| MATÉRIA DE CAPA |

2021 em retrospectiva

James Bascom


Catolicismo apresenta a matéria de retrospecto do ano findo com três artigos de seus colaboradores. O primeiro, mais extenso, trata de algumas nações do hemisfério norte e da dolorosa crise que atinge a Igreja Católica; o segundo expõe a situação de países da América hispânica; e o terceiro analisa o Brasil. Do denominador comum do mundo inteiro deduz-se que assistimos a uma vulcânica autodestruição acelerada de todas as instituições enquanto uma esquerda exausta confronta uma direita ressurgente.


Se houvesse uma única imagem capaz de resumir todo o ano de 2021, esta seria a do grande avião americano C-17 decolando da pista do aeroporto de Cabul cercado por centenas de civis afegãos. Em uma tentativa patética de escapar com vida do Taleban, alguns conseguiram agarrar-se ao avião e decolar, apenas para da altura das nuvens cair para a morte estatelando-se no solo. Depois de 20 anos e mais de US $ 2 trilhões gastos no Afeganistão, os Estados Unidos da América — o país mais poderoso do mundo — foram derrotados e humilhados perante o mundo inteiro por alguns milhares de selvagens maometanos empunhando fuzis AK-47s.

Essa poderosa imagem levou muitos a fazerem uma comparação entre Cabul e Saigon em abril de 1975, quando milhares de vietnamitas desesperados arriscaram a morte para escapar dos exércitos comunistas do Vietnã do Norte.

Como a queda do Vietnã do Sul para o Vietcong, a queda do Afeganistão para o Taleban não aconteceu porque os EUA foram derrotados no campo de batalha. Pelo contrário, os Estados Unidos nunca perderam uma batalha em ambas as guerras. Nem aconteceu por falta de dinheiro. De fato, alguns meses depois, o presidente Joe Biden e os democratas acabaram aprovando uma conta básica de US$1 trilhão, e ainda buscam mais trilhões. Tampouco aconteceu por necessidade militar. Os EUA mantêm há décadas tropas de combate sem funções em muitos países, incluindo a Coreia do Sul, a Alemanha, o Japão e o Iraque. A liderança militar americana há muito advertia que uma retirada completa e unilateral causaria o colapso do governo afegão.

Providencial reação, mas também autodestruição universal

O que moveu os EUA à saída foi uma obsessão do governo Biden de se retirar a qualquer preço, ainda que isso significasse perder 20 anos de sangue e imenso tesouro, além de causar danos graves e permanentes ao prestígio americano em todo o mundo. Na verdade, foi um ato de suicídio diplomático e militar.

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