Nosso entrevistado:
Dom Bertrand de Orleans e Bragança
Em 14 de novembro passado comemorou-se o centenário do falecimento da Princesa Isabel, herdeira presuntiva do Império do Brasil. Uma das marcas históricas de sua vida consistiu no seu empenho em abolir a escravidão no País, com a aprovação da Lei Áurea no histórico dia 13 de maio de 1888.
Catolicismo publicou então uma matéria sobre a vida da “Redentora” no Brasil, o banimento da Família Imperial e seu exílio decorrente das artimanhas de ateus republicanos que articularam o golpe de 15 de novembro de 1889.
Naquele mês desejávamos também publicar uma entrevista com o Príncipe Imperial do Brasil, Dom Bertrand de Orleans e Bragança, bisneto da Princesa Isabel, a qual devido às suas inúmeras atividades só se tornou possível para esta edição de janeiro.
Quando pedimos ao Príncipe essa entrevista, ele imediatamente acedeu, dizendo: “É com sumo gosto que atendo ao pedido de Catolicismo de uma entrevista sobre a Princesa Isabel, de quem me honro descender”.
Nosso nobre entrevistado é irmão do atual Chefe da Casa Imperial do Brasil, Dom Luiz de Orleans e Bragança, trineto de Dom Pedro II e bisneto da Princesa Isabel. Formado pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco, coordenador e porta-voz do movimento Paz no Campo, Dom Bertrand tem percorrido o Brasil, participando de eventos, concedendo entrevistas, fazendo conferências para produtores rurais, empresários e estudantes, em defesa do sagrado direito à propriedade privada e da livre iniciativa. Nessas conferências, alerta para os efeitos deletérios da Reforma Agrária e dos movimentos ditos sociais, que desejam afastar o Brasil dos rumos benditos da civilização cristã.
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Quais foram para Dom Bertrand os traços essenciais da Princesa Isabel?
Para se compreender bem a formação de seu caráter e de sua personalidade, cumpre considerar que ela possuía a visão de estadista de Dom João VI, que o moveu a transferir a capital do Império português para o Rio de Janeiro; de Dom Pedro I ela herdou o temperamento forte, o gênio voluntarioso, os gostos enérgicos e corajosos, junto com uma natureza expansiva, comunicativa e franca; de Dom Pedro II, o gosto do estudo, o desapego dos bens materiais, a consciência do dever pelo bem da Pátria; da mãe, Dona Teresa Cristina, o que esta tinha de melhor: a Fé católica e a piedade solidamente haurida de seus maiores.
A Princesa Isabel era católica, militantemente católica, de onde lhe vinha uma personalidade única. Ao mesmo tempo, generosa e disposta a perdoar, mas nunca a ceder em questões de princípio nem de ordem moral.
Estava profundamente compenetrada daquilo tão bem explicitado pelo Papa Pio IX na encíclica Quanta Cura, de que “os Estados subsistem quando tomam por fundamento a Fé católica”, e de que “o poder real não foi dado unicamente para o governo deste mundo, mas acima de tudo para a proteção da Igreja”.
Em contraste com certo feminismo desabrido hoje em voga, a Princesa Isabel era um exemplo de como se pode ser verdadeira e inteiramente mulher, esposa, mãe e, ao mesmo tempo, acompanhar os mais altos assuntos e interesses da sociedade e da Nação.
Uma alma verdadeiramente católica!
Toda a atuação da Princesa Isabel foi pautada pela Fé, pelos princípios do Evangelho, bem como pelo amor à Pátria e a consciência de uma missão a cumprir pelo bem do seu País. Era fervorosamente católica, mas não tinha nada de beatices... Muita sensibilidade, admirável clareza de ideias, firmeza de princípios inabalável. Suas devoções centrais eram à Sagrada Eucaristia e à Santíssima Virgem. Acompanhava o calendário litúrgico e prestigiava a vida paroquial.
Como foi a formação da Princesa Isabel?
Dom Pedro II amargou muito a perda, em tenra idade, dos dois filhos varões, Dom Afonso Pedro (1847) e Dom Pedro Afonso (1850), em quem anelava ver