P.52 | AMBIENTES–COSTUMES–CIVILIZAÇÕES |

O mar, esplêndida imagem do absoluto

Plinio Corrêa de Oliveira Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 24 de maio de 1989. Esta transcrição não passou pela revisão do autor. O que é a verdade absoluta? Seria a verdade óbvia? Não necessariamente. Trata-se de uma verdade tão fundamental, que está na base de todas as verdades. Ela pode ser conhecida pelo espírito humano com tanta clareza, que produz nele uma impressão semelhante à de ter tocado num mar eterno; de ter tocado em algo fixo, perfeito, que nunca o abandonará, nunca o trairá, nunca será diverso, e que satisfaz a mente humana inteiramente. Isto se poderia traduzir pela palavra absoluto. Por quê? Porque exprime com perfeição a própria personalidade. O mar é uma imagem esplêndida desse absoluto. Ele foi criado com todas as contingências da matéria; mas tão verdadeiro, tão grande, tão completo, que contém em si a imagem de tudo que se pode passar no espírito humano. É abrangente, renova-se continuamente, e mantém sua estabilidade até mesmo durante uma tempestade. O mar abrange muitos paradoxos aparentes. Por exemplo, quando entramos na Baía de Guanabara encontramos o mar imenso, no entanto limitado por diversas ilhas e enseadas, podendo-se dizer que ali sua imensidade está limitada de mil modos. Vendo aquela grandeza, entretanto nos encantamos com seus movimentos graciosos. Depois, quando entramos para o alto-mar, nos encantamos de outra maneira, com outros aspectos. Ele contém todos os paradoxos em estado de harmonia, contém todos os movimentos em forma de estabilidade. Poderíamos ficar horas olhando para o mar, sem cessar de nos entretermos com ele. Poderíamos passar a vida inteira contemplando o mar na Baía de São Sebastião, por exemplo — ora andando de um lado para outro, ora num veleiro ou noutra embarcação — e ainda assim considerarmos ter preenchido a nossa vida. Das imagens de ordem natural, o mar é para mim a que melhor me faz lembrar de Deus. Mesmo um céu muito bonito não lembra tanto o Criador quanto o mar. Diante de todos esses aspectos, eu o considero a imagem mais exata do absoluto.