| SEMANA SANTA | (continuação)
desafio às forças das trevas que tramaram a condenação do Divino Salvador.
Outra imagem, que mostra o realismo magnífico da imagem de Nosso Senhor Jesus Cristo morto, atrai muito a minha a atenção. Nota-se na compleição física a impressão da morte do Redentor, que se entregou para resgatar o gênero humano. Magnífica imagem, cuja dignidade é suficientemente alta para representar o Homem-Deus após sua crucifixão.
Quem procura imergir nas dores da Paixão e Morte de Nosso Senhor e no padecimento compassivo de Nossa Senhora, deixando de lado suas preocupações para revestir-se do tema e pensar apenas n’Ele, pode participar efetivamente daquele drama divino. Abstraindo das circunstâncias comuns da vida cotidiana, e desejando que a própria alma realmente reaja como deveria reagir naquele momento do sacrifício, no fundo está participando daquela dor. Esquece tudo o que diz respeito a ela mesma, e transforma-se num varão de dor acompanhando o Varão das Dores e a dor da Dama das Dores.
Uma invocação também verdadeiramente magnífica é Nossa Senhora da Graça e da Esperança. Invocação carregada da certeza de atendimento e da ajuda maternal.
Qual o motivo daqueles longos capuzes nas procissões de Semana Santa? [foto abaixo]. O anonimato aí se impõe, daí o capuz que vela o rosto; e também a túnica que vela o traje e encobre a identidade das pessoas, transformando-as em sombras que caminham atrás de Nosso Senhor, contemplando a imagem da dor e lamentando a sua dor. Tem-se a impressão da multidão dos fiéis ao longo dos séculos, sem nomes próprios, cuja identidade só Deus conhece.
Chamam-me a atenção os lindíssimos pálios. Alguns são verdadeiramente monumentais, têm uma riqueza muito grande que nos lembra a riqueza colonial da Espanha. Sinto uma alegria especial, pensando que foram confeccionados com o ouro da América. Ainda que se descobrisse a América só para fornecer esse ouro, já estaria bem empregado.
Todo esse aparato simboliza uma longa série de ideias e considerações, presentes nas mentalidades até o ponto auge, que é a fé na divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo e na Redenção do gênero humano. É um conjunto não menos belo que o de Clóvis [rei dos Francos,
Nossa Senhora da Esperança Macarena – Foto: Paulo Campos.