P.04-05 | EDITORIAL |

O silêncio misterioso a respeito das fontes milagrosas de Fátima

Um enorme e dolorido calo no ombro, criado pelas cestas de peixe, depois de algum tempo se ulcerou e tornou-se canceroso. Era esta uma grave enfermidade para o peixeiro lisboeta Joaquim Neto. Contudo, não era o pior. Sua doença mais grave era moral: vivia com uma mulher com quem não era casado, tiveram três filhas, e para nenhuma delas pedira o batismo. Apesar de tudo, Maria Filomena Macieira, a mulher, residente na Avenida 5 de Outubro, n° 201 (Lisboa), era devota de Nossa Senhora. Compadecida das dores de Joaquim, recebeu uma inspiração sobrenatural e aplicou em seu ombro canceroso algumas gotas da ‘água da fonte de Fátima’, rezando por sua cura. Na manhã seguinte Joaquim estava completamente curado; e, carregando ao ombro o cesto de peixe, disse à mulher: "Estou doido de alegria. Desde que me pôs a água, não mais senti dores". Derramando copiosas lágrimas, ambos ficaram sem saber como agradecer o milagre operado pela ‘água de Nossa Senhora’. A Sabedoria divina os iluminou, e decidiram realizar logo o matrimônio religioso segundo a Lei de Deus e batizar as três meninas. O que ocorreu no dia 9 de janeiro de 1927, festa da Sagrada Família. Neste caso, foram dois os milagres — um físico e outro espiritual — sendo o mais prodigioso a conversão a Deus. A matéria de capa desta edição reproduz outros milagres ocorridos ao se fazer uso das águas da fonte de Fátima — a ‘Lourdes de Portugal’. Milhares de milagres como este, todos comprovados, aconteceram pelo simples fato de os doentes beberem das ‘águas de Fátima’ ou nelas se molharem. Só o boletim Voz da Fátima (que já em 1937 contava com a excepcional tiragem de 380 mil exemplares) registrou mais de mil curas prodigiosas, que surpreenderam médicos e cientistas. Cabe aqui uma pergunta: quem ouviu falar ou tem algum conhecimento desses milagres, muitos deles comprovados por médicos e autoridades? Tão geral desconhecimento faz pensar em um ‘tema proibido’. Por que ocultar tanta bondade maternal de Nossa Senhora, manifestada também desse modo a seus devotos em Fátima? Por que foram soterradas as abençoadas fontes? De posse de documentos idôneos, Catolicismo expõe pela primeira vez a seus leitores a história das ‘fontes de Fátima’. Uma história comovedora e maravilhosa de curas corpóreas, mas sobretudo de graças espirituais e curas morais, como a de empedernidos pecadores e libertinos que inesperadamente se converteram, fazendo uso das águas da Cova da Iria. Supliquemos à Senhora de Fátima, Salus Infirmorum, que opere o grande milagre universal da conversão de toda a humanidade neopagã, mesmo que se tenha de passar antes pelos merecidos castigos. E também, como outra graça prometida por Ela, o advento de seu reinado na Terra.
| PALAVRA DO SACERDOTE |

Qual o dia mais importante do ano no Calendário Litúrgico?

Padre David Francisquini Pergunta — Já li, salvo engano nesta revista, que o dia mais importante do ano, no calendário religioso do catolicismo, é o da Anunciação e Encarnação do Verbo de Deus (25 de março). Mas também já li que seria o Natal, ou ainda o dia da Ressurreição de Cristo. Qual é, afinal, a celebração magna da Igreja? O senhor poderia me esclarecer? Acho que esta questão interessará também aos demais leitores da ótima coluna que o senhor mantém mensalmente na revista Catolicismo. Resposta — A interessante pergunta de nosso leitor tem todo propósito, pois até o Papa Francisco, por ocasião de uma audiência geral, em março de 2018, perguntou: "Qual é a festa mais importante da nossa fé: o Natal ou a Páscoa?". E confessou: "Por muito tempo, eu achava que fosse o Natal".* Mas, se na época o pontífice tivesse consultado os antigos missais, nos quais vem indicado o grau de solenidade de cada festa, ele não teria hesitado. No Domingo da Ressurreição, os missais registram: "Solenidade das solenidades – Festa dupla de primeira classe com oitava privilegiada". De fato, a celebração da Ressurreição de Nosso Senhor é a maior festa do ano litúrgico. Como é sabido, cada ano a Igreja renova na sua liturgia a lembrança dos acontecimentos da vida de nosso Salvador. Na festa da Páscoa, celebra o triunfo de Jesus, vencedor da morte e do pecado. Este é o acontecimento central de toda a História, o ponto para o qual tudo converge na vida de Nosso Senhor; desde a sua Encarnação no seio puríssimo de Nossa Senhora, e, por isso mesmo, é também o ponto culminante da vida da Igreja no seu ciclo litúrgico.
Legenda da página:
A celebração da Ressurreição de Nosso Senhor é a maior festa do ano litúrgico.
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