as expressões de Calligaris) terem tomado as rédeas do poder em Roma. Eles constituíam a parcela dos irresponsáveis da época, incoerentes em seus raciocínios e adversos à ideia de serem julgados por seus atos no tribunal de Deus. Ao contrário do que diz o autor, o último recurso para a salvação do Império veio precisamente dos cristãos.5 O Imperador Constantino o percebeu, e por isso lhes deu a liberdade.
Os católicos daquela época recolheram os restos do Império decadente e empreenderam a sua reconstrução. Foi daí que vieram as instituições medievais. Com Carlos Magno, o Império Romano renasceu. Mais tarde a solidez da fé católica produziu as magníficas catedrais, as grandes universidades, a heroica e caritativa nobreza cristã, a síntese escolástica, as corporações de ofício... Todo esse conjunto de fatores proporcionou o surgimento da civilização cristã, esplendorosa e repleta de coerência.
Se hoje nossa cultura está morrendo, tal se dá em boa medida pela corrosão promovida por falsos “cultos” e por céticos como Alex O’Connor, Contardo Calligaris e seus frustrados seguidores, sejam eles jovens ou anciãos. Poderíamos perguntar-lhes: o seu ceticismo ilógico, o que produziu de verdadeira cultura? Ouviríamos provavelmente uma resposta vacilante, ou então as palavras cínicas do autor brasileiro: “Os cultos e céticos lutam para que cada um possa tocar a vida e gozar do jeito que lhe parece certo, sem ser julgado (apenas nos limites do Código Penal)”.
Somente católicos convictos de sua fé podem resgatar os restos de civilização cristã. O futuro pertence a eles, e não a céticos incoerentes e irresponsáveis.
A queda do Império Romano se deveu ao fato de os “céticos cultos”, “gozadores da vida” (as expressões são de Contardo Calligaris), terem tomado as rédeas do poder em Roma. – Destruição do Império Romano – Thomas Cole, séc. XVIII. New York Gallery of Fine Arts.
| AUTODEMOLIÇÃO DA IGREJA |
José Antonio Ureta
Na nova encíclica, o Papa Francisco propõe uma fraternidade universal naturalista, condenada por São Pio X.
Fratelli Tutti não parece uma encíclica, e sim a continuação do diálogo que desde o início de seu pontificado o Papa Francisco vem mantendo com agnósticos como Eugenio Scalfari, Dominique Wolton ou Carlo Petrini, na tentativa de levá-los a crer que a modernidade ateia é compatível com a doutrina católica.
As encíclicas dos pontífices anteriores recolhiam nas verdades eternas, contidas na Revelação divina, os ensinamentos aplicáveis à situação concreta da conjuntura eclesial ou temporal. Pelo contrário, a nova encíclica se apresenta como um “espaço de reflexão sobre a fraternidade universal” (nº 286) e propõe uma infinidade de análises exclusivamente humanas como denominador comum aceitável por todos, apesar das divergências religiosas ou filosóficas. Não por acaso ela é “dirigida a todas as pessoas de boa vontade, portanto muito além das suas convicções religiosas” (nº 56).
Essa procura do denominador comum com o agnosticismo é evidente na passagem da encíclica sobre “o consenso e a verdade”, onde sublinha ser a dignidade inalienável de toda criatura humana “uma verdade que corresponde à natureza humana, independentemente de qualquer transformação cultural” (nº 213). E acrescenta: “Aos agnósticos este fundamento poder-lhes-á aparecer como suficiente para conferir aos princípios