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Relato de Odina Côté, em 10 de junho de 1931*
* Sobre a fidedignidade da Sra. Odina Côté, depôs o conhecido sacerdote Amédée Fillion: "A Sra. Odina Côté, que escreveu o presente relato, é perfeitamente digna de fé. Declaro conhecer muito bem a família Côté, e declaro que ela é notável por seu espírito de fé. Não há dúvida de que os detalhes aqui transcritos são inteiramente verídicos."
Duas freiras do Bom Pastor, propagandistas do jornal "Petit Courrier", me deram em agosto de 1930 uma estampa de Nossa Senhora da Pureza. Coloquei-a num dos armários da cozinha, onde ficou até o mês de dezembro. Achando que ela tinha se deteriorado (a parte superior e os cantos estavam rasgados), lancei-a no fogo aproximadamente às duas horas da tarde. Por volta das quatro e meia, fui atiçar o fogo e colocar lenha no fogão. Qual não foi minha surpresa ao ver sobre as brasas incandescentes a estampa intacta. Entretanto, sem dar-me bem conta do que se passava, remexi as brasas e fui colocando-as sobre a pequena estampa.
Cerca de 10 minutos mais tarde, algo me dizia interiormente que eu deveria voltar e ver o que estava acontecendo. O lado direito estava um pouco queimado, mas a imagem se mantivera intacta, como que provando que tinha sido preservada milagrosamente. Chamei minha sogra, para que ela também pudesse ver como Nossa Senhora da Pureza protegia sua figura, e retirei-a do fogo. Ela estava tão quente, que foi preciso colocá-la numa chapa metálica para não me queimar. Contei o fato a meu marido e às senhoras amigas, e todos o declararam extraordinário.
Hoje considero milagrosa a estimada pequena estampa, e espero que Nossa Senhora da Pureza continuará a proteger minha família e velar sobre tudo o que é de meu interesse.
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Sob uma estampa de Nossa Senhora da Pureza, distribuída pelas Irmãs do Bom Pastor de Quebec, lê-se esta informação:
Em Quebec as Irmãs do Bom Pastor difundem esta estampa, que elas tanto estimam enquanto grande protetora desta Instituição religiosa em ocasião de incêndios. Em 1876, durante o terrível incêndio do Oratório São Luiz, a estampa foi posta voltada para as chamas. A moldura foi danificada, mas a estampa permaneceu intacta e as casas da Instituição permaneceram incólumes em meio às ruinas. Em 16 de dezembro de 1927, quando o fogo ateado no Pensionato São João Berchmans ameaçava abrasar a Casa Mãe e propriedades adjacentes, ao mesmo gesto de fé na Santíssima Virgem correspondeu semelhante proteção.
Desde 1903, uma pequena lâmpada elétrica permanece acesa, sem nunca ter sido trocada, diante da estampa de Nossa Senhora da Pureza, colocada num escrínio no corredor principal do Refúgio Santa Madalena como particular guardiã dos bons costumes. Orações contínuas são feitas diante desta estampa da Protetora do convento do Bom Pastor.
Não se sabe como a doce figura de Nossa Senhora da Pureza foi parar numa das casas do Bom Pastor de Quebec. O descuido de alguém a relegou à poeira de um sótão, mas Ela insistiu em sair desse desconhecido abandono e voltar à veneração de suas filhas. E para que não mais fosse esquecida, operou prodígios repetidos. Queria estar à vista de todos do Bom Pastor, pois esta Instituição tem como missão fazer retornar à prática da pureza mulheres decaídas, muitas delas mães. Era frequentemente árduo mover essas mulheres à correção, pois a perdição cria hábitos arraigados. A pureza virginal de Maria vinha em socorro daquelas dedicadas irmãs de caridade em sua luta pela virtude.
Os manuais ensinam que, de todos os pecados que levam as almas ao fogo eterno, a impureza é o mais premente deles. Nossa Senhora também o disse em Fátima. Assim, Nossa Senhora da Pureza, ao preservar do fogo passageiro desta terra a obra do Bom Pastor, alude claramente à sua misericórdia, pronta a preservar do fogo eterno a todos os que a Ela recorrem na luta pela pureza.
Padre David Francisquini
Resposta — Já expliquei, na coluna precedente [ver Catolicismo nº 821, maio/2019], a questão das relações entre o cristianismo e a religião judaica. Continuarei hoje tratando do aspecto mais importante, ou seja, das relações entre a Última Ceia, o sacrifício do Calvário e a Santa Missa.
Os quatro relatos da instituição da Eucaristia — nos evangelhos de São Mateus, São Marcos e São Lucas, e na primeira epístola de São Paulo aos Coríntios — descrevem como Jesus, ao celebrar com os seus a ceia pascal, tomou o pão e pronunciou sobre ele uma oração de ação de graças ou uma bênção, e o partiu. Em seguida ofereceu esse pão aos Apóstolos, ordenando-lhes que o comessem, e dizendo: "Isto é o meu Corpo". São Lucas e São Paulo acrescentam "que é entregue por vós". Depois tomou o cálice com o vinho, deu novamente graças, e (na versão de São Mateus) disse aos discípulos: "Bebei todos dele". E acrescentou: "Isto é o meu Sangue da Nova Aliança". Os três relatos evangélicos continuam, acrescentando que esse Sangue "será derramado por vós" e "por muitos".
Dizendo que o pão "é" seu Corpo, e que o vinho "é" seu Sangue, Nosso Senhor indicou que, pelas suas divinas palavras, essas matérias sofreram uma transformação — que a Igreja denomina "transubstanciação" — e passaram a ser realmente o Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo. Fazendo isso, Ele cumpriu o anúncio feito depois do milagre da multiplicação dos pães, que escandalizou
A Última Ceia – Frans Pourbus "O Jovem" (1569–1622). Museu do Louvre, Paris.