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Um dos mais belos olhares

Plinio Corrêa de Oliveira

Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 21 de maio de 1983. Esta transcrição não passou pela revisão do autor.

A fisionomia de Santa Teresinha é extremamente plácida. Não se percebe contração em sua face, mas não é uma fisionomia embonecada, de uma pessoa que tenha o hábito de ser muito agradada. É a fisionomia de uma pessoa solitária, como uma carmelita deve ser. As carmelitas não vivem de agradinhos e quindins de umas com as outras. Tratam-se bem, mas sem carinhos excessivos.

Ela parece contemplar Nosso Senhor Jesus Cristo, que se aproxima para o sacrifício último que ela fará — a aceitação da morte, com a resolução deliberada de chegar até o fim da caminhada. Tão tranquila, que parece ocultar a dor; mas não consegue ocultar o fogo de sua alma, que transparece.

Há muita distinção no rosto da santa carmelita e no conjunto de seu corpo. Um rosto plácido, tranquilo e sereno. Chamam a atenção seus lábios finos e retos. Não são lábios bonitinhos, à maneira de uma boneca, mas um pouco voltados para dentro. Indicam seu senso muito exato de análise e crítica, mas com uma reserva muito grande. São lábios impassíveis, não dizem aquilo que os olhos vêem e interiormente comentam.

Uma chama de alma crepita. E na impassibilidade grandiosa da vida carmelita, ela pensa, deseja, contempla. Seu olhar insondável revela vitalidade enorme e nobreza. Olhos chamejantes, que revelam pureza completa num rosto impassível. É um dos mais belos olhares que tenho visto em minha vida.