatelli foram obrigados a procurar refúgio em Bolonha, onde viveram em retiro. Dedicaram-se ao estudo, e Pignatelli começou a colecionar livros e manuscritos sobre a história da Companhia. Nos 24 anos seguintes, manteve contato com seus irmãos dispersos por várias partes do mundo.
Em 1775, o recém-eleito Papa Pio VI concedeu permissão aos ex-jesuítas sobreviventes para se reunirem com os membros da Companhia de Jesus em funcionamento no Império russo. José de Pignatelli procurou ir para lá a fim de juntar-se a eles, mas várias razões o obrigaram a adiar sua partida. Durante esse atraso, foi autorizado por Fernando, Duque de Parma, a restabelecer os jesuítas em seu ducado, do qual os tinha expulsado em 1768 por pressão de Portugal, França e Espanha. Com jesuítas vindos da Rússia, e outros que estavam dispersos em vários locais, isto se concretizou em 1793. Um passo que favoreceu a restauração dos jesuítas consistiu na abertura de um noviciado autorizado pelo Papa em Colorno, no Ducado de Parma, do qual o santo foi eleito mestre de noviços.
Em 6 de julho de 1797, São José Pignatelli renovou seus votos religiosos. Em 1801, Carlos Emanuel IV, Rei da Sardenha e Duque da Savoia, obteve para os jesuítas o direito de residirem em seu reino; e tornando-se viúvo em fevereiro de 1815, ele próprio entrou no noviciado da Companhia.
Com a morte do Duque de Parma em 1802, o ducado foi absorvido pela França. No entanto, os jesuítas nele permaneceram imperturbados durante 18 meses, período em que Pignatelli foi nomeado pelo Papa Pio VII Superior Provincial dos Jesuítas na Itália. Depois de considerável discussão, obteve permissão para os jesuítas servirem no Reino de Nápoles. A autorização, pelo breve papal de 30-7-1804, foi muito mais favorável do que a concedida a Parma.
Os jesuítas sobreviventes pediram então para ser recebidos de volta entre seus confrades de Nápoles. Mas muitos estavam ocupados em vários cargos eclesiásticos, e viram-se obrigados a permanecer neles. Foram abertos um colégio e escolas na Sicília. Quando essa parte do reino caiu em poder de Napoleão, foi ordenada a dispersão dos jesuítas, mas o decreto não foi aplicado rigorosamente.
Pignatelli fundou faculdades em Roma, Tivoli e Orvieto, e os padres jesuítas iam sendo gradualmente convidados para outras cidades. Durante o exílio do Papa Pio VII e a ocupação francesa dos Estados Papais, a Companhia de Jesus continuou intocada, em grande parte devido à prudência de Pignatelli, que conseguiu evitar qualquer juramento de lealdade a Napoleão e garantiu a restauração da Sociedade na Sardenha.
Em 1806 ele se transferiu para Roma, onde preparou sem ruído o renascimento da Companhia, ocorrido em 1814 sob o mesmo Pio VII. Mas a essa altura o santo já havia falecido. Entregara sua alma a Deus no dia 15 de novembro de 1811, aos 74 anos de idade, vítima de uma hemorragia resultante de sua tuberculose. Seus restos mortais descansam num relicário sob o altar da Capela da Paixão, na Igreja do Gesù em Roma.
A causa de canonização de Pignatelli foi introduzida sob o Papa Gregório XVI. Foi beatificado em 21 de maio de 1933 por Pio XI e canonizado por Pio XII em 12 de junho de 1954.
Insigne tanto pelo talento quanto pela cultura sagrada e profana, São José de Pignatelli deu mostras de dons especiais de prudência e conselho. Cultivando todas as virtudes religiosas, assinalou-se particularmente pela fortaleza, paciência na adversidade, e por uma enorme confiança em Deus. Tal era sua liberalidade com os pobres, que muitos julgavam que o dinheiro se multiplicava em suas mãos.
Devoto amoroso do Sagrado Coração de Jesus e filho devotíssimo da Mãe de Deus, ele costumava rezar: “Senhor, entrego meu passado à vossa misericórdia, meu futuro à vossa providência, e meu presente ao vosso amor”.
O Papa Pio XI afirmou que São José de Pignatelli era “o principal elo da cadeia entre a Companhia que existira e a Companhia que voltaria existir, [...] o restaurador dos Jesuítas”.
Fontes:
- https://en.wikipedia.org/wiki/Joseph_Pignatelli
- https://www.ignatianspirituality.com/ignatian-voices/18th-and-19th-century-ignatian-voices/st-joseph-pignatelli-sj
- http://www.santiebeati.it/dettaglio/77825
- http://it.cathopedia.org/wiki/San_Giuseppe_Pignatelli
Bula Sollicitudo Omnium Ecclesiarum do Papa Pio VII (1814), para o Restabelecimento Perpétuo da Companhia de Jesús