P.14-15 | INTERNACIONAL |(continuação)

marchou para os prédios simbólicos e históricos, avenidas, estradas, monumentos. Uma maré de manifestantes envolveu durante horas a Casa Rosada e a residência presidencial, chegando a assustar o governo populista.

A vice-presidente tem ordem de prisão confirmada pela Corte Suprema, por isso tentou um imenso trambique rotulado de “reforma do Judiciário”, visando redistribuir cerca de 1.300 juízes a fim de se livrar dos magistrados que a processam por um gigantesco caso de corrupção. Mas um imenso ‘bandeiraço’ tomou conta da Argentina, especialmente diante da Corte Suprema de Justiça em Buenos Aires (equivalente ao nosso STF), conseguindo anular o golpe judiciário kirchnerista.

No dia 17 de outubro o governo organizou um ‘contra-bandeiraço’, com pífia adesão popular. Para dar a impressão de grande apoio, divulgou foto mostrando uma colossal manifestação. Mas a foto era da manifestação anterior, ou seja, da oposição! A fraude era tão evidente, que até se esqueceram de remover da foto o boneco inflável de Cristina Kirchner com roupas de prisioneira.

O comentário geral é que o governo está perdendo o domínio das ruas, e começa a atropelar para seguir adiante.

Invasões de propriedades particulares

Propriedades urbanas e rurais vêm sendo invadidas, com garantias fornecidas por juízes ideologizados, usando slogans ditados pelo Papa Francisco aos ‘movimentos sociais’. Em Guernica, periferia de Buenos Aires, uma área de mais de 100 hectares foi invadida por 2.000 pessoas, com táticas do MST brasileiro. Na turística Villa Mascardi, colada a um lago patagônico, supostos indígenas mapuches invadiram e devastaram uma bela área repleta de residências particulares, do Exército e da diocese local. Chegaram encapuçados, em caminhonetes do Instituto Nacional de Assuntos Indígenas (equivalente à FUNAI, no Brasil) e carros com placas chilenas, e começaram a derrubar árvores centenárias sobre as casas, incendiando-as em seguida. Praticaram mais de 100 assaltos, agressões, ameaças. Num auge de perversidade, fecharam a única estrada que serve à cidade vizinha. Os moradores removeram o bloqueio, mas foram indiciados por um juiz cúmplice dos promotores das violências. A iníqua decisão foi anulada por tribunal superior, mas ficou criada uma área de tensão social (“Clarín”, 8-10-20). Em sua propriedade, uma família foi sitiada pelos “indígenas”. Em Buenos Aires, pequenos proprietários defenderam-se, usando armas de fogo contra os invasores.

A impunidade do crime e os atropelos ideológicos descolaram o governo até dos setores que nele votaram. Mas esse neochavismo parece aguardar que o contra-ataque esquerdista cresça em países vizinhos e em outros que possam influenciar a Argentina. Notadamente, torcem por transformações no Brasil, e também por uma derrota do presidente Trump nas eleições presidenciais americanas.

A Bolívia no rumo chavista

Luis Arce (dir.), presidente eleito da Bolívia, passará a servir Evo Morales na presidência, da mesma forma como Alberto Fernández serve a Cristina Kirchner na Argentina.

Evo Morales é procurado pelo Ministério Público boliviano por sedição, terrorismo, crimes contra a saúde e genocídio (“Le Monde”, 18-12-19 e 11-8-20). Atualmente foragido na Argentina, recebeu de Fernández recursos para eleger presidente da Bolívia o economista Luis Arce. Tendo sido eleito, Arce passará a servir Morales na presidência, da mesma forma como Fernández serve a Cristina Kirchner.

Bloqueios de estradas promovidos pelo MAS (partido de Evo Morales) são responsabilizados pela morte, em apenas uma semana, de 31 doentes de covid-19, por falta de oxigênio. A presidente da Bolívia, Jeanine Áñez, denunciou na ONU o governo de Buenos Aires por amparar uma conspiração “violenta” e exercer “um assédio sistemático e abusivo contra as instituições e valores” de seu país (“La Nación”, 24-9-20).

Diabólica ofensiva bolivariana no Chile

Esquerdistas ateiam fogo dentro da igreja de São Francisco de Borja,

usada para cerimônias pelos Carabineros (corpo de polícia), em Santiago do Chile

No dia 18 de outubro, uma multidão anarquista profanou e incendiou com satânico frenesi duas igrejas históricas do centro de Santiago do Chile. Com vandalismo destruidor, pressionou a opinião pública chilena a aprovar o plebiscito, a fim de garantir a reforma da Constituição em sentido igualitário, ecológico e anárquico. Aprovação que de fato ocorreu, pois, no dia 25 de outubro, por 78,27% ele foi aprovado. Atingindo os votos contrários a apenas 21,73%.

No dia seguinte, Juan Antonio Montes Varas,* diretor de “Credo” e colaborador de Catolicismo, visitou as igrejas profanadas. Eis o seu relato:

“O que vi em muros que permaneceram de pé eram grosserias, obscenidades e até uma consagração a Lúcifer, escrita em mau latim e identificada com o número 666: ‘In nomine de nostre Satanas Lucifer excelsi’. Num altar de uma das igrejas incendiadas, outro grafite alusivo a Nosso Senhor Jesus Cristo: ‘Muerte al Nazareno’. Sobre o plebiscito, os anarquistas grafitaram numa parede: ‘Satã aprova’. Tudo isso misturado com ataques ao clero, à polícia, e um apelo à ‘libertação animal’. Entre as cinzas, os restos de uma imagem da Via Sacra, queimados e pichados, correspondiam a uma nova Paixão de Jesus Cristo.

“Esses incendiários são porta-bandeiras da ‘fraternidade’. Como é possível, num país de possantes tradições católicas, tantas pessoas participarem dessa orgia satânica? Como aceitar, de acordo com a recente encíclica do Papa Francisco, que somos ‘todos irmãos’?

“O espírito de rebelião, que ali se manifestava, cresceu juntamente com o abandono da Fé, em troca de ‘mais igualdade e mais fraternidade’. Ao voltar para casa, com o cheiro da fuligem impregnando minhas roupas, parecia-me ouvir o grito desesperado, blasfemo e eterno do demônio contra Deus. Somos todos irmãos?!”... 

* https://www.aldomariavalli.it/2020/10/21/cile-quelle-profanazioni-che-nascono-dallideologia-delluguaglianza-assoluta/
Página seguinte