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| MEMÓRIA | (continuação)

mensário de cultura Catolicismo”. Depois tornou-se o livro-guia para os membros da TFP, como o autor afirmou no mesmo Auto-retrato filosófico: “O mais destacado efeito de Revolução e Contra-Revolução foi ter inspirado, no Brasil, a constituição da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade; e fora do País, a fundação de organizações congêneres e autônomas, que hoje vicejam em quase todas as grandes nações do Ocidente e estendem seus ramos pelos outros continentes. Bureaux de representação das TFPs também existem em vários países, projetando desse modo os princípios doutrinários e os ideais de Revolução e Contra-Revolução por 26 países dos cinco continentes”.

Hoje o best-seller R-CR é manual de princípios que serve para nortear movimentos e suas atividades contra-revolucionárias em várias partes do mundo. Nesse sentido, o escritor norte-americano John Steinbacher registrou no prefácio de uma edição em inglês da R-CR: “Este livro é um catecismo da Contra-Revolução. A História registrou catecismos revolucionários no passado: Mein Kampf de Adolph Hitler, Das Kapital de Karl Marx e o Catecismo Revolucionário de Netchaev. Mas nunca houve um livro como este. [...] Não cabe nenhuma dúvida de que a última metade deste livro é o documento mais importante que jamais se escreveu, depois da Bíblia, posto que mostra, com clareza e de modo inequivocamente exato, como a Civilização Cristã pode ser salva por esta geração”.3 Veja também, no texto a seguir, o que escreveu, em 8-9-93, o renomado canonista Padre Anastácio Gutiérrez, C.M.F, fundador do Instituto Claretiano de Roma:

Revolução e Contra-Revolução é uma obra magistral, cujos ensinamentos deveriam ser difundidos até fazê-los penetrar na consciência de todos os que se sintam verdadeiramente católicos, eu diria mais, de todos os homens de boa vontade [...].

Atrever-me-ia a dizer que é uma obra profética no melhor sentido da palavra; mais ainda, que seu conteúdo deveria ensinar-se nos centros superiores da Igreja, para que ao menos as classes de elite tomem consciência clara de uma realidade esmagadora da qual, acredito, não se tem clara consciência. Isso, entre outras coisas, contribuiria para revelar e desmascarar os idiotas-úteis companheiros de viagem, entre os quais se encontram muitos eclesiásticos que fazem, de um modo suicida, o jogo do inimigo; esse setor de idiotas aliados da Revolução desapareceria em boa medida [...].

A obra é um produto autêntico da sapientia christiana. Emociona também ver em um leigo uma devoção tão sincera à Mãe de Deus e... nossa — sinal claro de predestinação.

Parte I: A Revolução4

Em síntese, o autor da R-CR define por Revoluçãoo processo já cinco vezes secular que — tendo como mola propulsora as paixões desregradas do homem, especialmente o orgulho e a sensualidade5 — motivou o movimento humanista e renascentista, assim como as Revoluções Protestante (1517), Francesa (1789) e Comunista (1917). Dessa forma, tal processo vem destruindo o magnífico edifício da Cristandade desde o declínio da Idade Média6 —época em que o ideal católico de sociedade mais se aproximou de sua realização — e vem precipitando a Igreja e o mundo no caos, tendo como objetivo implantar uma sociedade completamente igualitária e anárquica.

Parte II: A Contra-Revolução

O autor entende por Contra-Revolução a reação organizada que se opõe à Revolução e visa restaurar a Civilização Cristã: “Se a Revolução é a desordem, a Contra-Revolução é a restauração da ordem. E por ordem entendemos a paz de Cristo no reino de Cristo. Ou seja, a civilização cristã, austera e hierárquica, fundamentalmente sacral, anti-igualitária e antiliberal”.7

Para a realização de tal objetivo, “a Contra-Revolução é a luta para extinguir a Revolução e construir a Cristandade nova, toda resplendente de Fé, de humilde espírito hierárquico e de ilibada pureza”.8 Esse objetivo será alcançado “sobretudo por uma ação profunda nos corações. Ora, esta ação é obra própria da Igreja, que ensina a doutrina católica e a faz amar e praticar. A Igreja é, pois, a própria alma da Contra-Revolução”.9 Segundo a R-CR, o que é um contra-revolucionário? [vide resposta no quadro da p. 17].

Parte III: Revolução e Contra-Revolução 20 anos depois

Na edição de 1959, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira descreveu o processo revolucionário representado pelas três Revoluções (Protestante, Francesa e Comunista). A pedido dos editores da 3ª edição da R-CR em língua italiana, acrescentou em 1976 uma terceira parte, na qual revela uma nova etapa desse processo: a IV Revolução, ou Revolução Cultural. Ela teve seu marco na revolta estudantil de maio de 68 na Sorbonne, e visa estabelecer uma sociedade autogestionária, libertária e tribal. O autor delineia ainda o surgimento de uma V Revolução, na qual se percebe a entrada da propaganda incentivando o tribalismo e o satanismo.

Anos depois, em 1992,10 em decorrência da modificação no panorama internacional — por exemplo, o desmoronamento do Muro de Berlim (1989) e da Cortina de Ferro (1991) — ele fez um desenvolvimento das teses defendidas nas partes I e II.

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Primeira edição de R-CR publicada no Catolicismo, em abril de 1959.

Professor Plinio Corrêa de Oliveira.