| VERDADEIRO VARÃO... | (continuação)
dos princípios, especialmente nas questões de moral, mas que ia até o zelo pelo respeito às boas regras da linguagem. Era linear a sua retidão nas intenções e no trato com as pessoas. Poderíamos adaptar ao senhor o elogio de Nosso Redentor ao Apóstolo São Bartolomeu: "Eis um verdadeiro membro do grupo no qual não há fraude".
Por tudo isso, somado à sua particular inclinação pelas questões teóricas da doutrina católica, não é de estranhar que recebesse incumbências muito graves e importantes, que destoavam do diminutivo Paulinho e requeriam, pelo contrário, um encarregado muitíssimo sério e de inteira confiança doutrinária e humana. Basta pensar que durante várias décadas, enquanto responsável pelo Serviço de Imprensa, o senhor foi o porta-voz oficial da TFP brasileira, mesmo quando Dr. Plinio estava entre nós, enfrentando valentemente e de viseira erguida a imprensa socialista, inimiga da Contra-Revolução e da Civilização Cristã.
Não podemos encerrar estas palavras sem mencionar aquela que foi a máxima paixão de sua vida, ao lado das reuniões sobre temas doutrinários com Dr. Plinio e alguns outros discípulos, denominadas MNF. Refiro-me ao seu querido Catolicismo, cuja direção herdou do saudoso Dr. José Carlos Castilho de Andrade em 1976. Assumiu-a com tal entusiasmo e dedicação, que poderia ser tomado, por quem não o conhecesse de perto, como se fosse uma espécie de santo exclusivismo. Catolicismo era, para o senhor, mais ou menos o que o Sepulcro do Salvador foi para os Cruzados: não descuidavam dos demais interesses da Igreja e da Cristandade, mas a posse do Santo Sepulcro era o que lhes dava ânimo para todo o resto. Dir-se-ia que a Providência Divina veio buscá-lo com a pena na mão, revisando minuciosamente as provas do próximo número da revista, com a esperança de que ele contribuísse para apressar a vinda dos acontecimentos previstos por Nossa Senhora de Fátima em 1917.
Seu ânimo comunicativo manifestou-se tanto no apostolado externo — desde a época das viagens pela América Latina e a assistência aos grupos da Espanha e Portugal — quanto no apostolado interno das reuniões; e mais recentemente, junto aos demais residentes da sede Janua Cœli, assim como no labor jornalístico junto com a equipe editorial que formou e dirigiu até o último hausto.
Nessa hora extrema, o senhor deu um jeito de ser o mesmo até o fim, indo apresentar-se diante de Deus e da Santíssima Virgem com a mesma discrição e singeleza com que viveu — sem incomodar ninguém, como o próprio Dr. Plinio havia anunciado. Nem por isso, caro Dr. Paulinho, o senhor será um anônimo aos olhos de Deus e das futuras gerações de membros do nosso grupo. Pois, ao acolhê-lo na eternidade, Nosso Senhor dirigir-lhe-á as palavras que uma voz misteriosa dirigiu a Jeremias: "Antes que no seio fosses formado, eu já te conhecia; antes de teu nascimento, eu já te havia consagrado". E o senhor não poderá objetar como o Profeta — "Ah! Senhor Javé, eu nem sei falar, pois sou apenas uma criança" — pois o Reino dos Céus é precisamente para os despretensiosos.
Vá, inesquecível Dr. Paulinho, vá receber esse prêmio demasiadamente grande, e interceda junto a Nossa Senhora e nossos santos padroeiros a fim de nos obterem de Deus a graça de, também nós, sermos despretensiosos e fiéis até o fim. Sobretudo, peça para nós a graça de termos a alegria de ver raiar o quanto antes os primeiros albores do Reino de Maria anunciado em Fátima!
Amém!
Durante mais de uma década, incentivou uma jornada anual de formação de jovens universitários de vários estados brasileiros, da qual fazia questão de participar ativamente.
Dr. Paulo Brito discursa em ato público realizado em 3-10-2015 no Pátio do Colégio (SP).