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havia convertido em Roma o judeu Afonso Ratisbonne, no ano de 1842).

O dia fatídico chegou. Na véspera, como é de praxe, o xerife Williamson perguntou a Cláudio se tinha um último pedido a fazer, antes de ser eletrocutado. Ele respondeu com estas palavras, que demonstram sua certeza da vida eterna: “Bem, todos os meus amigos estão abalados. O carcereiro está muito abalado. Mas o senhor não entende: Eu não vou morrer; apenas este corpo é que vai. Eu vou ficar com a Senhora. Então, eu gostaria de dar uma festa”.

“O quê?!” — perguntou o xerife, surpreso.

Cláudio não se perturbou: “Uma festa! O senhor daria licença ao Pe. O’Leary para trazer alguns bolos e sorvetes, e permitiria aos prisioneiros do segundo andar que venham ao salão, de modo que todos possamos ter uma festa”.

Isso foi concedido. O Pe. O’Leary obteve de um rico doador o material, e também participou da festa.

Uma grande tristeza

Depois da “festa”, como Cláudio havia pedido, fez-se uma Hora Santa na sua intenção e na de seus companheiros, embora sem o Santíssimo Sacramento. O sacerdote levou livros de orações, e eles rezaram uma Via-Sacra.

Na manhã da execução, Cláudio estava transido de alegria. Enquanto se preparava com o Padre O’Leary, para a morte, 15 minutos antes da execução o xerife Williamson irrompeu na sala, gritando que o governador havia concedido um adiamento de duas semanas. O que Cláudio não sabia é que o advogado distrital e o xerife estavam tentando postergar a execução, para conseguir salvar sua vida.

Para espanto do xerife, Cláudio começou a soluçar, inconsolável, e lhe disse chorando: “Mas o senhor não entende! Se o senhor já viu o rosto dela, e olhou nos olhos dela, não gostaria de viver outro dia! O que eu fiz de errado nas últimas semanas, para que Deus me recusasse a volta para casa? Por que, padre? Por que ainda devo permanecer aqui mais duas semanas?”.

Nesse momento o Padre O’Leary teve uma inspiração. Também estava no corredor da morte, por assassinato, um prisioneiro chamado James Hughs. Apesar de ter sido criado como católico, levou uma vida terrivelmente imoral. Ele tinha um ódio particular a Cláudio e a todos os sacerdotes. O padre propôs então a Cláudio que aceitasse sua decepção, por não ser executado naquele dia, oferecendo-a pela conversão de Hughs. O jovem aceitou isso generosamente, oferecendo por ele suas orações.

Para o Céu, mas não sozinho

Cláudio foi finalmente executado no dia 4 de fevereiro de 1944. Pouco antes ele disse ao Pe. O’Leary que atuaria no Céu como intermediário junto à Santíssima Virgem, para ajudar o sacerdote em tudo que precisasse.

O Padre O’Leary testemunhou: “Nunca vi ninguém morrer com tanta alegria e felicidade. Até as testemunhas oficiais e os repórteres presentes ficaram pasmos. Eles disseram que não conseguiam entender como alguém conseguia se sentar na cadeira elétrica radiante de felicidade”.

E o que aconteceu com James Hughs? No momento de ser executado, já sentado na cadeira elétrica, ele recusou com violência toda assistência espiritual, praguejando e blasfemando. Momentos antes de ligarem o dispositivo elétrico que haveria de lhe tirar a vida, olhou para um canto da sala e deu um grito, primeiro de espanto, depois de horror: “Arranjem-me um padre!”.

O Padre O’Leary, que esperava mesmo por um milagre, estava na sala. Aproximou-se então e ouviu a confissão completa do condenado.

Surpreso com o que ocorrera, o xerife Williamson perguntou ao condenado o que havia no canto da sala, que o impressionara tanto. James explicou que vira Cláudio Newman, tendo atrás de si a Santíssima Virgem, com as mãos em seus ombros. E que Cláudio obteve de Nossa Senhora que ele, James, tivesse um vislumbre do lugar que o esperava no inferno. A visão foi tão terrível que, cheio de terror, ele pediu um padre para se confessar.

Assim, a Medalha Milagrosa converteu em uma prisão não apenas um, mas dois condenados à morte, e os levou para o Céu.

A festividade de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa é celebrada no dia 27 de novembro de cada ano. 

Fontes:
-https://www.mississippicatholic.com/2015/09/16/clarksdale-immaculate-conception-celebrates-70-years/
-http://www.divinemysteries.info/tag/vicksburg/
-https://gloria.tv/post/vXxM2z4qruen4yBCU87zEP7VF
-https://www.isfcc.org/post/a-medal-a-vision-a-conversion-the-story-of-claude-newman?utm_source=sendinblue&utm_campaign=Claude_Newman&utm_medium=email
* A respeito da Medalha Milagrosa, vide também Catolicismo Nº 695, novembro/2008.


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| VIDAS DE SANTOS |

São Nuno Alves

Afonso de Souza

Nascido em 24 de junho de 1360 no Paço do Bonjardim ou Flor da Rosa, Nuno era filho de Frei Álvaro Gonçalves Pereira, cavaleiro dos Hospitalários de São João de Jerusalém e Prior do Crato, com Iria Gonçalves de Carvalhal, criada da Corte. Foi legitimado no ano seguinte pelo rei D. Pedro I de Portugal, podendo assim receber educação equivalente à dos filhos de famílias nobres.

Até os 13 anos viveu na casa paterna, e se incorporou então ao séquito do rei D. Fernando, iniciando-se “como bom cavalgante, torneador, justador e lançador”, e sobretudo no gosto da boa leitura. Consta que aprendeu nos “livros de cavalaria que a pureza era a virtude que tornara invencíveis os heróis da Távola Redonda, e procurava que a sua alma e corpo se conservassem imaculados”.1

Ainda nessa jovem idade, Nuno se distinguiu numa missão de reconhecimento do exército castelhano, que passava por Santarém a caminho de Lisboa, ocasião em que ele e seu irmão Diogo foram armados cavaleiros. Num relatório que elaborou sobre essa missão, observou que o exército de Castela, apesar de grande, era mal comandado, podendo ser vencido por uma pequena força bem dirigida. Era o despertar de seu nativo gênio militar.

Na origem da Casa de Bragança

Embora Nuno Álvares quisesse fazer voto de castidade,


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