Antes de apresentar a matéria de capa, como habitualmente se faz nesta página, faremos uma referência rápida ao falecimento do Dr. Paulo Araújo Corrêa de Brito Filho, diretor de Catolicismo por 42 anos, que a assinava pessoalmente. Através desta seção, os leitores que nos acompanham há mais tempo conheceram-no enquanto destemido jornalista católico e contra-revolucionário, mas não cabia aqui ressaltar outros aspectos da sua personalidade. Para conhecer melhor alguns desses aspectos, além da profundidade das suas convicções católicas, sugerimos ao prezado leitor iniciar sua leitura pelas páginas 8 a 13, onde tais aspectos são mais desenvolvidos.
Plinio Corrêa de Oliveira, por exemplo, inspirador e principal colaborador de Catolicismo, chamava-o sempre de Paulinho, e afirmou que o temperamento do nosso já saudoso diretor era o que mais se parecia com o dele: comunicativo, pacífico e cordato com todos. Afirmou também que "Paulinho é um monumento de pureza".
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A matéria principal desta edição apresenta resumidamente a vida de Martinho Lutero, o frade apóstata que perpetrou a Revolução Protestante (1517). Não como essa vida é descrita por certos historiadores protestantes — "maquiada" a fim de não chocar os que se filiaram à seita protestante —, mas fundamentada em grandes e idôneos historiadores. Sem as distorções cosméticas, mostra-se a verdadeira biografia de Lutero, sobre quem muito se fala, mas pouco se conhece como realmente ele foi — um depravado impostor que causou graves danos à Igreja e ao mundo, espalhando suas funestas teses heréticas. Este fato é confessado até mesmo por comparsas, que colaboraram com ele na fundação e difusão do protestantismo.
"Pelos frutos se conhece a árvore", e os péssimos frutos produzidos pela pseudo Reforma Protestante nos levam a conclusões seguras sobre a "árvore luterana". Para conhecer esses frutos, basta ler a presente matéria de capa. Conheceremos também os efeitos das suas sementes, que geraram em diversos países outras árvores abomináveis: inúmeros falsos profetas e falsos pastores, que desviaram multidões de almas da única Religião verdadeira, a Santa Igreja Católica Apostólica Romana.
Além da suma importância dessa matéria, ela é também muito atual, para evitarmos os erros de um falso ecumenismo que se difundiu nos ambientes católicos. Ainda recentemente, o Cardeal Raymond Burke denunciou, por meio do site TheWandererPress (10-1-19), que há um projeto de converter a Igreja em uma denominação protestante; e que, com base em um conceito vago de "sinodalidade", se está relativizando o ministério papal e promovendo uma revolução semelhante à dos "reformadores" protestantes.
O Prelado alertou que a Igreja não pode ter os mesmos ensinamentos e disciplinas protestantes. Questões fundamentais e inegociáveis são, por exemplo, os erros protestantes concernentes à Eucaristia e ao matrimônio.
Pergunta — A mídia vem noticiando, com frequência cada vez maior, casos escandalosos de abusos sexuais por parte de clérigos, o que leva alguns a duvidarem da Fé católica e se afastarem da Igreja, ou pelo menos da prática religiosa. Outros dizem que seria melhor eliminar o celibato sacerdotal, alegando que ele é o responsável por tais abusos. Qual a melhor defesa que um católico pode fazer da Igreja nessa situação constrangedora? Esses fatos podem ser denunciados, ou isso equivaleria a levar água para o moinho dos inimigos da Igreja?
Resposta — Começamos por esclarecer que nem todas as denúncias de abuso divulgadas pela mídia ou investigadas pela Justiça são verdadeiras. Sabe-se que em muitos países os veículos de divulgação, como também muitas autoridades da Justiça, são hostis à Igreja Católica, e vão acusando e condenando sacerdotes e prelados sem ouvi-los, desrespeitando assim a presunção de inocência de que goza qualquer acusado até o julgamento.
É inegável, contudo, que muitas das investigações confirmaram grande número de casos de abuso sexual por parte de clérigos, incluindo bispos e até mesmo um cardeal de muito destaque. Revelou-se ainda a existência de verdadeiras redes de corrupção dentro de alguns seminários e em organismos ligados à Igreja.
O celibato sacerdotal nada tem a ver com a difusão dessa praga moral do abuso sexual. Estudos estatísticos sérios provam que em mais de 80% dos casos trata-se de abusos de adolescentes ou de jovens de sexo masculino por parte de clérigos homossexuais. Um estudo, em particular, provou que o número desses abusos cresceu exatamente na mesma proporção em que aumentou o número de pessoas com atração homossexual nas fileiras do Clero.
Essa infiltração se deu de modo especial a partir da década de 1960, devido ao relaxamento nas condições para a admissão nos seminários e na disciplina destes, bem como pela relativização da Moral nos estudos de Teologia após o Concílio Vaticano II. Contribuiu também a difusão da chamada "homo-heresia", ou seja, o erro de afirmar que a atração homossexual não é contrária à natureza, e que as relações homossexuais são lícitas.
Não é a primeira vez na história da Igreja que a heresia e a corrupção moral se espalham como câncer entre os que são chamados a ser "o sal da terra" e "a luz do mundo" (Mt 5, 13-14). Mas, em cada circunstância, os Papas e os Santos conseguiram reformar o Clero e restaurar tanto a disciplina eclesiástica como a pureza dos costumes, que deve caracterizar os ministros de Deus. No tenebroso período que atravessamos hoje, essa necessária reforma moral das fileiras do Clero e da Hierarquia nem sequer começou.
Diante desses escândalos, e para fortalecer a nossa fé, convém relembrar que, de acordo com o Catecismo do Concílio de Trento, a Santa Igreja fundada por Nosso
A Arca de Noé, que continha animais puros e impuros (Gn 7, 2; 1 Pd 2, 6; cfr. At 10, 9; 11, 4-18), era também uma imagem e semelhança desta Igreja [militante].
A Arca de Noé – Zac Kinkade. Thomas Kinkade Gallery, Nova York–Nova Jersey.