A Ladainha do Imaculado Coração de Maria é quase toda uma transposição de invocações da Ladainha do Sagrado Coração de Jesus ao Imaculado Coração. Transposição adequada, porque Nossa Senhora é a perfeita semelhança de Nosso Senhor. Nessas condições, com as devidas adaptações, d’Ela se pode dizer muito do que se afirma da vida de Jesus.
A título de exemplo, consideremos uma das invocações da Ladainha: Coração de Maria, no qual o Sangue de Jesus, preço de nossa redenção, foi formado. É uma consideração muito bonita e apropriada para se meditar durante as ações de graças após a comunhão. Pelas leis comuns da reprodução da espécie, o homem traz consigo algo do sangue de seu pai e algo do sangue de sua mãe. Mas o preciosíssimo sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo foi exclusivamente formado por Nossa Senhora, como também a carne sacratíssima d’Ele, pois tratou-se de concepção miraculosa e do parto de uma virgem, não interveio obra de homem.
Santo Agostinho afirmou muito apropriadamente: Caro Christi, caro Mariæ (a carne de Cristo é de algum modo a própria carne de Maria). De maneira que em Nosso Senhor havia tão-só a carne e o sangue de sua Mãe Santíssima.
Assim, compreendemos melhor o que pode ter sido o período em que Nosso Senhor Jesus Cristo estava em gestação no corpo de Maria. Nesse período Ela ia concedendo todos os elementos vitais para a constituição do corpo do Homem-Deus, e já havia a união hipostática, que é a união das naturezas humana e divina na pessoa de Jesus Cristo. Não devemos imaginar que essa união tenha se dado apenas depois do nascimento de Jesus. Ela se deu a partir do momento em que Ele foi concebido. Tendo-se associado a natureza divina à natureza humana, deu-se a união hipostática, e Ele começou a se desenvolver em Nossa Senhora.