como Texas, Oklahoma e Louisiana proibiram completamente o aborto, enquanto estados esquerdistas como Califórnia e Nova York se transformaram em “santuários do aborto”. Ao mesmo tempo, cinco plebiscitos estaduais para restringir ou expandir o acesso ao aborto foram vencidos pelo lado pró-aborto por larga margem, ilustrando a profunda divisão no país sobre o assunto.
A causa pró-vida nos Estados Unidos teve a maior vitória em cinquenta anos, quando a Suprema Corte anulou a sentença abortista Roe v. Wade de 1973.
Com um presidente católico pró-aborto, a questão da Santa Comunhão para os políticos pró-aborto tornou-se ainda mais candente este ano. O arcebispo Salvatore Cordileone, de São Francisco, cidade natal da presidente da Câmara, Nancy Pelosi, anunciou que ela não poderia mais se apresentar para a Comunhão em sua diocese. Em resposta, o Cardeal Wilton Gregory, arcebispo de Washington, DC, anunciou que nunca negaria a Comunhão a ninguém em sua arquidiocese.
Em junho, Nancy Pelosi viajou para Roma, onde recebeu a Santa Comunhão em uma missa no Vaticano na presença do Papa — uma clara demonstração de apoio ao “católico” pró-aborto. No consistório de agosto, Francisco elevou ao cardinalato o bispo Robert McElroy, de San Diego, Califórnia — talvez o principal clérigo da esquerda católica e o maior oponente de negar a Comunhão aos “católicos” pró-aborto.
Em novembro, os Estados Unidos tiveram suas eleições intermediárias para a Câmara dos Representantes e o Senado. Embora os republicanos fossem os favoritos para ganhar a grande maioria dos votos, eles venceram por uma pequena margem de votos, obtendo apenas três cadeiras e até perdendo uma cadeira no Senado. As razões para isso incluem candidatos fracos e incapazes de dar uma mensagem positiva além das acusações de fraude eleitoral nas eleições de 2020. No entanto, uma razão importante é que o país está profundamente dividido por dois blocos igualmente motivados, um conservador e outro de esquerda, que estão polarizados como nunca antes.
A França realizou sua eleição presidencial em abril. No primeiro turno, o presidente de centro Emmanuel Macron obteve a maioria dos votos, mas perdeu espaço para partidos populistas de direita e esquerda em relação a 2017. No segundo turno, ele concorreu contra a populista de direita Marine Le Pen, quando obteve 58,5% contra 41,5% dela, a mais alta pontuação de todos os tempos para um candidato de direita. A eleição representou um descontentamento com o establishment político francês e um medo crescente em relação à imigração islâmica e a desintegração cultural.
A Itália também realizou uma eleição na qual a conservadora e anti-imigração Giorgia Meloni e seu partido, Irmãos da Itália, obtiveram uma grande maioria de votos, tornando-a primeira-ministra. Ela foi eleita pela mesma onda de descontentamento que varreu a Itália contra a imigração em massa de muçulmanos e contra o establishment político.
O Reino Unido sofreu uma crise quando o primeiro-ministro Boris Johnson foi forçado a renunciar em 7 de julho devido a escândalos. Sua sucessora, Liz Truss, lançou um programa de reforma econômica altamente impopular, levando-a à renúncia apenas 49 dias depois, tornando seu mandato o mais curto da história britânica. Ela foi sucedida pelo parlamentar conservador centrista e pouco inspirador Rishi Sunak. No mínimo, a crise revelou um grande descontentamento político no Reino Unido, semelhante ao do resto da Europa e do mundo.
Mas talvez o evento mais simbólico do ano na Europa tenha sido o funeral da rainha Elizabeth II. Sua morte ocasionou uma manifestação de pesar não apenas no Reino Unido, mas em todo o mundo. Mais de 250.000 pessoas esperaram por até 13 horas na “fila” para a última homenagem em Westminster Hall. Sua morte foi o fim de uma era, mas também uma ocasião de nostalgia por um mundo desejoso de tradição, honra e estabilidade, qualidades que faltam muito em nossos dias.
Este ano de 2022 pode ser caracterizado por um caos imenso e universal. As instituições estão desmoronando, a confiança está desaparecendo e a família está entrando em colapso. A política encontra-se polarizada e completamente disfuncional. O caos doutrinário tomou conta da Igreja Católica. O caos também entrou nas mentes dos homens, como visto na disseminação da Teoria de Gênero e na “guerra” entre masculino e feminino. Juntamente com o caos, este ano assistiu a um aumento da violência.
A Guerra na Ucrânia é o conflito mais sangrento na Europa desde a Segunda Guerra Mundial e não mostra sinais de terminar tão cedo. Protestos maciços eclodiram em todo o mundo, na China, Irã, Brasil e muitos outros países. A criminalidade explodiu em todo o Ocidente. Há também um aumento da violência institucional dentro da Igreja Católica, à medida em que os progressistas, sob os olhos complacentes do Papa Francisco, travam uma guerra contra os tradicionalistas e a moralidade ensinada pela Igreja Católica de sempre.
Com o caos e a violência veio um imenso sofrimento. Seja físico, econômico ou moral, ele não poupa ninguém. Com este sofrimento veio a tentação do desespero, como se vê no forte aumento do consumo de drogas e das mortes por suicídio.
No entanto, ao mesmo tempo, há lampejos de esperança. O número de conversões à fé católica, embora pequeno, vem aumentando. Muitos não católicos estão entrando na Igreja e muitos católicos, então distantes da Religião, estão voltando para casa paterna. Mas talvez o mais interessante seja que um número maior de convertidos esteja adotando um autêntico catolicismo “reacionário”. Muitos desses convertidos estão aderindo diretamente à Missa latina tradicional.
Eles estão questionando o paradigma liberal e socialista do mundo moderno e procurando as causas mais profundas da crise. Cada vez mais estão abertos à monarquia e ao Reinado Social de Jesus Cristo como resposta à nossa civilização moribunda. Há um pequeno, mas crescente interesse pela tradição, pela ortodoxia católica e pelas ideias contra-revolucionárias em geral, especialmente entre os jovens. Em um mundo de relativismo absoluto, materialismo superficial e degeneração moral, os jovens buscam regras, certezas, hierarquia, lei moral e infalibilidade, tudo o que pode ser encontrado na Igreja Católica. E mais pessoas do que nunca, católicas e não católicas, veem a crise em termos religiosos.
Em suma, os acontecimentos de 2022 tornam a mensagem de Nossa Senhora de Fátima mais relevante do que nunca. Suas advertências sobre os “erros da Rússia” e suas previsões sobre “guerras e perseguições à Igreja” estão se cumprindo diante de nossos olhos. É impossível negar que a humanidade vive hoje uma das piores crises da história.
Mas é sempre na pior das crises que Deus concede as maiores graças. Nossa Senhora de Fátima apareceu no auge da Primeira Guerra Mundial, quando a humanidade parecia estar à beira da auto-aniquilação.