| VIDAS DE SANTOS | (continuação)
pos de vinte, sob a direção de um superior sujeito a si, que era assistido por um auxiliar. Cada grupo tinha seu pavilhão e devia habitar sob o mesmo teto, exercendo determinado trabalho: alfaiates, marceneiros, escriturários, agricultores etc. Deviam também observar uma ordem do dia em comum.
São João Cassiano (360-435), nascido na Cítia Menor (atual Romênia), visitou os mosteiros de São Pacômio, e fundou depois perto de Marselha, na França, um mosteiro semelhante. Assim, a chamada Abadia de São Vítor foi um dos primeiros mosteiros masculinos na região; e o de São Salvador, o primeiro feminino. Ambos serviram depois de modelo para o desenvolvimento do período monástico ocidental. Por isso São João Cassiano é considerado o fundador do monasticismo ocidental.
Regra ditada por um anjo
Pacômio desejava que seus monges imitassem as austeridades dos eremitas. Escreveu então uma regra — dizem que ditada por um anjo [representação ao lado] —, a qual foi traduzida depois por São Jerônimo, e ainda existe. Esta facilitava as coisas para os menos competentes, não chegando ao mais extremo ascetismo dos mais capazes. As refeições eram em comum, mas os que desejassem ausentar-se delas eram encorajados a fazê-lo, sendo colocados em suas celas pão, sal e água.
Eis alguns pontos de sua regra:
● A admissão dos recrutas era precedida por um exame, do qual o santo se encarregava;
● O recruta ou postulante devia passar por um tempo de prova, durante o qual tinha que aprender a ler e a escrever (deve-se ter em vista que a educação geral era muito precária na época);
● O hábito religioso era uniforme para todos, baseado no das pessoas simples do país;
● Toda propriedade era posta em comum;
● Nenhum monge podia ser sacerdote; e se o candidato já o era, seria tratado como os demais irmãos;
● As refeições eram tomadas em comum, com dias de jejum prescritos;
● A oração era comum de manhã e à tarde. O Ofício Divino era também em comum aos domingos e dias de festa;
● Finalmente, e o mais importante: a obediência ao superior do grupo, sobretudo ao do mosteiro, era estrita, sendo Pacômio o superior.
O santo quis regular a vida da comunidade pela Sagrada Escritura, da qual os monges sabiam trechos de memória, e os recitavam em voz baixa durante o trabalho.
Embora tivesse sido ampliado várias vezes, o mosteiro logo ficou pequeno, sendo necessário fundar um segundo em Pabau. Um mosteiro de Chenoboskion juntou-se à Ordem, e antes da morte de Pacômio já havia nove mosteiros para homens e dois para mulheres.
Milagres e santa morte
Pode-se dizer que a vida monástica ou cenobítica no Egito nasceu com São Pacômio. Não era mais um chefe carismático que agregava ermitões reunidos em pequenos grupos em torno de si, mas uma comunidade de religiosos com regras precisas de vida em comum na oração, contemplação e trabalho, a exemplo dos primeiros apóstolos de Jesus.
São Pacômio foi agraciado por Deus com o dom dos milagres. No entanto, curava várias doenças ou aflições com uma única condição: somente se fosse para o bem da alma. Era também favorecido com o dom da profecia.
O grande Santo Atanásio quis ordená-lo sacerdote, mas Pacômio resolveu permanecer leigo, por humildade.
Morreu vítima de uma peste que assolava o Egito. O local de sua sepultura foi sempre desconhecido, porque antes de sua morte ele havia recomendado aos seus discípulos mais fiéis que o enterrassem num lugar secreto, para evitar a veneração de muitos de seus seguidores.
Até o século XII, a Ordem de São Pacômio era constituída por cerca de 500 monges. Assim como Santo Antão, o Grande, ele é considerado o instituidor da vida monástica e eremítica, o patriarca dos cenobitas.
De São Pacômio, diz o Martirológio Romano Monástico no dia 15 de maio: "Memória de São Pacômio abade, morto na Tebaida em 348. Testemunha da caridade cristã para com os prisioneiros no tempo de seu serviço militar, converteu-se e pediu o hábito monástico ao eremita São Palimão. Sete anos mais tarde, uma voz divina o mandou ‘construir uma casa em Tabenesse, para nela reunir muitos irmãos’. São Pacômio é assim considerado como o fundador do monaquismo cenobítico".2
Notas:
1. https://pt.wikipedia.org/wiki/Maximino_Daia
2. https://fr.wikipedia.org/wiki/Pac%C3%B4me_le_Grand
Outras fontes consultadas:
– https://nominis.cef.fr/contenus/saint/1127/Saint-Pacome-le-Grand.html
– http://www.santiebeati.it/dettaglio/52450
– The Catholic Encycopedia, St. Pachomius.
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