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ar, reluzindo como o sol. O bispo elevou um cálice, e a Hóstia foi baixando até acomodar-se dentro dele. Muitos documentos relatam o prodígio.

Em 1853, o Santo Padre Pio IX celebrou o IV centenário do milagre, com a presença de São João Bosco e de São Miguel Rua. O mesmo Papa aprovou o Ofício e a Missa do milagre para a diocese de Turim. Em 1928, Pio XI elevou a igreja de Corpus Christi à dignidade de Basílica Menor.

Santarém: o milagre da mulher e a bruxa

A igreja e a Relíquia do Santíssimo Milagre em Santarém, Portugal.

Em 1247 segundo alguns, ou 1266 segundo outros, em Santarém (Portugal) vivia uma pobre mulher, a quem o marido muito ofendia ao andar com outra.

Cansada de sofrer, foi pedir a uma bruxa que, com os seus feitiços, desse fim à sua triste sorte. Prometeu-lhe a bruxa remédio eficaz, mas para isso necessitava de uma Hóstia consagrada.

A mulher consentiu no sacrilégio, e foi à Igreja de Santo Estêvão, confessou-se e pediu a comunhão. Recebida a sagrada partícula, tirou-a da boca com cautela e a embrulhou no véu. Saiu logo da igreja, e partiu rumo à casa da feiticeira. Mas começou a escorrer sangue do véu da mulher, o que foi percebido por muitas pessoas, que passaram a lhe perguntar sobre os ferimentos que faziam jorrar sangue da cabeça. Confusa, a mulher correu para casa e encerrou a Hóstia numa de suas arcas.

À tarde chegou o marido. Durante a noite o casal acordou, e ambos viram a casa toda resplandecente com misteriosos raios de luz que saíam da arca.

Depois de informado pela esposa sobre o que fizera durante aquele dia, passaram ambos de joelhos durante o resto da noite, em adoração. Mal rompeu o dia, foi o pároco informado do prodígio.

Difundida a notícia, a população de Santarém acorreu pressurosa a contemplar o milagre. A Sagrada Partícula foi então levada processionalmente para a igreja de Santo Estêvão, onde foi depositada numa custódia de cera.

Passado algum tempo, ao abrir-se o sacrário, encontrou-se a cera em pedaços. Com espanto, podia-se ver a Sagrada Partícula encerrada numa âmbula de cristal, surgida miraculosamente. A Hóstia foi então colocada numa custódia de prata dourada, onde ainda hoje se encontra na Igreja do Santíssimo Milagre.

Em Avignon, as águas se abriram como no Mar Vermelho

A confraria dos Pénitents gris — fundada na cidade de Avignon (França) por Luís VIII, pai de São Luís IX — tem o Santíssimo Sacramento exposto noite e dia, desde 14 de setembro de 1226.

Em 1433, chuvas torrenciais fizeram transbordar os três rios da cidade, de tal maneira que os superiores da confraria foram de canoa à capela para salvar o Santíssimo. Abrindo as portas, constataram que as águas se mantinham como se estivessem retidas por grandes paredes à direita e à esquerda, deixando livre e seca a passagem até o altar — algo que faz lembrar a passagem de Moisés e dos judeus pelo Mar Vermelho.

Em torno do Santíssimo Sacramento tudo estava seco, e as águas subiam junto às paredes como tapeçarias, formando arcobotantes e teto, segundo registro dos arquivos da confraria. Os dois confrades chamaram outros 12, além de quatro religiosos franciscanos, três dos quais eram doutores em Teologia. Todos confirmaram o portento.

Para comemorar o milagre, todos os anos se celebra com solenidade a data de 30 de novembro, dia de Santo André. Pela manhã, os membros da confraria percorrem de joelhos, até a mesa da comunhão, o caminho preservado outrora pelas águas. Antes da adoração e da bênção do Santíssimo Sacramento, o pregador relembra o milagre e puxa o cântico Cantemus Domino, entoado por Moisés depois da passagem do Mar Vermelho.

Bolsena: milagre decisivo para a celebração de Corpus Christi

O corporal com as gotas do divino Sangue do milagre de Bolsena, na saída da Catedral de Orvieto, durante a procissão de Corpus Christi.

Na Basílica de Santa Cristina em Bolsena (Itália) conservam-se há sete séculos as relíquias menores de um histórico milagre eucarístico. "Menores", pois as "grandes" se encontram na catedral de Orvieto. Trata-se de pedras onde são bem perceptíveis coágulos do precioso Sangue de Nosso Redentor.

O fato miraculoso deu-se em 1264. Um sacerdote de Praga estava atormentado por dúvidas sobre a presença real de Jesus Cristo na Eucaristia. Enquanto dividia a Hóstia consagrada, durante a Missa, ele viu que o sangue brotava dela e se derramava sobre o altar.

Espantado pelo prodígio, achou melhor ocultá-lo. Recolheu as sagradas espécies nos panos litúrgicos e correu para a sacristia, sem reparar que gotas do Preciosíssimo Sangue iam caindo sobre o altar e o piso.

O Papa Urbano IV encomendou ao Ministro Geral dos Franciscanos, São Boaventura de Bagnorea, presidir uma comissão de teólogos que estudaria a veracidade dos fatos. Eles concluíram ser verdadeiro o milagre, e D. Jaime Maltraga, bispo de Bolsena, levou o sagrado corporal, o purificador e os linhos manchados de Sangue até Orvieto, onde então estava residindo o Papa.

O Pontífice e sua Corte foram receber as divinas relíquias sobre a ponte Rivochiero e as conduziram até Orvieto. Instituiu a festa de Corpus Christi, e encomendou a São Tomás de Aquino os famosos hinos eucarísticos que se cantam nas procissões.

Ettiswil – a seita satânica e o Santuário

Em Ettiswil, Suíça, o Santuário está dedicado a um prodígio acontecido em 1447.

Anna Vögtli de Bischoffingen, que pertencia a uma seita satânica,

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