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| PALAVRA DO SACERDOTE | (continuação)

divino com que Deus criou os seres humanos”.

Como vimos acima, não se pode afirmar de maneira alguma que a diversidade de religiões seja desejável, posto que ela é, de um lado, fruto do pecado e da malícia dos homens; e de outro lado ela é o resultado da ação de Satanás. Por esse motivo o Salmo 95 afirma que “os deuses dos pagãos são demônios”; e São Paulo pergunta na Segunda Epístola aos Coríntios: “Que compatibilidade pode haver entre Cristo e Belial?” (6, 15). Belial é a personificação bíblica do mal e dos ídolos do paganismo.

Creio na Igreja, una, santa, católica e apostólica

Em relação à outra pergunta do missivista, respondemos que não é razoável interpretar benignamente essa frase, como significando que Deus tolera as falsas religiões, da mesma forma como o semeador da parábola tolera até a colheita o joio colocado pelo inimigo. O texto subscrito pelo Papa Francisco inclui numa mesma frase coisas boas e desejadas por Deus — sexo, cor, raça e linguagem — e também o pluralismo e a diversidade das religiões, como se estas fossem também coisas boas e desejadas por Deus.

Algumas diversidades foram positivamente desejadas por Deus. Por exemplo, a diversidade de sexo, mencionada no próprio relato da Bíblia sobre a criação do mundo como tendo sido criada e desejada por Deus: “Deus criou o homem à sua imagem; criou-o à imagem de Deus, criou o homem e a mulher” (Gn. 1, 27).

A “confusão das línguas” foi o resultado de um castigo de Deus, pelo fato de os homens quererem construir uma torre (Babel) que chegasse até o Céu. Ainda assim, ela foi positivamente desejada e causada por Deus, sendo em si mesma uma coisa boa.

A diversidade de cor e de raças é também, evidentemente, boa em si mesma.

Ao colocar a diversidade de religiões junto com essas outras diversidades boas em si mesmas, positivamente desejadas pelo Criador, o texto só poderia ser interpretado como sendo querida também por Deus a diversidade das religiões, como um bem para a humanidade. A contraprova de que esse seja o sentido natural do texto é que ninguém teria a ideia rústica de juntar numa mesma frase os desígnios positivos e os desígnios apenas permissivos de Deus (aquilo que Ele não deseja, mas tolera) e escrever, por exemplo: A diversidade de raças e o extermínio dos judeus em Auschwitz ‘fazem parte daquele sábio desígnio divino com que Deus criou os seres humanos’...

Posto que o sentido natural do texto é mesmo de que as diversidades de religiões fariam parte de um desígnio divino positivo, devemos desejar que o Papa Francisco faça uma retratação desse documento conjunto e professe de modo inequívoco sua fé no nono artigo do Credo: “Creio na Igreja, una, santa, católica e apostólica”, incluindo na sua profissão aquilo que o Catecismo da Igreja Católica ensina sobre a sentença “Fora da Igreja não há salvação”, tantas vezes repetida pelos Santos e Padres da Igreja: “Formulada de modo positivo, significa que toda a salvação vem de Cristo-Cabeça pela Igreja, que é o seu Corpo. [...] É por isso que não se podem salvar aqueles que – não ignorando que Deus, por Jesus Cristo, fundou a Igreja Católica como necessária — se recusam a entrar nela ou a nela perseverar” (n° 846). 

“Fora da Igreja não há salvação”: Formulada de modo positivo, significa que toda a salvação vem de Cristo-Cabeça pela Igreja, que é o seu Corpo. [...] É por isso que não se podem salvar aqueles que — não ignorando que Deus, por Jesus Cristo, fundou a Igreja Católica como necessária — se recusam a entrar nela ou a nela perseverar.


MEMÓRIA

Revolução e Contra-Revolução

Paulo Roberto Campos

Passados 60 anos de sua publicação, essa obra magistral continua atualíssima e sempre norteando atividades de movimentos e pessoas em vários países.

Catolicismo teve a honra de ser a primeira publicação a levar ao conhecimento público a obra Revolução e Contra-Revolução, de Plinio Corrêa de Oliveira. Foi estampada integralmente no centésimo número de Catolicismo, correspondente à sua edição de abril de 1959. Portanto, há exatos 60 anos.

Transcorridas seis décadas dessa publicação, ela permanece mais atual do que nunca. Prova disso são as atuais tiragens em diversas línguas, das quais a mais recente é a 4ª edição em francês, publicada em Paris no mês de janeiro último [capa ao lado].

Realça ainda mais a atualidade e importância da obra o fato de o processo revolucionário, denunciado em 1959, encontrar-se hoje em seu clímax em todas as nações; pois, conforme o autor demonstra, essa crise do homem ocidental e cristão é universal, una, total, dominante e processiva.1

Guia para os contra-revolucionários

Em nossos dias, Revolução e Contra-Revolução (doravante o citaremos com as iniciais R-CR) continua sendo o livro de cabeceira de uma extensa família de almas, que considera Plinio Corrêa de Oliveira seu maître-à-penser. São pessoas ou movimentos, que se intitulam contra-revolucionários e atuam em numerosos países; defendem toda a fidelidade à doutrina tradicional da Igreja; fazem oposição à hidra revolucionária e adotam esse livro como um manual teórico-prático indispensável para a eficácia de suas ações. Atualmente, diversos analistas políticos, inclusive alguns de tendência esquerdista, têm reconhecido a influência do pensamento do autor da R-CR na “onda conservadora” crescente em vários países, inclusive no Brasil.

Inicialmente, foi o manual de fundamentação doutrinária, histórica e prática que norteava o chamado Grupo de Catolicismo. Com efeito, em seu Auto-retrato filosófico,2 o Prof. Plinio escreveu sobre a R-CR: “O principal objetivo da obra foi explicitar, aos olhos do público, o sentido doutrinário profundo do prestigioso

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