Neste mundo descristianizado, a imensa maioria das pessoas foge da Cruz e procura os prazeres. Mas não encontra a felicidade almejada, a qual só se obtém nas vias traçadas por Deus para cada um individualmente. É no cumprimento do dever, muitas vezes exercido em meio a sofrimentos, que se encontra a verdadeira felicidade.
A imagem de uma rosa entre espinhos mostra bem que na aceitação dos sofrimentos permitidos pela Divina Providência se pode levar uma vida impregnada de alegrias espirituais e consolações. Quando o católico segue o rumo apontado por Deus, chega ao final da vida prelibando as alegrias e felicidades que terá no Céu por toda a eternidade.
Não as tem aquele que vive unicamente para o gozo da vida; pois, ao chegar ao fim de sua carreira, carregado de remorsos, sentirá um vazio na alma por ter escolhido caminho oposto ao indicado por Deus. Afirmou o mártir São Pedro Poveda: “Sem cruz não se terá a chave para abrir as portas do Céu”.
No século passado, conhecida apenas na intimidade de sua ilustre família, viveu na capital paulista uma menina que entendeu admiravelmente bem tudo isso. Em sua breve vida, levada com uma grandeza de alma que a todos surpreende e arrebata, ela amou e aceitou inteiramente a Cruz que Deus colocou sobre seus frágeis ombros. Estamos nos reportando à encantadora Teresinha Setúbal, filha muito querida de Da. Francisca de Sousa Aranha Setúbal e do célebre escritor Paulo Setúbal, membro da Academia Brasileira de Letras.
Essa admirável menina paulista, falecida com apenas 14 anos, teve sua vida atravessada pelas tempestades e pelos espinhos dos sofrimentos, mas iluminada pela Paixão e pela Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ela tudo suportou, muito unida ao Menino Jesus e à sua Mãe Santíssima, e confortada por ambos.
Procurando sempre o melhor para a boa formação espiritual de seus leitores, Catolicismo publica alguns aspectos dessa vida inédita, na matéria de capa deste número. Em episódios comoventes, ver-se-á quanta alegria de alma se tem ao aceitar o sacrifício, em inteira conformidade com a vontade de Deus.
A vida dessa virtuosa e inocente menina foi toda coroada por uma felicidade interior, ausente naqueles que só buscam os prazeres da vida. Quando fez a sua Primeira Comunhão, aos oito anos, Teresinha afirmou: “Foi o dia da ‘minha felicidade’. Eu senti o Céu dentro do meu coração, entreguei-me ao Menino Jesus, e compreendi tudo”. Noutra ocasião, sofrendo atrozmente e quase agonizando em seu leito de dor, disse à sua mãe: “Ouça, minha mamãezinha, eu sou a menina mais feliz, veja bem, a mais feliz do mundo”.
Sirva de exemplo para os nossos leitores, e para os brasileiros em geral, a dolorosa e fascinante vida da pequena Teresa, nascida neste País batizado com o nome de Terra de Santa Cruz e iluminado pelo Cruzeiro do Sul, mas que precisa ser recristianizado.
Padre David Francisquini
Pergunta — A Federação Islâmica do Brasil faz envio gratuito de livros, seja o Alcorão ou outros. Ao todo são 18 livros, podendo-se receber três por mês. Ter tais obras dentro de casa atrai o demônio, ou mesmo maldição? Constitui pecado mortal ler o Alcorão e outros livros islâmicos? Sei que o islamismo, assim como todas as religiões falsas, são obras que vêm do demônio, por isso peço-lhe o favor de esclarecer minha dúvida.
Resposta — Desejaríamos que todos os leitores tivessem o mesmo zelo e vigilância manifestados pelo nosso missivista ao perguntar sobre este assunto. De fato, as religiões falsas são favorecidas pelo demônio para afastar as almas da salvação, a qual nos vem por meio da única Igreja verdadeira, que é a Igreja Católica, fundada por Jesus Cristo para prolongar até o fim do mundo a sua obra redentora. Sendo o Islã a falsa religião que mais progride no mundo atual, sem dúvida tornou-se a arma mais perigosa da qual se serve o diabo para perverter ou perseguir os cristãos, até mesmo com atentados violentos realizados ao grito de Allahu akbar! (Alá é grande).
Nesta minha resposta eu amplio o alcance da pergunta do nosso leitor, de tal modo que ela se aplica — além do Alcorão e outros livros islâmicos — a todas as mensagens contrárias à Fé católica e aos bons costumes, que recebemos através dos recursos modernos da mídia escrita ou digital. No Código de Direito Canônico (CDC) há um título sobre “os meios de comunicação social e em especial dos livros”, em cujo cânon 823 é afirmado que “os pastores da Igreja têm o direito e o dever de vigiar para que a fé ou os costumes dos fiéis não sofram danos com os escritos ou uso dos meios de comunicação social”.
No passado a Igreja exercia essa vigilância estabelecendo um “Índice de Livros Proibidos”, que os fiéis não podiam ler sem cometer pecado mortal; ou até, em alguns casos, incorrer na excomunhão. A partir do momento em que houve uma proliferação de gráficas e de publicações, tornou-se quase impossível estabelecer um catálogo geral que os fiéis pudessem consultar. Além do mais, depois do Concílio Vaticano II tornou-se mal visto exercer a censura (Inquisição), preferindo confiar — ao meu modo de ver, de maneira leviana — no bom julgamento dos próprios fiéis.
O resultado foi que, por uma notificação de 14 de junho de 1966, assinada pelo Cardeal Ottaviani, o Papa Paulo VI suprimiu o Index Librorum Prohibitorum. Nessa notificação se diz que “tal Índice não tem valor de lei eclesiástica com as censuras que o acompanhavam”, mas “conserva sua força moral, enquanto adverte a consciência dos fiéis que, por exigir-lhe o direito natural, abstenham-se