Catolicismo oferece a seus leitores, como tema de reflexão para a Semana Santa deste ano, um texto muito evocativo e comovedor sobre fatos sucedidos após a Crucifixão de Jesus. Damos assim continuidade à matéria de capa publicada na Quaresma do ano passado.
Esse texto é extraído do capítulo 8 (“O Triunfo”) do livro Jesus Cristo, Vida, Paixão e Triunfo, de autoria do Pe. Augustin Berthe (1830-1907). Nele o renomado autor e missionário redentorista expõe de modo pungente o que se seguiu à consumação do holocausto de nosso Redentor no Gólgota: o Sepultamento; e, passados três dias, sua gloriosa Ressurreição.
Conforme narra São Lucas: “Quando Eu ainda estava convosco, não vos disse muitas vezes que devia cumprir-se tudo o que de Mim está escrito nos livros de Moisés, dos Profetas e Salmos, e que, por conseguinte, era preciso que Cristo sofresse e ressuscitasse ao terceiro dia depois da sua morte, para que depois, em seu Nome, se pregasse a penitência e perdão dos pecados a todas as nações?” (Lc 24, 44-47).
O Sinédrio — assembleia dos que perpetraram o deicídio — tramou para o povo não acreditar na Ressurreição, mas de nada adiantou. Até os pagãos reconheceram que o Divino Crucificado “era verdadeiramente o Filho de Deus” (Lc 23, 47).
Antes de sua Ascensão aos Céus, Nosso Senhor Jesus Cristo indicou a missão dos Apóstolos — fidedignas testemunhas da Ressurreição — que era expandir a Igreja por todas as nações, pregando e convertendo todos os povos: judeus, romanos, idólatras, bárbaros. Iniciava-se o cumprimento das palavras divinas, que após a morte na Cruz atrairia todos a Ele (cf. Jo 12, 32).
A Cristandade assim nascia do sangue preciosíssimo do Varão das Dores. Devemos lutar para que ela triunfe inteiramente nesta Terra, com o maior esplendor possível. E pedir a Nossa Senhora, a Augusta Mãe das Dores, as forças necessárias para não vacilarmos nesse bom combate, como Ela não vacilou um instante sequer quando viu seu divino Filho morrendo na Cruz. Ela manteve a Fé, a certeza absoluta de que Ele ressuscitaria no terceiro dia.
Desejando a todos os nossos leitores uma proveitosa meditação desse tema na Semana Santa, transmitimos-lhes nossos votos de uma Feliz Páscoa.
Padre David Francisquini
Pergunta — Vejo em órgãos da imprensa que alguns bispos norte-americanos têm afirmado que o Presidente Biden, por ser favorável ao aborto, deveria ser proibido de comungar, enquanto outros dizem que a Eucaristia não pode ser utilizada como arma de guerra cultural. Embora eu tenha certeza de que os primeiros têm razão, gostaria de conhecer os motivos pelos quais a Igreja pode privar da comunhão quem promove o aborto.
Resposta — O pedido de nosso leitor tem todo o propósito, uma vez que a mídia do mundo inteiro divulgou a nota na qual o atual presidente americano Joe Biden, e sua vice Kamala Harris, manifestaram o propósito de transformar a decisão judicial Roe v. Wade (1973), da Corte Suprema americana, em lei federal que permite o aborto. Paralelamente, publicou fotografias e vídeos nos quais se vê Joe Biden comungando.
Na Argentina, a mesma perplexidade resultou de o atual presidente ter comungado, junto com sua concubina, numa missa celebrada na cripta da Basílica de São Pedro, poucos meses antes de apresentar o projeto que liberou o aborto no país vizinho.
Diante desses escândalos, os fiéis se perguntam se a doutrina da Igreja em relação ao aborto teria mudado. Porque, se não mudou, os políticos que promovem o aborto deveriam continuar proibidos de comungar, e até mesmo ser excomungados, ou seja, excluídos da Igreja.
Como o ensinamento da Igreja a respeito do aborto não mudou, nem pode mudar, há motivos de sobra para que essas duas penalidades sejam aplicadas aos homens públicos que discordam abertamente do ensinamento da Igreja Católica, pois a matéria é gravíssima em si mesma; e além do mais, ocasiona o massacre anual de milhões de inocentes no ventre materno.
O ensinamento da Igreja sobre o aborto é uma verdade irreformável. Declarou-o João Paulo II na encíclica Evangelium vitæ: “Com a autoridade que Cristo conferiu a Pedro e aos seus sucessores, em comunhão com os Bispos da Igreja Católica, confirmo que a morte direta e voluntária de um ser humano inocente é sempre gravemente imoral. Esta doutrina, fundada naquela lei não-escrita que todo o homem, pela luz da razão, encontra no próprio coração (cf. Rm 2, 14-15), é confirmada pela Sagrada Escritura, transmitida pela Tradição da Igreja e ensinada pelo Magistério ordinário e universal” (n° 57).
No texto acima, o negrito que colocamos na última frase destaca duas observações importantes: