| ENTREVISTA | (continuação)
ric Boundary Layer Experiment, NASA/INPE) em 1987, revelaram uma assimilação pela fotossíntese de 4,4 quilogramas de carbono por hectare por hora (kgC/ha/hora) durante o período diurno; e uma perda por respiração de 2,57 kgC/ha/hora durante o período noturno. Admitindo que esses números possam ser generalizados para os 550 milhões de hectares do bioma Amazônia, ter-se-iam 4,4 GtC/ano de sequestro de carbono, obviamente subtraída a taxa de respiração noturna. Considerando que as atividades humanas emitam cerca de 10 GtC/ano atualmente, tal sequestro corresponde a 44% das emissões de carbono antropogênicas. Se se admitir que o CO2 seja o grande controlador do clima global (a hipótese absurda defendida pelo IPCC), o desejável é que sua cobertura vegetal amazônica seja conservada. Na realidade, os impactos no clima global e na concentração global de CO2 não são argumentos fortes para se manter a floresta. Os principais argumentos são a conservação da biodiversidade e a proteção dos solos, evitando sua erosão, assoreamento dos leitos dos rios, mudança da qualidade de suas águas e de toda a vida que delas depende.
Porém, com o aumento da população global esperado para as duas próximas décadas (9 bilhões de habitantes), e considerando os cerca de 25 milhões de habitantes que vivem na região, a Amazônia não poderá permanecer intocada, à margem desse desenvolvimento social e econômico por vir. E todos concordam que a dificuldade é definir um conjunto de estratégias de desenvolvimento regional que seja distinto das tradicionais utilizadas até agora. Desenvolver a Amazônia para dar melhores condições de vida a seus habitantes é certamente uma necessidade, e sem dúvida um grande desafio!
Antes se falava em ‘aquecimento global’, e hoje são as chamadas ‘mudanças climáticas’. O que realmente vem acontecendo com a temperatura da Terra? Por exemplo, como pode ser explicado o derretimento das calotas polares?
Antes de tudo, o monitoramento por satélite mostra que na Antártica o gelo está aumentando. O derretimento do gelo flutuante no Ártico é um fenômeno recorrente. O primeiro registro científico publicado foi resultante de uma expedição norueguesa em agosto de 1922, chefiada pelo Dr. Adolf Hoel e enviada ao Ártico para saber por que o gelo tinha desaparecido. Seus integrantes fizeram medidas da temperatura da água até 3.100 metros de profundidade, perto do Polo Norte, e constataram que as águas estavam mais quentes que o normal.
Em um iceberg, 90% da massa de gelo está submersa, apenas 10% é parte acima da água. A água mais aquecida derrete parcialmente o volume submerso, e sua diminuição desestabiliza o iceberg, que desmorona, colapsa. Foi constatado em 2006-2007, pelo sistema ARGO de boias à deriva, que a responsável pelo degelo no Ártico é a água quente 1,5°C acima do normal, transportada pelas correntes marinhas, e não o aquecimento global dito ‘antropogênico’. Observações mostram, ao contrário, que as temperaturas de inverno da Groenlândia e Islândia estão diminuindo desde o início do séc. XXI.
O clima da Terra varia por causas naturais ainda não bem conhecidas, passa por períodos de aquecimento e de resfriamento. Por exemplo, as temperaturas já estiveram cerca de 3°C a 4°C mais altas que as atuais, há sete/oito mil anos, de acordo com o artigo de Shaun Marcott e colaboradores em 2013, no período conhecido como ótimo climático do holoceno, o interglacial que estamos vivendo. O período quente medieval (800 a 1250 dC), em que os vikings praticaram agricultura na Groenlândia, foi seguido de um período frio, conhecido por pequena idade do gelo (PIG), que durou até o início do séc. XX, possivelmente até 1915. Entre 1916 e 1945 houve um aquecimento, bem documentado, em que a concentração e emissão de CO2 pelas atividades humanas e pelo desmatamento eram muito pequenas. Portanto, torna-se difícil atribuir esse aquecimento à concentração de carbono na atmosfera.
Paradoxalmente, entre 1946 e 1975, quando as emissões de carbono antrópicas aumentaram significativamente devido ao grande desenvolvimento industrial pós-guerra, o clima se resfriou. O aquecimento desde 1976, e que possivelmente tenha terminado há 15-20 anos, está sendo atribuído às emissões de carbono pelas atividades humanas, incluído aí o desmatamento de florestas nativas. Porém, há grande probabilidade de esse aquecimento recente ter tido causas naturais, como os 5% de redução da cobertura global de nuvens, observada por satélites, que permitiu maior entrada de radiação solar no sistema climático; e a alta frequência de eventos El Niño, que reconhecidamente aquecem o clima.
Em síntese, não há evidências científicas de uma relação entre a concentração de carbono na atmosfera e a temperatura de superfície do Planeta. Em adição, fica muito claro que o clima do planeta é extremamente complexo, depende de fatores internos e externos, e que o CO2 não controla o clima global. Portanto, reduzir emissões de carbono, como quer o Acordo Climático de Paris 2015, é inútil no que se refere ao impacto no clima global. Lamentavelmente, a Encíclica Laudato Sì, em seus parágrafos 23 a 26, contribui de forma significativa e errônea para essa histeria do aquecimento global antropogênico e suas consequências.
Na contramão, existe maior probabilidade de que ocorra um resfriamento global nas próximas duas décadas. O Sol, nossa fonte de calor primária, está entrando num mínimo de atividade, mínimo esse que ocorre a cada 100 anos aproximadamente. O físico dinamarquês Henrik Svensmark afirma que a diminuição da atividade solar enfraquece o campo magnético solar e permite entrada em nossa atmosfera de um número maior de partículas de alta energia provenientes do espaço exterior, impropriamente denominadas raios cósmicos galácticos (RCG). Os RCG aumentam a cobertura de nuvens do Planeta Terra, que por sua vez reduz a entrada da radiação solar, da mesma forma como ocorre quando se fecham as cortinas de um recinto envidraçado. Consequentemente os oceanos se esfriam, e com eles o clima.
Se a hipótese estiver correta, e o resfriamento ocorrer, será muito ruim para a humanidade. Invernos mais frios e mais longos causam maior mortalidade de seres humanos e animais, além de frustrações de safras agrícolas especialmente em países fora dos trópicos.
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