P.04-05 | EDITORIAL |

Rumamos para a III Guerra?

Aqueceu, e muito, a temperatura no clima de uma guerra que pode se tornar mundial. Vladimir Putin, agindo como um novo czar com poderes absolutos sobre toda a Rússia, ameaçou os países ocidentais dizendo que se intervierem contra a invasão na Ucrânia, sofrerão “consequências que eles nunca viram na História”. Uma ameaça de ataque nuclear? Só Deus sabe!

Com essa declaração e com a traiçoeira e premeditada invasão da Ucrânia pelas tropas russas — fazendo exatamente aquilo que na véspera havia negado que faria —, Putin deixou cair sua máscara. Isso ajudou inúmeras pessoas a perder suas ilusões e a ver claramente a sinistra carranca stalinista do autocrata do Kremlin, com ambições expansionistas próprias a um tirano do império soviético. Para tal, modificou a constituição russa para poder continuar como presidente até 2036...

Frente a esse tenebroso panorama, como reagirá o mundo ocidental, ex-cristão, otimista e decadente? Bem sabemos que se a Rússia tomar inteiramente a Ucrânia e não houver uma reação à altura, logo outras nações poderão também ser invadidas, sobretudo aquelas que antes do desmoronamento do regime comunista em 1991 eram satélites da URSS e jaziam sob a bota dos déspotas comunistas.

Se o Ocidente preferir seguir a política do “ceder para não perder” e ver a ameaça como o avestruz “vê” o perigo, tudo o que está eclodindo no Leste europeu poderá degenerar numa III Guerra Mundial. Em alguns dias? Alguns meses? Alguns anos? Repetimos: só Deus sabe!

Em qualquer caso, todos esses acontecimentos, dentro de um período de pandemia e com calamidades flagelando várias regiões do Brasil e do mundo, parecem sinais da Divina Providência para alertar e preparar seus filhos para os castigos anunciados por Nossa Senhora em Fátima em 1917, devido à grande infidelidade aos preceitos divinos, que são calcados aos pés em nossos dias.

Essas e outras candentes questões — como o confronto ideológico numa guerra entre duas civilizações e a posição que a Igreja e os católicos devem tomar em caso de guerra — são expostas na matéria principal desta edição. Ela foi redigida antes da efetiva e covarde invasão da Ucrânia.

Aconteça o que acontecer, tenhamos confiança e peçamos a proteção da Virgem Santíssima que, como as Sagradas Escrituras A proclamam, é “terrível como um exército em ordem de batalha” (Cant. 6,10). Que Ela livre o Brasil dos males de um eventual governo que pretenda aqui “espalhar os erros da Rússia”...


| PALAVRA DO SACERDOTE |

Com que idade batizar as crianças?

Padre David Francisquini

Pergunta — Recentemente assisti a um bonito batizado de uma menina que deveria ter uns três anos. Durante a Missa que se seguiu fiquei pensando ser muito tempo esperar três anos para se batizar uma criança. Segundo meus pais, fui batizado três dias depois de nascer, pois este era o costume antigo. Como hoje se insiste muito na vacinação das crianças para salvá-las da enfermidade, por que não insistir também em batizá-las o mais cedo possível para lhes assegurar a salvação eterna? Gostaria de uma palavra a respeito desta questão.

Resposta — Nada poderia ilustrar melhor a paganização do mundo moderno do que o contraste apontado pelo missivista. Grande número de pais se preocupa em dar às crianças tudo o que precisam para terem boa saúde, educação e sucesso na vida terrena, mas descuidam daquilo que é necessário para se obter a felicidade eterna, a começar pelo Batismo.

Mesmo nos ambientes católicos há quem preconize que a recepção desse sacramento deve ser retardada até a idade adulta a fim de respeitar a liberdade religiosa da criança. A ex-presidente da Irlanda, Sra. Mary McAlesee (foto), que está fazendo um curso de doutorado em Direito Canônico na Universidade Gregoriana de Roma, chegou a declarar ao jornal The Irish Times, em junho de 2018, que o batismo das crianças viola os direitos humanos:

“Não se pode impor obrigações a pessoas com apenas duas semanas de nascido, e tão pouco dizer a elas depois ‘aqui está o que você contratou, aqui está o que você assinou’, porque na verdade não o fizeram. [...] Vivemos num tempo em que temos direito à liberdade de consciência, liberdade de crença, liberdade de opinião, liberdade de religião e liberdade de mudar de religião. A Igreja Católica ainda terá que abraçar totalmente este pensamento. [...] Deve haver um ponto em que nossos jovens, como adultos que foram batizados na Igreja e criados na fé, tenham a chance de dizer ‘eu valido isso’ ou ‘eu repudio aquilo’”.

Dever dos pais de batizar seus filhos

Já em 1980, a Congregação para a Doutrina da Fé inquietou-se com o fato de que pastores de almas, sob o pretexto de que muitos jovens batizados abandonavam a fé, dissessem que “seria melhor não conferir o Sacramento senão naquela idade em que se tenha tornado possível um compromisso livre”, e que, “entrementes, os pais e os educadores deveriam comportar-se com reserva e abster-se de todas as pressões”. Em resposta a essa inquietação, a Congregação publicou a Instrução Pastoralis Actio sobre o Batismo das Crianças,

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