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Balanço da safra 2021: “Fique na roça...”

Hélio Brambilla

O Agronegócio vai bem, obrigado. E muito obrigado aos valentes produtores rurais que, apesar de dois anos de pandemia e recessão no mundo inteiro, continuaram agindo sem ouvir aqueles que mandavam ficar em casa.

Ao optarem por “ficar na roça” preparando o solo, plantando, cultivando, colhendo e distribuindo seus produtos, os ruralistas impediram a falta de alimentos, além de segurarem os preços, que poderiam ter atingido patamares incompatíveis com a renda da maioria dos brasileiros.

Onde está a crise do arroz de dois anos atrás? Onde está a crise da carne, tão trombeteada pela mídia? No meu modesto parecer, o Prêmio Nobel deveria ter sido concedido aos agropecuaristas brasileiros, que durante a pandemia não pararam um só instante de trabalhar, permitindo não apenas que a nossa população se mantivesse alimentada, mas cerca de 1.500.000.000 (um bilhão e meio) de pessoas em mais de 200 países!

Uma homenagem igualmente aos nossos bravos caminhoneiros, que apesar de alguns governadores inescrupulosos terem fechado temporariamente os postos de serviço situados às margens das rodovias, tampouco pararam.

Caso emblemático foi o de uma carreta carregada, cujo motorista alimentou-se e tomou banho pela última vez em Uberaba-MG, pois no Estado de São Paulo ele não conseguiu refeições, tendo de comer sanduíches durante os quatro dias em que permaneceu nas estradas paulistas...

Também não poderíamos deixar de apresentar as nossas homenagens aos profissionais de saúde, bem como às corporações militares, aos policiais que garantiram a lei e a ordem. Mas vamos ao nosso balanço da safra agropecuária de 2021.

Ela bateu novo recorde, apesar de uma seca imprevista que muito prejudicou o cultivo em parte do Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Paraná. Neste último estado, a “safrinha” de milho, que deveria ter produzido cerca de 13 milhões de toneladas, produziu apenas seis milhões, obrigando o Paraná a suprir sua demanda de milho com a produção de outros estados. A falta deste produto não somente aumentou seu preço, como refletiu nas carnes de aves e suínos.

O Brasil produziu mais de 260 milhões de toneladas de grãos e, se Deus nos ajudar com o bom tempo, a safra de 2022 deverá saltar para 290 milhões de toneladas.

Quanto às exportações do agro, o Brasil ultrapassou a casa dos 100 bilhões de dólares, tendo o valor bruto de produção (VBP), índice que indica a quantidade produzida dentro das porteiras das propriedades rurais, passado de um trilhão de reais.

Para o leitor menos afeito a essa linguagem, isso significa a criação de uma riqueza antes inexistente. Portanto, alimentação que antes não existia e que passou a encher as nossas despensas. Bem diferente da produção dita cultural de uma novela, de uma música funk que movimenta outros mercados, bem mais subtis...

Verdadeiro paraíso terrestre

Seguindo o ensinamento de nosso Divino Redentor na parábola do semeador, o homem do campo preparou a terra, semeou, cultivou e colheu, em união com os pecuaristas, que cuidaram de seus rebanhos, criaram-nos, propiciaram a geração desses produtos e o giro de trilhões de reais entre a nossa população.

Stephen Kanitz, jornalista e consultor de empresas, afirmou, com base em dados científicos, que, ao somar tudo o que o agronegócio movimenta, direta ou indiretamente, ultrapassa os 50% de toda a riqueza gerada no País. Isto é, o PIB (Produto Interno Bruto).

Tudo então foi, no jargão da aeronáutica, céu de brigadeiro para o agro? Certamente, não! Para se entender a sanha revolucionária dos ataques ao Brasil, capitaneados pelos mandatários da França e da Alemanha, cumpre recordar as invasões dos franceses e holandeses, bem como o reconhecimento das potencialidades do Brasil por autores insuspeitos.

Tomemos, por exemplo, o que deixou consignado em seu livro A viagem ao interior do Brasil o botânico Georg Wilhelm Freyreiss, que aqui esteve no século XIX:

“Talvez nenhum país do mundo dê ao homem tanta facilidade de sustento e conforto quanto o Brasil. Aqui o lavrador laborioso não precisa esperar a metade do ano para colher” (pág. 20). Ele ainda afirmou: “Lembramos que, apesar de tal extensão de terra fértil, haja tanta falta de agri(cultura) e de gente. E isto em um clima que é o melhor do mundo” (p. 32).

Também Johan Nieuhof, oficial do exército holandês a serviço da Companhia das Índias Ocidentais, ao retornar à Holanda, asseverou em seu livro Memorável viagem marítima e terrestre ao Brasil: “O lugar mais abençoado do mundo, um verdadeiro paraíso terrestre” (p. 13).

Um engodo global

Nesse contexto, não é de admirar a cobiça que desperta o quarto maior país em extensão do mundo — o qual já figura como o maior produtor de alimentos — se manifeste em forma de sanha, como se viu nas reuniões do G20 e da Cop-26 em Glasgow, na Escócia.

Esses eventos não foram senão um embuste global, pois os Estados Unidos, China, Índia e Rússia não assumiram compromisso algum quanto à mitigação dos gases poluentes, apesar de representarem quase a totalidade das emissões mundiais.

A Alemanha de Angela Merkel substituiu suas usinas atômicas por usinas de carvão altamente poluentes, uma vez que o gás proveniente da Rússia está ameaçado em decorrência de desentendimentos políticos entre Putin e alguns chefes de governo da União Europeia.

O novo governo alemão, chefiado por Olaf Scholz, aliou-se aos verdes e aos socialistas, e nomeou para ministra das Relações Exteriores a advogada Annalena Baerbock, uma das líderes do partido Verde e crítica sectária do governo brasileiro, sobretudo no que se refere à nossa Amazônia. Nomeou também outro ambientalista, Robert Habeck, para a chefia do Ministério do Clima e da Economia.

A doce França, um país de fábulas pelo seu charme, está invadida por imigrantes. Sua população decresce e sua energia é gerada por uma centena de usinas à la Chernobyl, espalhadas por todo o país.

Comenta-se que o presidente Macron se encontra muito desgastado, razão pela qual vem movendo essa campanha ambientalista contra o Brasil, para tentar ganhar alguns dividendos eleitorais. Soa falso ou apenas meia verdade, pois se trata de um problema ideológico muito mais profundo, que não cabe anali-

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