| PALAVRA DO SACERDOTE | (continuação) ao juiz os nomes de seus inimigos, e se a acusação proviesse deles, era anulada sem mais delongas. Acima de tudo, as falsas testemunhas eram punidas sem misericórdia. Além do mais, o acusado ficava em liberdade até ocorrer a acusação formal. Como já foi dito, o inquisidor devia conduzir o processo judicial em cooperação com o bispo diocesano ou seus representantes, aos quais deveriam ser remetidos todos os documentos relativos ao julgamento. Os dois juntos, inquisidor e bispo, deviam igualmente convocar e consultar vários homens justos e experientes (boni viri) e decidir de acordo com seu parecer (vota), especialmente no tocante à credibilidade das testemunhas, a gravidade da culpa e a pena. Finalmente, o acusado podia ainda fazer apelação do julgamento a Roma, que ditava a sentença definitiva com base em toda a documentação recebida.

Punições aplicadas aquém das merecidas

Como na justiça civil da época, os acusados contra os quais havia indícios veementes, mas que teimavam em negá-los, eram submetidos à tortura. Mas os inquisidores mais experimentados não davam valor às declarações obtidas sob tortura, a qual podia ser exercida somente uma vez, e de maneira a não colocar em risco a vida ou algum órgão do corpo. Na sua maioria, as punições não eram desumanas. Incluíam certas boas obras, como por exemplo, a construção de uma igreja, uma peregrinação mais ou menos distante, o oferecimento de uma vela ou de um cálice, a participação em uma cruzada etc. Outras tinham o caráter de punições reais, e até certo ponto infamantes, como por exemplo, multas, cujos lucros eram destinados a fins públicos como construção de igrejas, estradas ou semelhantes; chicotadas com varas durante o serviço religioso; o pelourinho; o uso de cruzes coloridas etc. Nos autos da Inquisição lemos com muita frequência que, em razão da velhice, doença ou pobreza da família, o castigo devido era reduzido pelo inquisidor por pura piedade, ou a pedido de um bom católico. A prisão perpétua era trocada por uma multa, e esta por uma esmola; a participação em uma cruzada era comutada em uma peregrinação, enquanto uma peregrinação distante e onerosa era trocada por uma visita a um santuário ou igreja vizinha, e assim por diante. Entre as penas mais duras figurava a prisão em seus vários graus, nem sempre considerada um castigo no sentido próprio, mas como uma oportunidade de arrependimento, uma prevenção contra a recaída ou a má influência de outras pessoas. A pena extrema era a excomunhão da Igreja e a consequente entrega ao braço secular, para ser queimado na fogueira. Não é possível afirmar — nem mesmo de modo aproximado — quantas vítimas foram entregues ao poder civil. Há apenas alguns indícios: no período mais ativo da Inquisição em Toulouse, entre 1308 e 1323, apenas 42 de 930 comprovados foram entregues ao braço secular. Esses dados e outros da mesma natureza ratificam a afirmação de que a Inquisição marca um avanço substancial na administração contemporânea da justiça; e na civilização geral da humanidade, portanto. Destino muito mais terrível, aliás, aguardava nessa mesma época o herege quando era julgado diretamente por um tribunal secular.
| BREVES RELIGIOSAS |

Vaticano freia condenação de políticos americanos abortistas

O Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, cardeal Luis Ladaria, escreveu ao presidente da Conferência Episcopal dos EUA, pedindo-lhe o adiamento da discussão de um documento que declara "não idôneos para receber a comunhão" os políticos católicos abortistas, entre os quais se encontra o presidente Joe Biden. A carta, orientada pelo Papa Francisco, afirma querer evitar "uma fonte de discórdia dentro do episcopado e da Igreja em geral nos EUA". De fato, bispos relativistas estariam dispostos a fechar os olhos à profanação dos Sacramentos por políticos imorais e maus católicos, os quais viram com bons olhos a recomendação do Vaticano.

Assessor do Papa Francisco foi expulso da Colômbia como subversivo

Juan Grabois, consultor do Pontifício Conselho Justiça e Paz — "ministério" vaticano para migrações, excluídos e marginalizados — foi legalmente expulso do território colombiano. As autoridades migratórias temiam que ele fosse cooperar com as destrutivas arruaças que assolam o país, e o deportaram como "uma ameaça à segurança", segundo ele mesmo reconheceu. O governo esquerdista da Argentina o defendeu, mas o ex-chanceler Jorge Faurie questionou a sua prepotência e ressaltou que Grabois nunca vai verificar o estado dos direitos humanos nas ditaduras comunistas da Venezuela ou da Nicarágua.

A mais antiga imagem de madeira da Crucifixão

O mais antigo crucifixo de madeira da Europa é o da Santa Face de Lucca (Itália), venerado em artística capelinha na Catedral. Chegou a Lucca no ano 782, proveniente da Terra Santa. A superposição com o Santo Sudário de Turim apresenta identidade de proporções. A confirmação foi dada pelo Instituto Nacional de Física Nuclear de Florença, por ocasião das comemorações da restauração da Catedral. Sempre se acreditou que é a mais próxima imagem de Cristo na sua Crucifixão. Desde a Idade Média essa imagem é objeto de um fluxo ininterrupto de peregrinações de franceses, alemães e anglo-saxões a caminho de Roma.

Juiz interdita lei de aborto na Argentina

O juiz federal de Mar del Plata, Alfredo López, suspendeu a lei de aborto em toda a Argentina. O mandato cautelar valerá até o julgamento do mérito da causa, o que deve demorar, pois "a Constituição defende a vida desde a concepção" e adota como lei a Convenção sobre os Direitos da Criança e o Pacto de São José de Costa Rica. Discute-se também o poder dos juízes federais para julgar a constitucionalidade das leis. Há apaixonada polêmica, apesar da inércia da Conferência Episcopal em matéria envolvendo o 5º Mandamento da Lei de Deus. A Câmara de Deputados de Santa Fé, terceira maior unidade da federação, "declarou seu beneplácito com a sentença". Juízes e promotores alinhados ao governo esquerdista enfrentaram magistrados que veem na lei uma violação dos princípios básicos do Direito e da Constituição.
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