| SEMANA SANTA | (continuação)

Gloriosa ascensão de Jesus Cristo ao Céu

* Os subtítulos foram inseridos pela redação de Catolicismo. Todos os olhos, fixos n’Ele, contemplavam o seu rosto radiante, a sua fisionomia toda celestial e o seu olhar cheio de bondade e ternura que percorria os observadores como para dirigir a cada um o derradeiro adeus.

Tinha Jesus concluído a sua missão na Terra. Tendo descido do Céu para pregar o Reino de Deus, resgatar a humanidade decaída e fundar a nova sociedade dos filhos de Deus, só Lhe restava transformar os continuadores da sua obra noutros tantos Cristos, dotando-os com aquele Espírito divino que falava pela sua boca e operava pelas suas mãos. Mas, como anunciara muitas vezes, não havia de enviar-lhes o Espírito Santo senão depois de voltar para junto do seu Pai e após a sua glorificação nos Céus.

Depois de um mês passado com os seus apóstolos em celestiais conversas, mandou-lhes Jesus que voltassem para Jerusalém e que O esperassem no cenáculo, onde se juntaria a eles. Puseram-se, pois, a caminho, alegres, com as caravanas que se dirigiam já para a Cidade Santa, a fim de se prepararem para as festas do Pentecostes. Ia com eles Maria, a Mãe de Jesus, rodeada das Santas Mulheres que nunca a abandonavam e de certo número de discípulos privilegiados. Estavam ainda receosos do ódio dos fariseus deicidas, mas o divino Ressuscitado estaria com eles e saberia defendê-los contra os seus inimigos.

Se os convocava para Jerusalém, era sem dúvida a fim de os fazer testemunhas de algum novo triunfo. Quem sabe — diziam eles — irá enfim restaurar o Reino de Israel? Apesar de todas as instruções do seu Mestre sobre o Reino de Deus, permanecia arraigado no seu espírito o preconceito nacional acerca do reino temporal do Messias.

Missão dos apóstolos revestidos da divina armadura*

Aos 40 dias depois da Ressurreição, estavam reunidos no Cenáculo, quando Jesus apareceu no meio deles e se sentou familiarmente à mesa. Falou, como sempre, do Reino de Deus que os apóstolos iam estabelecer na Terra. Durante os três anos que passara com eles, tinha-lhes revelado o seu Evangelho, confiado os seus divinos Sacramentos e designado o chefe soberano que devia dirigi-los. A eles pertencia agora pregar a todos a Ressurreição do Mestre, como prova da sua Divindade e da Religião Santa que o Pai intimava pelo seu Filho a todos os habitantes da Terra.

A empresa seria rude, tanto mais que os poderes deste mundo não poupariam os discípulos mais do que pouparam o Mestre. Mas Jesus não abandonaria os seus enviados. Enviar-lhes-ia o Espírito do Alto que os encheria de luz e penetraria com a sua força. Mandou-lhes, pois, que não saíssem de Jerusalém mas que ali esperassem aquele Espírito que os revestiria com a divina armadura. Começaria, nesse momento, a missão deles — a pregação da penitência para remissão dos pecados — e, em Jerusalém, onde iam receber o batismo de fogo é que deviam inaugurar o seu ministério.

Missão apostólica: expandir o cristianismo por toda a Terra

Animados com estas recomendações e promessas, imaginaram os apóstolos que, com a vinda do Espírito Santo, ia começar o reino visível do Messias. “Senhor — perguntaram eles — é agora que ides restaurar o Reino de Israel?”. Jesus não respondeu a esta pergunta e deixou ao Espírito Santo o cuidado de espiritualizar aquelas almas terrenas. Mas repetiu-lhes o que já lhes dissera sobre o seu Reino definitivo. “Não vos pertence a vós conhecer os tempos e momentos que o Pai determinou em virtude do seu poder soberano”. E, com respeito à missão deles, acrescentou: “Vai descer sobre as vossas almas o Espírito Santo e, então, sereis minhas testemunhas em Jerusalém e depois em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da Terra” (Act. 1, 6-8).

Depois da refeição levou-os Jesus para os lados de Betânia, já fora da cidade. 120 pessoas acompanhavam o divino Triunfador. O cortejo seguiu pelo vale de Josafá. Jesus avançava majestosamente no meio dos seus. Os apóstolos, os discípulos e as Santas Mulheres em grupo com Nossa Senhora, seguiam-no com santa alegria mas tristes ao pensar que o bom Mestre os ia deixar. Atravessou Jesus a torrente do Cedron, onde os seus inimigos Lhe haviam dado a beber água lodosa.

Depois, deixando à esquerda o horto de Getsêmani, teatro da sua mortal agonia, subiu pelo Monte das Oliveiras. Tendo chegado ao cimo, lançou um derradeiro olhar àquela pátria terrestre, onde tinha passado 33 anos, desde o seu nascimento no estábulo de Belém até à sua morte sobre a Cruz do Gólgota. Tendo vindo ao meio dos seus, os seus não O tinham recebido, mas aproximava-se a hora em que o gênero humano, vivificado pelo seu Sangue, ia adorá-Lo como a seu Pai e a seu Deus.

Para além do Mediterrâneo, o seu olhar abraçava aquele Ocidente onde os seus apóstolos levariam em

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