Qual seria então a saída?
Para se aproveitar o solo, é preciso tirar a floresta. Vamos então desmatar o Acre todo? É claro que não. Temos apenas 14% do Acre desmatado nesses 50 anos de exploração, e isso é insuficiente para criar uma escala de produção, atrair investimentos. Compatibilizar esses interesses com as restrições que temos hoje, eu sei que não é fácil. É preciso conhecer a realidade, discutir com bases técnicas, ter bom senso, entendendo que 20 milhões de habitantes na Amazônia têm direito ao desenvolvimento. A sociedade precisa encontrar um equilíbrio nessa equação desmatamento/produção. Sem algum desmatamento não se cria uma economia forte.
Qual a sua sugestão para isso?
Isto que vocês estão fazendo, por exemplo, vindo aqui conhecer a realidade, é diferente da análise de um técnico paulista, por exemplo, com o olho muito voltado para São Paulo, sem conhecer a Amazônia. Ele acha que estamos destruindo tudo por aqui. Mas quando se vai do Acre para Belém, por exemplo, são 4 horas de voo apenas sobre matas. Vista assim, a floresta amazônica até parece indestrutível. Em São Paulo e no Paraná, boa parte da mata atlântica foi retirada para produzir. Hoje temos instrumentos para fazer isso de forma muito mais equilibrada, racional, desmatando apenas onde compensa, e não como era feito no passado. Fazer com monitoramento eficiente, pois a Amazônia não pode ser o lugar do ‘não pode’. E sabe-se também que por detrás dessas proibições há grandes interesses econômicos.
Enquanto presidente da Federação da Agricultura, o senhor acompanhou o resultado do Sínodo da Amazônia?
A atuação da Igreja hoje tenta mostrar para o mundo que a Amazônia é um espaço universal, que tem de ser preservado para as gerações futuras, dando ênfase muito grande à questão indígena. Os índios têm de ser respeitados, mas as reservas devem ser razoáveis, dentro de limites justificáveis. Muitas vezes são criadas com laudos antropológicos fraudados. Precisa-se de um critério técnico mais rígido, mais coerente. Quanto aos propósitos do Sínodo, devemos explicar que certas coisas divulgadas não correspondem à realidade. Isso representa uma intromissão da Igreja na política, e vem afastando muitos fiéis da religião. O atual Papa tem esta visão ideológica de esquerda, e lamentavelmente a Igreja tem atuado dessa forma. Proteger minoria não se faz apenas colocando em confronto os segmentos da sociedade.
Qual a sua mensagem para os leitores de Catolicismo?
Vou repetir o que dizem os especialistas. O Brasil, para produzir, não precisa desmatar nenhuma árvore a mais. Mas lembro que o processo de ocupação da fronteira agropecuária é dinâmico e gradual, é uma fronteira que avança. Onde o agricultor chegou e se consolidou, o padrão de vida é muito melhor. No Mato Grosso há mais de 100 cidades que nasceram recentemente, com essa ocupação da agricultura. Nos lugares onde essa fronteira não chegou, ou foi interrompida, impediu-se o avanço condenando as pessoas à pobreza. Quando olhamos para o Brasil à distância, e analisamos os números, podemos afirmar que não precisa de mais terra para produzir. Mas quando se põe a lupa sobre algum município da Amazônia, como no Acre, vemos que estão condenados à pobreza, caso não se aproveite o solo para produzir. Lamentavelmente, o solo para a agricultura é incompatível com a floresta.
José Antonio Ureta
A agenda igualitária da esquerda tem sido uma das grandes beneficiárias da covid-19. Junto com a China, ambientalistas verdes e promotores da governança global mal conseguem esconder sua alegria e satisfação com os fatos recentes.
No mês passado tivemos uma eloquente amostragem disso em Portugal, governado pelos socialistas. A fim de evitar oportunidades ‘desiguais’, o Conselho de Ministros luso proibiu as escolas particulares de ministrar aulas on-line durante o atual confinamento, imposto ao país sob o pretexto de impedir a propagação da ‘variante britânica’ do coronavírus… (Ai de quem pensar, e muito menos falar, em ‘vírus chinês’!).
Para isso foram decretadas férias antecipadas de 15 dias, válidas para todos os níveis de ensino, podendo ser prorrogadas. “Esta é uma interrupção letiva para todos”, afirmou o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, quando questionado sobre a possibilidade de os estabelecimentos fora da rede pública continuarem com o ensino à distância. “Este ziguezaguear, não digo oportunismo, mas espreitar sempre à exceção ou tentar fazer diferente, é o que nos tem causado tantos problemas em termos de sociedade”, destacou o ministro. Essa alusão se deve a que, no confinamento anterior, as escolas privadas continuaram a funcionar com aulas virtuais, enquanto a maioria das escolas públicas não podia fazê-lo por falta de meios.
Nesse ínterim foram distribuídos 110 mil computadores, e o ministro anunciou que 335 mil já foram adquiridos, mas ainda não foram entregues. Daí a extravagante decisão de que as escolas particulares não podem dar suas aulas on-line até que todos tenham as mesmas condições de estudar em casa.
Tiago Mayan Gonçalves, candidato liberal derrotado nas recentes eleições presidenciais, denunciou: “O que o ministro recomenda é o nivelamento de toda a população, sem qualquer tipo de justifica
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