Não deixemos o Natal morrer!
Sobretudo neste ano em que, a pretexto da pandemia, são anunciadas suspensões ou restrições às belas e tradicionais cerimônias natalinas, especial dedicação e amor devemos consagrar às celebrações em honra do Menino-Deus.
Nesse sentido, e a fim de auxiliar nossos leitores em uma proveitosa meditação junto ao presépio — o qual recomendamos empenhadamente seja montado em cada lar, como antigamente —, publicamos nesta edição quatro matérias relacionadas ao Santo Natal.
Na mais profunda delas, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira comenta uma evocativa jaculatória: “Coração de Maria, no qual o Sangue de Jesus, preço de nossa redenção, foi formado”. O autor considera a sublime e insondável união entre Nossa Senhora e seu Filho Divino, na bendita noite de Natal, e expõe como nós, aproximando-nos d’Ela, nos aproximaremos do Menino Jesus.
Três outros textos incluem: um conto de Natal; um relato sobre preciosos costumes de Natal (como o ‘pudding’ real inglês); outro sobre canções natalinas, mostrando a unidade presente na variedade dos cânticos com os quais cada povo louva o Divino Infante com o seu modo peculiar.
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Em outra ordem de assuntos, destacamos também o importante manifesto lançado recentemente pelo Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, juntamente com 25 associações coirmãs e autônomas nos cinco continentes. Indica ele a necessidade de se resistir a diversos fatores — elencados e analisados no documento — que estão concorrendo para a autodemolição da Igreja, lamentavelmente executada por mãos de altas autoridades eclesiásticas. Ação traiçoeira, que agrava a crise e arruína a Cristandade.
Entre os mencionados fatores de autodemolição, a título de exemplo, aqui mencionamos o pronunciamento do Papa Francisco sobre “o reconhecimento legal das uniões homossexuais” e sua última encíclica Fratelli Tutti, contradizendo e entrando em confronto com o Magistério Tradicional da Igreja.
Persiste, portanto, a necessidade de uma resistência respeitosa e efetiva a algumas posições da autoridade eclesiástica, lastreada na célebre declaração de resistência — de autoria de Plinio Corrêa de Oliveira, publicada no mundo inteiro em 1974, e também transcrita em Catolicismo (Vide: http://catolicismo.com.br/Acervo/Num/0280/P01.html).
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A dramática situação na qual nos encontramos neste fim de ano contém um convite a que nos voltemos especialmente para a Sagrada Família — Jesus, Maria e José —, depositando a seus pés nossas súplicas pela urgente vitória da Igreja e da Cristandade, hoje tão ameaçadas pela autodemolição.
São esses nossos votos de Natal, extensivos a todos os leitores de Catolicismo e suas respectivas famílias. Que Deus, pela mediação de sua Mãe Santíssima, a todos abençoe e ilumine em suas atividades ao longo do Novo Ano que se aproxima.
Padre David Francisquini
Pergunta — Numa roda social, a conversa enveredou sobre horóscopos, cartas de tarô e coisas do gênero. Uma das minhas amigas reconheceu gostar de acompanhar os horóscopos no dia a dia, e um amigo disse que costuma recorrer a videntes para orientá-lo em suas decisões mais importantes, ou mesmo para satisfazer certas curiosidades. Lembro-me de ter ouvido sempre, quando era jovem, que a Igreja condena essas coisas. Ela continua reprovando isso? Ou houve alguma atenuação nesse ensinamento?
Resposta — A pergunta do missivista é muito pertinente, pois quando a fé entre os fiéis decai, automaticamente aumentam as superstições na sociedade. O Santo Cura d’Ars costumava dizer: “Deixe uma igreja sem vigário por 20 anos, e os paroquianos adorarão as vacas!”.
Isso resulta de vários fatores. Por um lado, todos nós temos dúvidas, perguntas internas, inseguranças; e por outro, somos curiosos e gostaríamos de conhecer antecipadamente o que vai se passar conosco e ao nosso redor. Resultado: quando as pessoas perdem a fé, vão procurar as certezas na superstição. Algumas pessoas imaginam que, lendo o horóscopo, acertarão o número da loteria ou do jogo do bicho. Isso é grave, não somente do ponto de vista religioso, mas até da saúde comportamental. Estudos têm demonstrado que as pessoas cujo “horóscopo do dia” é negativo tendem a se comportar de maneira compulsiva e irresponsável.
O Santo Cura d’Ars costumava dizer: “Deixe uma igreja sem vigário por 20 anos, e os paroquianos adorarão as vacas!”.
A resposta à pergunta do missivista é muito simples, e encontra-se no Catecismo da Igreja Católica (n° 2116):
“Todas as formas de adivinhação devem ser rejeitadas: recurso a Satanás ou aos demônios, evocar os mortos ou outras práticas supostamente ‘reveladoras’ do futuro (cf. Dr 18, 10; Jr 29, 8). A consulta dos horóscopos, a astrologia, a quiromancia, a interpretação de presságios e de sortes, os fenômenos de vidência, o recurso aos ‘médiuns’, tudo isso encerra uma vontade de dominar o tempo, a história, e finalmente os homens, ao mesmo tempo que é um desejo de conluio com os poderes ocultos. Todas essas práticas estão em contradição com a honra e o respeito, penetrados de temor amoroso, que devemos a Deus e só a Ele”.
Essa rejeição absoluta da adivinhação vem do Antigo Testamento, pois o mundo pagão era dominado pelas crenças na astrologia. Os romanos, por exemplo, acreditavam que as estrelas fossem divindades, ou pelo menos controladas por divindades. Apolo era o deus do sol, sua irmã Diana era a deusa da lua, e os planetas Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno também eram divindades.