| EDITORIAL |

O que se passou em Cuba

Depois de 62 anos oprimidos como se escravos fossem de um imenso latifúndio da família Castro, o povo cubano se levantou no último mês de julho exigindo liberdade e medidas contra o colapso sanitário e a crônica falta de alimentos.

Devido àqueles gigantescos protestos, não deixou de ser no mínimo curioso observar no mundo livre a choradeira geral da esquerda, dos obstinados propagandistas das “maravilhas do paraíso fidelcastrista”. Eles — que se blasonam de “guardiões dos direitos humanos, amantes da liberdade e da tolerância” — não deveriam ter sido os primeiros a exultar de alegria vendo triunfar a “liberdade de expressão”?

Pelo contrário, ficaram profundamente tristes. Por quê? — Com o desmoronamento do regime comunista em tantos países (sobretudo nos anos 1990 no Leste europeu), a existência de Cuba, teimando em manter um sopro de vida ao marxismo, tornou-se “oxigênio” para os pulmões criptocomunistas. Eles não conseguem mais viver sem a utopia marxista e entrariam em agonia se um dia a Cuba castrista morresse.

O fim do comunismo na pobre ilha abriria caminho para que a antiga “Pérola das Antilhas” retornasse à prosperidade anterior à tomada do poder pelos “talibãs” de Sierra Maestra em 1959, sob o comando do ditador marxista-leninista, carcereiro, déspota e opressor conhecido como Fidel Castro.

Os acontecimentos que se desenrolam em Cuba constituem a temática principal da nossa edição deste mês. Tratamos também da questão do embargo econômico — muito criticado pelos agentes da esquerda civil e religiosa, mas cuja suspensão só colaboraria para prolongar a vida do governo agonizante. Na mesma edição reproduzimos uma memorável carta de uma cubana ao Papa Francisco, implorando-lhe romper o silêncio e condenar o comunismo, assim como um artigo sobre o abaixo-assinado da TFP americana dirigido ao presidente Joe Biden, pedindo-lhe que escute a voz do povo que protestou nas ruas de várias cidades de Cuba.

Que resultados obtiveram aqueles protestos? Reprimindo violentamente os manifestantes e jogando-os nas abarrotadas e insalubres prisões, conseguiu o governo comunista sufocá-los? Emergirão novas ondas de protestos? Serão elas suficientes para dar um ‘basta’ definitivo ao regime tirânico que tortura física e psicologicamente há seis décadas a sofrida população cubana? Quem viver, verá...


| IN MEMORIAM |

Dr. Fausto Jorge Borsato, diretor de Catolicismo

A cidade de Ponta Grossa (PR) é uma amostra da judiciosa ocupação do imenso hinterland brasileiro. A beleza ímpar da natureza, o valor dos primeiros povoadores, a virtude dos sacerdotes aos quais foi confiada essa grei — destacando-se a figura ímpar de Dom Antônio Mazarotto, primeiro bispo diocesano (1929–1965) —, tudo isso se conjugou para produzir um público católico bem formado e verdadeiramente devoto.

Fausto Jorge Borsato foi, juntamente com seus irmãos e irmãs, fruto desse ambiente. Em 1964, ao visitar a pequena Agência de Catolicismo no centro de Curitiba, viu ali pela primeira vez o estandarte rubro da TFP com o leão dourado, que condensava tão bem o ideal contra-revolucionário para o qual se sentia chamado. Era como se o leão proclamasse para ele: “Aqui está a verdade mais verdadeira”.

Esse primeiro vislumbre o acompanharia durante toda a sua vida de piedade, estudo, apostolado e empreendimento, orientando-o em suas mais importantes decisões.

Formado em engenharia civil pela UFP, permaneceu alguns anos em Curitiba, integrando o Grupo de Catolicismo local. Em 1970 transferiu-se para São Paulo, onde passou a colaborar com a TFP fundada pelo Dr. Plinio Corrêa de Oliveira. Entre os seus múltiplos empreendimentos, destaca-se a Artpress Gráfica e Editora, que praticamente assumiu a edição de todas as obras da TFP. Mais tarde fundou a Editora Petrus, que vem publicando inúmeras obras seletas. A Artpress conta hoje, graças aos seus esforços, com uma nutrida carteira de clientes, e chegou a possuir uma rotativa para a impressão de jornais de média tiragem.

Seu espírito empreendedor levou-o, nos anos de 1980, a arrematar um conjunto de glebas no atual Estado do Tocantins, vindo a constituir a próspera Fazenda Nossa Senhora do Bom Sucesso, que se fez muito conhecida, tornando-se foco local de irradiação de boas influências.

Todas essas atividades visavam favorecer economicamente a obra do fundador da TFP — o que o Dr. Fausto fez largamente —, mas as via como coisas de algum modo secundárias. Ele tinha bem claro que muito mais importante era sua doação pessoal à TFP como contra-revolucionário consagrado a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Grignion de Montfort. Modelar na piedade, ele sabia incuti-la também entre seus empregados e em sua vasta gama de relações. Suas escolhas e decisões eram sempre pautadas por finalidades mais elevadas.

A fim de se manter sempre atualizado no tocante às novidades da área gráfica, ele viajou algumas vezes à Europa, ocasião que aproveitou para o seu enriquecimento espiritual e cultural. A partir do momento em que, por motivos técnicos, a Artpress deixou de imprimir a nossa revista, da qual era diretor, Dr. Fausto empenhou-se desinteressadamente em manter a revista, estabelecendo contratos terceirizados com outras gráficas, garantindo assim a continuidade de nossa publicação até os dias de hoje.

Contagiado no último mês de junho pelo covid-19, o que poderia parecer num primeiro momento sintomas sem maior importância, o seu estado de saúde foi-se agravando, levando-o à internação no Hospital Samaritano de São Paulo, onde veio a falecer no dia 6 de agosto, confortado pelos Sacramentos da Santa Igreja.

Sepultado no jazigo do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, no Cemitério da Consolação, foram lhe prestar as últimas homenagens seus familiares, os diretores e sócios do Instituto, bem como colaboradores de Catolicismo, funcionários de suas empresas e numeroso cortejo de amigos.

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