Luís Dufaur
A catedral de Paris enfrenta outra ofensiva contra sua grandeza e seu prodigioso aspecto sobrenatural que fazem dela um verdadeiro sacrário.
“O que o fogo poupou, a Diocese quer destruir!”.
Atribui-se ao jesuíta, dotado de dons proféticos, Pe. Charles-Auguste-Lazare Nectoux (1698-1773) — último provincial na Aquitânia antes de a Companhia de Jesus ser fechada por insídias maçônicas — uma visão concordante com as mensagens de Fátima e La Salette.
Ela apresenta um processo revolucionário universal contra o qual a Igreja obterá um triunfo jamais visto, dizendo, entre outras coisas: “A destruição de Paris será tão completa que os pais andarão com seus filhos sobre suas ruínas e dirão: ‘Meu filho, havia uma cidade grande aqui, Deus a destruiu por causa de seus crimes’”.
São João Bosco, em sonho consignado por escrito ao Bem-Aventurado Papa Pio IX, em 12-2-1870, prevê a mesma tragédia: “A grande Babilônia que os bons chamam, suspirando, ‘o prostíbulo da Europa’, será privada da cabeça e entregue à desordem. Paris, Paris! O teu ídolo, o Panteão, virará cinzas, [...] cairás nas mãos do estrangeiro, teus inimigos verão de longe teus palácios em chamas, tuas casas transformadas num amontoado de ruínas banhadas pelo sangue de teus filhos que não existem mais”.1
Nossa Senhora em La Salette também advertiu: “As montanhas e a natureza inteira tremerão de espanto, porque as desordens e os crimes dos homens transpassarão a abóbada celeste. Paris será queimada”.2 A vidente Mélanie viu a cidade arruinada num instante de uma forma desconhecida.
O que será então de Notre-Dame de Paris, à qual se pode aplicar a lamentação do profeta Jeremias sobre Jerusalém: “A catedral perfeita, a alegria dos homens”?!3 Cabe aos bons católicos implorar a Deus que a poupe dos castigos que poderão advir, pois a Revolução sempre tentou arrasá-la, mas a Providência Divina não o permitiu em atenção aos bons.
Hoje, mais de 100 personalidades da cultura francesa, inclusive ateias ou não católicas, se indignam com o projeto da arquidiocese de Paris para desfigurar por dentro a paradigmática catedral. Na revista “La Tribune de l’Art”4 e no jornal “Le Figaro” elas o rotularam de “absurdo”. “Absurdo?” Estas sumidades estão imersas num mundo no qual o absurdo é até premiado. O que viram então para ficar tão chocadas? Só podia ser o horror da autodemolição que devasta a Igreja por dentro.
A restauração de Notre-Dame avança de modo rápido, financiada por doações privadas, reparando o prédio que é do governo desde que foi confiscado iniquamente pela Revolução Francesa (1789). Há um ano, o arcebispo de Paris, Dom Michel Aupetit (foto à esq.), que depois deixou o cargo por ser suspeito de grave escândalo moral, propôs uma insensata reforma de paredes e vitrais, mas ouviu brutal resposta do Estado proprietário.
O arcebispo queria trocar os vitrais por outros que se previam monstruosos para que Notre-Dame “incorpore certa modernidade como lembrança de sua tragédia”. Aventou-se “uma janelona de novo feitio com seis metros de altura, para fornecer luz e atrair turistas e fiéis, acompanhada de uma projeção ‘muito 2020’ de versos das Sagradas Escrituras”.
O Ministério de Cultura respondeu ser “inadmissível”, os vitrais não foram afetados pelo fogo e são patrimônio nacional, “portanto a questão está resolvida”. “O senhor não é o dono de Notre-Dame, mas locatário, e os vitrais de Viollet-le-Duc são monumento histórico. A resposta é não”, revidou o fundador de “La Tribune de L’Art”, Didier Rykner.
O arcebispo progressista encolheu as unhas, mas não por muito tempo, alegando que as igrejas decidem a decoração interior do edifício.
Nos tempos medievais as igrejas requintavam a sacralidade, a arte e a riqueza dos altares, imagens e púlpitos,